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Cece discute permanência do Lar Fabiano na Glória

Norma explicou as razões para saída Foto: Eduarda Amorim
Norma explicou as razões para saída Foto: Eduarda Amorim

Continuar o trabalho de educação infantil desenvolvido há 41 anos junto a comunidade do bairro Glória e arredores é o pedido de vereadores, Executivo e moradores ao Lar Fabiano de Cristo, que anunciou que a instituição deslocará este trabalho social para outra região da cidade. O assunto foi pauta da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) na tarde desta terça-feira (5/10). O encontro foi solicitado pela vereadora Sofia Cavedon (PT) e presidido por Juliana Brizola (PDT) e contou também com Tarciso Flecha Negra (PDT).  
 
De acordo com Leonice de Deus, integrante do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), ela foi procurada por um grupo de mães preocupado com os diferentes programas que lá existem, como educação infantil e acompanhamento familiar, por exemplo. “É uma instituição que atende do recém nascido até as pessoas com mais de 80 anos”, informou. Ela lamentou que esteja previsto que em 21 de dezembro, após mais de 40 anos de atividades, o atendimento na região seja encerrado. “Nenhum poder, municipal, estadual ou federal se furtará de encontrar uma solução para estes problemas. Mas qual contrapartida que a instituição nos dá por tantos investimentos que foram feitos ao longo de 41 anos?”, questionou a conselheira.
 
Norma Carvalho, supervisora regional do Lar Fabiano de Cristo, colocou que a instituição tem representação nacional e existem unidades na região Sul, e que na Capital opera há 41 anos. Disse, também, que não é objetivo do Lar encerrar as atividades, mas atender comunidades de extrema pobreza. “Vimos os avanços e conquistas da comunidade (do bairro Glória) em que o Lar está inserido”, disse ao justificar a troca de local. Ela ressaltou que é importante a instituição permanecer aonde não há investimentos públicos.

“A decisão é irreversível por decisão do Conselho do Lar Fabiano. Foi determinada a transferência das atividades do bairro Glória para uma outra região em Porto Alegre. Inicialmente com a educação infantil, mas com possibilidade de ampliação de programas”, informou. Segundo Norma, a Glória avançou muito, mas ressaltou que a comunidade precisa absorver outros investimentos públicos. “Agora o Lar deve atender onde faltam recursos públicos. O que moveu a diretora em trocar de local foi a busca por uma comunidade de extrema pobreza”, revelou.

Para Cézar Busatto, titular da Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local, o trabalho da instituição é exemplar, e a avaliação do governo tem sido de reconhecer isso. Ele ressaltou que a prefeitura as decisões do Lar Fabiano, mas que preocupa a situação das crianças hoje atendidas na região da Glória. “Temos que preparar nossas redes de proteção e o remanejamento de atendimentos a jovens e idosos”, avaliou. Busatto disse que a prefeitura de Porto Alegre está à disposição para qualquer possibilidade para que o Lar possa reconsiderar sua decisão. “Gostaríamos de ver alguma forma para contornar esta situação. Não nos cabe impedir, mas como se tratam de questões que envolvem vidas e famílias, nos atrevemos de colocar à mesa a possibilidade de entendimento e negociação”, finalizou.
 
Também estiveram presentes e expuseram os problemas com a migração do Lar Fabiano para outra região representantes da Fundação de Assitência Social e Cidadania (Fasc) e Secretaria Municipal de Educação (Smed), responsáveis por convênios com o Lar Fabiano de Cristo.

Apelos

Além do apelo do Executivo e da comunidade para a permanência do Lar na região da Glória, a vereadora Juliana Brizola lamentou o ocorrido por ser uma situação que envolve crianças. Segundo ela, a Cece pedirá à direção da instituição que repense a decisão de sair do bairro. “Por melhor que seja o trabalho da instituição, ele não pode ser desmantelado, por mais que seja transferido para uma outra região”. Juliana questionou como serão atendidas estas crianças numa época de importante prevenção do crack, por exemplo. “Que a coordenadora leve este apelo. Quem perde não é a comunidade, mas a cidade no geral, por se refletir em toda a cidade. Não é justo com aquela comunidade”, salientou.

Sofia Cavedon disse que a Cece marcará uma reunião com a direção nacional do Lar Fabiano, junto com uma comissão que integre também o Executivo, o Legislativo e a comunidade. “Existem muitos convênios de educação infantil. A cidade precisa discutir esta instituição para poder ampliar o atendimento às demandas da comunidade”, disse.
 
Norma Carvalho disse ficar sensibilizada com os apelos e que repassará para a direção as reivindicações dos organismos, mas não quis deixar nenhuma expectativa quanto à decisão que já está tomada. “Entendemos o quadro, mas evidentemente podemos pensar em alguma ação”, afirmou. Ela aproveitou para elogiar o governo municipal pela preocupação e atenção às crianças. “Porto Alegre é um exemplo a ser seguido nestas questões administrativas com a criança”.

Leonardo Oliveira (reg. prof. 12552)

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Comunidade pede permanência do Lar Fabiano na Glória