Cuthab

Ex-engenheiro do Dmae aponta soluções para falta de água

Reunião de comissão sobre abastecimento de água e esgotos por parte do DMAE. Na foto, ao microfone, o engenheiro Adinaldo Soares de Fraga
Fraga (d) participou de reunião na Cuthab nesta terça-feira (Foto: Giulia Secco/CMPA)

A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre recebeu na tarde desta terça-feira (12/3) o engenheiro Adinaldo Soares de Fraga para falar sobre a falta de água em Porto Alegre no último verão. Fraga é ex-funcionário do Departamento Municipal de Águas e Esgoto e, segundo ele, traçou um estudo sobre a realidade deste departamento. “Trabalhei por 32 anos no Dmae e me sinto em condições de demonstrar algumas alternativas”, disse ele, ressaltando que saneamento não é um negócio. “É um direito de todos”. 

O engenheiro disse que em 2017 já apontava, através de artigo publicado no Jornal do Comércio, a possibilidade de falta de água na cidade. “Compras de materiais como insumos para tratamento de água ficaram sem contrato”, escreveu ele, dizendo que após seis meses de gestão do prefeito Nelson Marchezan 80 processos, que estavam no comitê financeiro, foram devolvidos para a prefeitura. “Com isso, os materiais e equipamentos para o Programa Verão 20017/2018 não chegaram a tempo para serem instalados e testados”. Falou ainda que apesar do alerta, o governo resolveu ignorar o aviso. 

Fraga falou também sobre a falta de funcionários “Hoje o Dmae tem 2.125 cargos vagos e, com a falta de pessoal, se perde a capacidade de atender as demandas do departamento”, disse ele ressaltando que mesmo após a contratação, é necessário um ano para capacitar o funcionário. Também enfatizou que o tratamento de água em Porto Alegre foi projetado para operar com supervisão humana. “As estações de água necessitam de verificação constante quanto ao funcionamento dos equipamentos e controle do processo”. 

Quanto à situação financeira do Dmae, Fraga demonstrou que existe um superávit de R$ 32 milhões. “Em 2018 foram arrecadados R$ 585,8 milhões e gastos R$ 553,5 milhões”. Ele criticou ainda a prefeitura, que anunciou a aprovação de R$ 259 milhões para realização de obras de abastecimento de água na estação de tratamento da Ponta do Arado, na Zona Sul da cidade, e o programa de redução e controle de perdas nos sistemas de abastecimento, em setembro de 2018. “Até agora, de concreto, não foi feito nada”, criticou Fraga. 

Como parte da solução do problema de abastecimento na Ponta do Arado, que abastece grande parte da Zona Sul, Fraga exemplificou algumas soluções. “Concluir as obras de interligação com o sistema Menino Deus, setorizar o abastecimento da área da Quinta do Portal e Vila Mapa, trabalhar a redução de perdas de água e conclusão das substituições de redes antigas na Restinga”, citou ele, alertando que a prefeitura e o Dmae não devem autorizar novos empreendimentos imobiliários enquanto a nova Estação de Tratamento Ambiental (ETA) Ponta do Arado não seja concluída. 

Como solução para o aumento de produção de água na Zona Sul, sugeriu a instalação de uma estação de tratamento compacta junto à ETA Belém Novo. “Teria um ganho de vazão de aproximadamente 150 litros por segundo”. 

A reunião foi presidida pelo presidente da Cuthab, vereador Humberto Goulart (PTB) que disse que o tema água será debatido exaustivamente por essa comissão. “Água é prevenção, saúde e vida, portanto sempre que chamados a falar sobre esse tema, não nos omitiremos”. Roberto Robaina (PSoL) disse esperar que a Cuthab seja um lugar de defesa dos consumidores. “Já havia um certo desmonte desse departamento, agravado agora na gestão de Nelson Marchezan”. Karen Santos (PSoL) defendeu que a prefeitura tem que dar retorno de um serviço que considera vital. “As pessoas foram empurradas para as periferias da cidade de forma desorganizada, portanto o governo que repare isso”. O vereador Paulinho Motorista (PSB) também participou do encontro. 

Texto: Regina Andrade (reg. prof. 8.423)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)