Cece

Falta de repasses prejudicará escolas de samba e comunidades

  • Comissão discutiu o Carnaval de 2017. Presidente da Liespa (Liga independente das escolas de Porto Alegre, Juarez Gutierres de Souza.
    Souza destacou o trabalho social das escolas (Foto: Carolina Andriola/CMPA)
  • Comissão discutiu o Carnaval de 2017.
    Comissão discutiu o Carnaval de 2017. (Foto: Carolina Andriola/CMPA)

A falta de repasse do poder público para a realização do Carnaval de Porto Alegre de 2017 e a nova forma de organização das escolas de samba foram discutidas na reunião da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta terça-feira (14/2). Com a presença de representantes da Liga Independente das Escolas de Samba (Lies) e da União das Escolas de Samba dos Grupos Intermediários de Acesso (Uecegapa), os vereadores manifestaram a sua opinião sobre o assunto e, principalmente, ouviram as demandas dos convidados. 

No dia 10 de janeiro, faltando pouco mais de 60 dias para o carnaval, a Lies e a Uecegapa foram notificadas pela Prefeitura que não haveria repasses de verba para o evento desse ano. No entanto, o calendário com as datas e horários dos desfiles já havia sido divulgado e entregue às escolas em abril de 2016, e elas se prepararam contando com o dinheiro que seria repassado pelo Executivo, como acontecia nos outros anos. Conforme o presidente da Lies, Juarez Gutierres de Souza, o município disponibilizava, normalmente, R$ 2 milhões para o carnaval, que eram repassados às 26 escolas de samba. Sem a verba, a organização foi buscar parceria com a iniciativa privada e as escolas estão produzindo eventos para arrecadar fundos para manter as portas abertas. 

Souza afirma que para a realização do carnaval deste ano, a organização conseguirá suprir os gastos com o evento, colocando estruturas menores do que as utilizadas nos anos anteriores. No entanto, ele pediu ao poder público um apoio financeiro para que as escolas continuem dando assistências às comunidades ao longo de 2017, citando três benefícios sociais que elas disponibilizam à sociedade. “A inclusão através das escolas, a profissionalização da mão de obra pelas oficinas oferecidas e o retorno do dinheiro investido com os impostos”. Além disso, o carnaval emprega direta e indiretamente cerca de 2 mil pessoas e atinge outras 500 mil.

O presidente da Estado Maior da Restinga, Robson Dias, explicou que “uma coisa é não oferecer dinheiro para os desfiles, outra é não incentivar a cultura da cidade”, pois é no gueto da Restinga que se vê toda a realidade de Porto Alegre e é onde a escola consegue intervir. Entretanto, segundo o vereador Cláudio Conceição (DEM), a maioria das pessoas não tem acesso às informações dos trabalhos realizados pelas escolas de samba pela falta de divulgação dos dados. 

 Já o vereador Matheus Ayres (PP) comentou que é muito ruim fazer um planejamento e depois não ter condições de colocá-lo em prática, mas “com a realidade catastrófica da economia municipal, esse era o único jeito do carnaval acontecer de forma correta”. Acrescentando o exposto pelo vereador, o presidente da Uecegapa, Arlindo Fernando Mença, afirmou que 2017 é “um ano atípico e com ajuda daremos o melhor para a nossa sociedade e não faremos feio neste carnaval”. 

Lamentando toda a situação, o presidente da Cece, Tarciso Flecha Negra (PSD) disse que carnaval é que nem futebol, “mexe com o coração das pessoas”, e parabenizou todos os envolvidos na sua organização. “É com um pouquinho do suor de cada um que ele acontece”. Por fim, Alvoni Medina (PRB) se colocou à disposição da Lies e da Uecegapa.

Encaminhamentos

A Cece irá encaminhar um ofício ao Executivo solicitando que uma parte do dinheiro que foi devolvido pela Câmara aos cofres do município seja repassada às escolas de samba.

Texto: Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)