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CECE debate contratualizações de equipamentos da Secretaria de Cultura

  • Contratualizações de equipamentos públicos no âmbito da Secretaria Municipal da Cultura.
    Comissão ouviu representantes da cultura e da Prefeitura na tarde desta terça (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Contratualizações de equipamentos públicos no âmbito da Secretaria Municipal da Cultura.
    Frequentadores do Capitólio e pessoas ligadas à cultura acompanharam a reunião (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A preocupação com as contratualizações de equipamentos públicos no âmbito da Secretaria Municipal da Cultura, especialmente com relação ao Capitólio, levou a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre a se reunir na tarde desta terça-feira (3/9). Beth Tomazi, aposentada da pasta, sugeriu a pauta para a assessoria da comissão, na busca de esclarecimentos de como ocorrerão os processos. “Tudo parece estar sendo feito a sete chaves. Pergunto-me, por que não investir em equipes para trabalhar nesses equipamentos para que funcionem como devem funcionar. A PMPA tem um levantamento de quais organizações podem assumir equipamentos desse porte? O que de fato a administração pública economiza com esse formato?”, questionou.

Leticia Fagundes, representante do Conselho Municipal de Cultura, trouxe a questão sobre o que será feito com os acervos e onde serão alocados os funcionários. Já Ana Azevedo, presidente do Conselho Cinemateca, afirmou que o local abriga toda a memória audiovisual de Porto Alegre. “Se é um modelo que funciona, por que alterar? Esse projeto pode provocar uma precarização do serviço público”, disse ressaltando que as mudanças tendem a ocorrer no fim de um governo. “Esse processo é longo e contratos muitas vezes não são cumpridos”, finalizou.

Dirigente da Associação dos Amigos do Cinema Capitólio, Luiz Grassi ressaltou que o Capitólio representa muito para o bairro. “O capitólio tem um acervo bem cuidado e bem usado. Em 2015, com sua reativação encontramos uma equipe dedicada”, disse, salientando sua preocupação com a qualidade pelo aproveitamento desse equipamento. “O que nos garante que uma outra entidade vai continuar a fazer isso? O estado tem que ser capaz de exercer suas funções”, exclamou.

De acordo com Valeria Bertoti, professora da UFRGS, a PMPA tem responsabilidade sobre esse material público. “Como fica esse acervo? Precisamos ter acesso ao cronograma para entendemos a argumentação do Executivo”, ponderou. Representando o Sindicato dos Artistas, Fabio Cunha, afirmou que serão 14 setores atingidos. “Qual a função do poder público na cultura? Estão lavando as mãos. Para terem uma ideia, a diária do Araújo Viana é de R$ 22 mil, que acaba refletindo em um ingresso muito caro. Para nós, o que está acontecendo é a morte da cultura na capital”, lamentou. 

Representando cerca de 300 artistas plásticos, Lisiane Rabelo, presidente da Associação Chico Lisboa, pediu transparência no processo. “Fundamentalmente qual a necessidade dessa contratualização? De onde vem essa verba que não existia quando esse espaço era público? E como ficam os servidores que trabalham nesses órgãos? Sei de casos de pessoas que trabalhavam com som e arte e foram parar na área de segurança”, afirmou. 

Executivo

O secretário de Cultura, Luciano Alabarse, salientou que as contratualizações de equipamentos públicos na cultura são resultado da aplicação da Lei Federal 13019. “Não é uma invenção do governo Marchezan, a lei completou 5 anos e é um marco regulatório para estabelecer as relações entre poder público e instituições, foi assinada pela presidente Dilma, estabelecida e estudada naquele período, sendo implementada no país desde 2014”, explicou.

Alabarse disse que convênios estão sendo normatizados por essa lei. “É preciso compreender que tudo no poder público é 40% mais caro. É muito difícil trabalhar com todas as legislações que o poder público exige. Às vezes, perco cinco meses par assinar um convênio. Essas mudanças trarão agilidade”, declarou enfatizando sua disposição de sempre ouvir os pontos de vista. “Porto Alegre é uma cidade polêmica. Há 30 anos se estabeleceu o Orçamento Participativo e isso não foi nada pacífico. Hoje, depois da láurea internacional e todos os questionamentos iniciais, a história provou ser o melhor”, exemplificou.

Sobre o Araújo Viana, o secretário afirmou que a prefeitura recebeu cem diárias anuais. “Grupos locais recebem diárias. Essa taxa nunca foi pedida aos grupos locais. Qualquer espaço tem um preço e teatro é algo muito caro. Isenção de taxas é paternalismo”, disse destacando que está cumprindo a lei. Alabarse afirmou ainda que a secretaria luta pela renovação do contrato com a Petrobras que beneficia o Capitólio e prometeu chamar os representantes do setor para ouvi-los antes do lançamento do edital do espaço. “Melhorar a prestação de serviços: esse é nosso o norte”, concluiu.

Patrícia Oliveira, representante da Secretaria de Parcerias Estratégicas, ressaltou que os gastos dos equipamentos são analisados e definem o que pode ser parcerizado ou necessita de obras por licitação. “Esses dados apontam o caminho mais vantajoso de contratação pelo município. Quanto aos acervos, eles entram na parceria, que deve fazer a gestão eficiente. Outro ponto é que dentro do desenho, verificamos se existem organizações capazes gerir os equipamentos”. 

Encaminhamentos

O vereador Engenheiro Comasetto (PT) afirmou que o tema da educação e da cultura está sendo atacado no país, e questionou sobre o porquê de desmontar os equipamentos públicos e entregar para o mercado. Já a vereadora Karen Santos (Psol) disse que a implementação da lei acaba por defasar os serviços públicos. Como encaminhamento, o vereador Alex Fraga (Psol) solicitou que a Secretaria municipal de Cultura divulgue os estudos na medida de sua conclusão. “Também pedimos para que quando houver a minuta do edital, possamos discutir no âmbito da comissão. Além disso precisamos ter acesso aos cronogramas da prefeitura, inclusive para auxiliarmos na publicização’, finalizou.

Texto

Lisie Bastos Venegas (reg. prof. 13688)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)