Literatura

Câmara deve participar do centenário da morte de Simões Lopes Neto

O autor de Contos Gauchescos e Lendas do Sul morreu em 1916 em Pelotas

  • Reunião com Secretaria Municipal de Cultura
    Memorial recebeu servidores da Secretaria Municipal de Cultura (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)
  • O escritor Simões Lopes Neto (1865-1916)
    Simões Lopes Neto (1865-1916)

A Câmara Municipal de Porto Alegre deverá participar das comemorações do centenário de morte de João Simões Lopes Neto na Capital. Nesta semana, o Memorial da Casa recebeu a visita de funcionários da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) para tratar do assunto. O objetivo foi discutir a elaboração de um projeto básico a ser encaminhado ao presidente da Câmara, vereador Cassio Trogildo (PTB), solicitando a participação do Legislativo nas atividades do centenário do escritor pelotense. O projeto incluirá a formulação de um Termo de Convênio e previsão de atividades na Câmara.

Estiveram no Memorial a gerente de projetos, Andrea Back; a chefe do gabinete do secretário da SMC, Ana Lampert; a  coordenadora do Conselho Municipal do Livro e da Leitura, Renata Borges; e o técnico em Assuntos Culturais da Coordenação de Artes Plásticas, Pedro Rubens Vargas. Eles apresentaram a programação prevista, que inclui atividades como espetáculos teatrais, reedições de obras e mostra de filmes. Foram feitas sugestões de ações para a participação do Legislativo, como palestras nas escolas, dentro do projeto Câmara vai à Escola, do Memorial, e a criação de uma mostra itinerante sobre a obra de Simões Lopes Neto, a ser lançada na Semana Farroupilha, em setembro.

As atividades serão definidas até o final deste mês, e a elaboração do projeto básico incluirá, além da assinatura de um Termo de Convênio, uma programação cultural própria e em parceria com o Executivo dentro dos serviços já oferecidos pelo projeto Educação para Cidadania, do Memorial. “Simões Lopes Neto é um dos escritores fundamentais da literatura gaúcha, e a ação educativa do parlamento, entre outros objetivos, visa à formação cidadã, baseada nos valores da cultura”, afirmou o pesquisador Jorge Barcellos, chefe da ação educativa do Memorial.

O escritor

Nascido na Estância da Graça, em Pelotas (RS), em 9 de março de 1865, o escritor João Simões Lopes Neto é considerado o maior autor regionalista do Rio Grande do Sul, pois, em suas obras, procurou valorizar a história do gaúcho e suas tradições. Seus escritos mais conhecidos são Contos Gauchescos, Lendas do Sul e Casos do Romualdo

Aos 13 anos, Simões Lopes Neto mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar no Colégio Abílio e depois cursar Medicina, mas teve de abandonar a faculdade por estar doente. Retornou a Pelotas, cidade então rica e próspera, onde funcionavam mais de 50 charqueadas. Investiu em uma fábrica de vidros e uma destilaria, mas os negócios fracassaram. Também teve fábricas de fumos e cigarros, de torrar e moer café e ainda uma mineradora de prata em Santa Catarina.

Em maio de 1892, aos 27 anos, casou-se com Francisca de Paula Meireles Leite, mas não tiveram filhos. Em 1893, sob o pseudônimo de Serafim Bemol, lançou o folhetim A Mandinga, poema em prosa. Também foi colaborador do jornal Diário Popular, redator de A Opinião Pública (com o pseudônimo João do Sul) e editor do Correio Mercantil. Escreveu diversas peças teatrais, dentre elas O Boato (1894), Mixórdia (1894) e Viúva Pitorra (1898).

Contos Gauchescos foi publicado pela primeira vez em 1912, notabilizando o autor como um dos maiores escritores gaúchos. Em 1949, a Editora Globo lançou uma edição crítica da mesma obra (organizada por Augusto Meyer), consolidando sua importância. Escrito em 1914, o livro Casos do Romualdo foi publicado somente em 1952. Lendas do Sul  data de 1913, e Cancioneiro Guasca, de 1910. Simões Lopes Neto morreu empobrecido em Pelotas, em 14 de junho de 1916, com apenas 51 anos, em decorrência de uma úlcera perfurada.

Texto e edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)