Plenário

Câmara apoia a construção de escola sustentável na Vila São Judas Tadeu

Representantes da comunidade e vereadores debateram o tema no período de Comunicações.

  • Apresentação do Projeto da Escola de Educação Infantil Comunitária, da Vila São Judas Tadeu. Na foto: atual responsável pela escola infantil, Sr. Roberto Oliveira na tribuna do plenário.
    Roberto Oliveira é o responsável pela implantação da escola (Foto: Matheus Piccini/CMPA)
  • Apresentação do Projeto da Escola de Educação Infantil Comunitária, da Vila São Judas Tadeu. Na foto: Arquiteta e Urbanista, Gabriela Giácobbo Moschetta na tribuna do plenário.
    Gabriela Moschetta disse que escola foi planejada para uma educação sustentável (Foto: Matheus Piccini/CMPA)

A construção da Escola de Educação Infantil Comunitária Vila São Judas Tadeu foi o assunto debatido no período de Comunicações Temáticas da sessão desta quarta-feira (14/9), na Câmara Municipal de Porto Alegre. O projeto da criação de uma escola sustentável e comunitária foi realizado pela comunidade em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Secretaria Municipal de Educação (Smed).

A vila São Judas Tadeu está localizada entre as avenidas Bento Gonçalves e Ipiranga e fica ao lado da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A comunidade existe há mais de 50 anos, abrigando cerca de 700 famílias, e está passando por um processo de legalização, pois surgiu pela ocupação dos moradores. De acordo com Roberto Oliveira, ex-presidente da Associação da Comunidade e responsável por implantar a Escola, essa é uma demanda antiga, pois não há nenhum espaço coletivo para a integração e, por consequência, as crianças crescem nas ruas. “Tem muita gente que foi parar no presídio central. É um absurdo o que acontece com a nossa comunidade. A Escola é fundamental para o presente e o futuro da vila.”

Oliveira comentou que, desde 2009, conseguiram legalizar o terreno destinado à construção e arrecadar os recursos através do Orçamento Participativo do Município (OP). Em 2011, a associação de moradores procurou a UFRGS para criar um projeto sustentável e participativo. Assim, formou-se um grupo de trabalho com a universidade, os moradores e a Smed para colocar em prática as ideias da comunidade. Em março de 2012, foi entregue à Prefeitura Municipal o esboço final da escola com a participação de todos os residentes. A arquiteta e urbanista Gabriela Giácobbo Moschetta, que auxiliou no processo, conta que cada detalhe foi planejado para oferecer uma educação simples e sustentável. “Temos placas fotovoltaicas para captar a energia solar, ventilação natural com técnicas de ventilagem cruzada e efeito chaminé, salas de aula com o melhor posicionamento solar para os alunos e professores, espaço externo com vegetação e uma horta comunitária no segundo andar do prédio para melhorar a qualidade de vida das crianças e da comunidade.”

Entretanto, mesmo com os recursos disponíveis no OP e com o projeto no Executivo municipal há mais de 4 anos, a Escola ainda não saiu do papel. Roberto Oliveira afirma que o custo para esta construção é menor, se comparado com o de uma escola tradicional nos moldes existentes. “Por causa da burocracia, a prefeitura está deixando de fazer um projeto que poderia ser referência no Brasil inteiro.” Para o morador, o problema da violência surge pela falta de escolas e de educação para as crianças. “Vidas estão se perdendo na comunidade, e não adianta depois mandar a polícia lá porque a vila é perigosa. Quem é violenta neste caso: a prefeitura ou a comunidade?”, questionou Oliveira.

Vereadores

Elogiando o esforço dos alunos da UFRGS e da comunidade, "que é guerreira, organizada e luta para ter um posto de saúde e um espaço para as crianças”, a vereadora Sofia Cavedon (PT) disse que o projeto da escola foi feito de uma maneira diferenciada para criar consciência, pertencimento e evolução ecológica na comunidade. “É possível e necessário criar o colégio. A Smed precisa priorizar a sua construção e não deixar que a burocracia impeça que seja criada uma escola que será para além dos muros.” O colega de partido, Adeli Sell, observou que é algo generoso, do ponto de vista da sustentabilidade e da solidariedade humana. “Este projeto é uma solução positiva, e a comunidade merece esse e mais todos os outros benefícios sociais”, disse o petista.

O líder do governo, Reginaldo Pujol (DEM), convidou os representantes da comunidade para uma reunião na Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara. “A decisão foi lançada em um terreno fértil, e precisamos aprofundá-la”, alegou, comprometendo-se ainda a levar o tema à administração municipal. Na sequência, o vereador Professor Alex Fraga (PSOL) parabenizou a iniciativa e a proposta apresentada. “É um projeto arquitetônico primoroso que, se colocado em prática, garantirá qualidade à educação das crianças”, frisou, criticando a “falta de sensibilidade” da prefeitura.

Dr. Goulart (PTB) elogiou o sistema sustentável apresentado no projeto. “É um grande avanço, pois cada vez mais se fala em sustentabilidade, principalmente na geração de energia”, declarou, lamentando o desinteresse do poder público sobre o tema. Na mesma linha, Fernanda Melchionna (PSOL) defendeu a “formação de novas consciências para o planeta” e criticou a demora para o projeto sair do papel. “Desde 2009 acontecem as tratativas e, por irresponsabilidade do governo, ainda estamos vendo este ‘jogo de empurra’ entre os órgãos do município”, disse.

A vereadora Jussara Cony (PCdoB) relacionou o projeto à educação libertadora. "Nós temos um debate sério, na sociedade, sobre a educação com ou sem mordaça. Para mim, a educação tem que ser libertadora. A educação libertadora pressupõe, primeiramente, a participação popular, e um instrumento importante como o Orçamento Participativo tem uma participação estratégica." Cony afirmou também que a comunidade da vila São Judas Tadeu sempre foi de muita luta, "uma comunidade de muita participação popular".

Texto: Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
           Paulo Egidio (estagiário de Jornalismo)
           Guilherme Sampaio (reg. prof. 18405)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)