Plenário

Câmara debate a situação do Grupamento de Busca e Salvamento

Corporação pode ficar sem sede devido às reformas no Cais Mauá.

A relevância dos serviços que o corpo de bombeiros tem prestado à cidade, especialmente no espaço físico onde se encontra (armazém 7 do Cais do Porto). Na foto: Major do Corpo de Bombeiros Gilson Vargas de Oliveira Alves e o presidente desta sessão, vereador Guilherme Socias Villela
Major Gilson Alves (e) explicou que grupo faz buscas, salvamentos e resgates (Foto: Matheus Piccini/CMPA)

A situação do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre foi o tema do período de Comunicações, na sessão ordinária desta quarta-feira (16/11), na Câmara Municipal. Representando a equipe, o major Gilson Wagner de Oliveira Alves falou em “defesa de um patrimônio de Porto Alegre”, que funciona no Cais Mauá e pode ficar sem local para se instalar com a reforma do Cais.

De acordo com as informações do major, o Corpo de Bombeiros possui dez quartéis na cidade, atendendo cerca de 6 mil ocorrências por ano. Destas, 900 foram atendidas pelo seu Grupo de Busca, que acolhe todas as emergências ocorridas no rio Guaíba e no centro da Capital. Ele conta que a companhia não é um grupo de bombeiros que apaga fogo, mas que se direciona à busca, ao salvamento e ao resgate de pessoas e animais. “Salvamos 94 vidas de forma direta” no último ano.

Na licitação do plano de restauração do Cais Mauá está evidenciado, segundo ele, que a empresa responsável pelas obras deverá realocar o Grupo do Corpo de Bombeiros. Entretanto, como comentou o major, “ainda não há respostas concretas”. E, se a situação não for resolvida, “em breve o Centro Histórico não possuirá mais um Corpo de Bombeiros para atender diretamente as ocorrências”.

O major Gilson declarou ainda que a preocupação da corporação com o espaço no cais é, principalmente, por causa da boa localização, no Centro Histórico, que é fundamental na hora de salvar vidas.

Vereadores

“É delicada a situação dos bombeiros no centro da cidade. São eles que dão toda a resposta operacional para as mais diversas situações de emergência”, disse Sofia Cavedon (PT). A vereadora relembrou que, na semana passada, foi aprovado o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) da reforma do Cais Mauá pelo Plano Diretor da cidade. “Como podemos aprovar um EVU que sequer aponta e define a nova área para o Corpo de Bombeiros? Nós, como Casa do Povo, precisamos defender o Grupamento”, afirmou. Sofia focou seu tempo de Liderança no tema da revitalização do Cais: “Raul Pont, quando prefeito, tentou fazer uma concessão do Cais Mauá, mas a negociação acabou ficando nas mãos do Estado. Quando Tarso Genro foi governador, ele se esforçou para resolver todos os problemas relacionados”, declarou Sofia, que completou dizendo que o Cais ainda está em licenciamento. Outro problema que a vereadora destacou foi o das enchentes no Cais do Porto. “Segundo um documento, aquela área não está protegida contra cheias. Isso é um absurdo”, disse Sofia.

Engenheiro Comassetto (PT) comentou que as pessoas só lembram do Corpo de Bombeiros quando precisam. “Na calmaria parece que ele não existe.” O vereador disse ainda que o pedido de ajuda do Grupamento ocorre em um momento em que o tema da segurança pública é muito discutido e mencionado. Adeli Sell (PT) falou que todo o percurso da Avenida Mauá é um “patrimônio histórico incrível” e que a licitação não trouxe nenhuma solução para o Cais. “Se o Grupamento não for realocado e tiver um incêndio, quem irá nos salvar? ”, questionou. Ele acredita que, para evitar que a guarnição seja "enxotada", é preciso se rebelar e gritar. “É a única solução que eu vejo para sermos escutados. O Corpo de Bombeiros tem que ter lugar nesta vasta Porto Alegre”, encerrou.

O vereador Bernardino Vendruscolo (PROS) afirmou que o Corpo de Bombeiros “é uma das instituições com melhor conceito em nossa sociedade” e comentou sobre o projeto de revitalização do Cais do Porto, que passou por discussão na Câmara Municipal. “Foi tratado, sim, na discussão do projeto, o tema da manutenção do espaço dos Bombeiros no Cais Mauá. Mas o cais está do jeito que está há muitas décadas. Todos nós queremos melhorias, nenhum governo conseguiu fazer isso. Então, quero me somar a todas essas questões de apoio”, declarou Vendruscolo. Por fim, o vereador questionou o major Gilson sobre os perigos que prédios inacabados trazem à cidade e sobre a quantidade de equipamentos do Corpo de Bombeiros em condições de uso.


Texto: Ananda Zambi (estagiária de Jornalismo)
           Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)