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Cece volta a debater situação dos alunos surdos do CMET Paulo Freire

Alunos surdos não querem trocar de escola Foto: Jonathan Heckler
Alunos surdos não querem trocar de escola Foto: Jonathan Heckler

Os vereadores que compõem a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre deram seguimento à reunião que tratou, na última terça-feira (11/12), sobre a decisão da Secretaria Municipal da Educação (SME) de retirar alunos surdos do projeto político-pedagógico do Centro Municipal de Educação do Trabalhador (CMET) Paulo Freire. De acordo com a SME, 61 alunos que estudam no CMET Paulo Freire seriam transferidos para a Escola Municipal de Ensino Fundamental de Surdos Bilíngue Salomão Watnick no início de 2013.

Ainda de acordo com a secretaria, a intenção é transferir todos os alunos surdos para uma única escola municipal, a Salomão Watnick. Há cerca de um ano, o CMET Paulo Freire está sediado no prédio antes ocupado pelo colégio Santa Rosa de Lima, na Rua Santa Teresinha, Bairro Santana.

O diretor do CMET, Gilberto Maia, disse que a iniciativa da transferência aconteceu por solicitação da SME. “A partir daí os trâmites começaram, inclusive com reuniões com o Conselho Municipal de Educação”, disse Maia.

A diretora pedagógica da SME, Eliane Meleti, reafirmou o que disse no encontro passado. “Em março de 2011, a Salomão Watnick foi reformada e adaptada para classe especial. E, a partir de 27 de fevereiro de 2013, todos os alunos surdos da rede municipal deverão ser atendidos na Salomão, com a mesma qualidade do CMET."

Segundo Eliane, os alunos surdos que quiserem permanecer no CMET Paulo Freire poderão fazê-lo, mas serão matriculados como "aluno incluído" na escola regular. Ela disse ainda que a decisão de transferência não surgiu de uma hora para outra. “As duas escolas manifestaram interesse de ficarem dentro de um espaço apenas. Não foi uma decisão arbitrária da secretaria”, ressaltou, salientando a possibilidade de a decisão ser revista. “Não imaginamos que esta decisão fosse tomar este vulto, pensamos que seria um movimento natural.” 

A presidente do Conselho Municipal de Educação, Regina Scherer, disse que o Conselho Municipal está envolvido com esse processo desde 2010. "O princípio da gestão democrática está estabelecido legalmente e não vamos abrir mão dele. Não podemos analisar um projeto que não tenha sido aprovado pela comunidade escolar."

Leandro da Silva Lopes, estudante do CMET Paulo Freire, criticou a decisão da SME em transferir os alunos. " Fui informado de que eu terei de mudar de escola no ano que vem. Mas a Escola Salomão não é boa, fica mais longe, e o deslocamento de ônibus é mais demorado. Nossa vontade tem de ser respeitada, queremos ficar no prédio atual.”

A vereadora Sofia Cavedon (PT) questionou a decisão da Secretaria em agrupar todos os alunos surdos da rede municipal de ensino em uma mesma escola e observou que a Salomão Watnick está em processo de ampliação, não tendo ainda ensino para jovens e adultos. Ela também considerou a posição da SME antidemocrática. “A secretaria tenta consolidar uma opinião e presta um desserviço aos alunos surdos”, disse a vereadora, enfatizando que  “é extremamente grave o que estamos presenciando, além da indiferença com pais e alunos”.

O vereador Tarciso Flecha Negra (PSD) também participou da reunião. Ele defendeu a necessidade de um debate maior em torno do assunto. “Quem sabe transferimos a discussão para o ano que vem.” 

No final do encontro, por solicitação do presidente da Cece, professor Garcia (PMDB), ficou acertado que será marcada uma reunião com a secretária Cleci Jurach. “As colocações estão contraditórias, portanto vou telefonar para secretaria para dialogarmos e saber se ela aceita a vontade de todos de que se discuta ao longo de 2013 a possibilidade desta mudança”, disse o vereador, enfatizando que “não podemos aceitar uma decisão arbitrária por parte da secretaria”.

Texto: Regina Andrade (reg. prof. 8423)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)