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Insegurança em postos de saúde é tema de discussão na Cosmam

  • Comissão debate  Segurança nas Unidades de Saúde Municipais.
    Vereadores cobram nomeação de técnicos de enfermagem (Foto: Tonico Alvares/CMPA)
  • Comissão debate  Segurança nas Unidades de Saúde Municipais. Na foto, o Presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul, Estevão Finger.
    Estevão Finger e Alberto Terres (d) dizem que a violência nos postos de saúde é institucional (Foto: Henrique Ferreira Bregão/CMPA)

A insegurança e violência nos postos de saúde de Porto Alegre foi o tema da reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal realizada na manhã desta terça-feira (27/6). Presidida pelo vereador André Carús (PMDB), o encontro reuniu diversas entidades e órgãos ligados à saúde da Capital. De acordo com Tiago Frank, representante da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ações estão sendo feitas para empoderar e capacitar as equipes quanto à situação de violência sofrida pelos profissionais. “Mais de mil trabalhadores já foram capacitados para o acesso mais seguro. Além disso, a prefeitura oferece acompanhamento psicológico aos profissionais que passaram por alguma situação de estresse e violência”, relata.

Mirtha Zenker, coordenadora do Conselho Municipal de Saúde, disse que, em 2016, um grupo de trabalho discutiu o problema. “Em situações de suspeita, os conselhos já podem ser acionados, pois existem riscos para os trabalhadores e os usuários. No governo anterior, os postos contavam com porteiros, que não são seguranças, mas davam impressão de inibir qualquer tentativa de violência. Atualmente os contratos não foram renovados”, revelou. Terezinha Borges, presidente da Associação Brasileira dos Usuários do SUS (Abrasus), afirmou que a questão da violência nos postos já é antiga, especialmente nas filas de espera para marcação de consultas durante a madrugada. Já o diretor do Simpa, Alberto Terres, destacou que é função dos serviços de saúde acolher e prestar um atendimento humanizado às pessoas. “Que tipo de violência temos hoje nos postos de atendimento e hospitais? Penso que a maior delas é a violência institucional, que ataca frontalmente os usuários, a maioria das vezes pela falta de recursos humanos”, afirmou. 

Jorge Souza, representante do Simers, ressaltou que uma pesquisa realizada pela entidade em 2015 revelou que 50% dos postos de saúde visitados tinham registro de violência. “Há muito tempo defendemos o policiamento em postos, visando adequar as unidades e proporcionar mais segurança em função da precariedade do sistema”, disse. O Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul foi representado por Estevão da Costa, que concordou que a violência é institucional. “Falta insumos, medicamentos e equipamentos. Muitas vezes os usuários não sabem que existe um caminho de reivindicação e acabam revoltando-se na própria unidade de saúde, atacando a equipe. Essa violência psicológica perturba o trabalhador e consequentemente os pacientes”, salientou.

Alessandro Rosa, do Sindicato dos Condutores de Ambulância, fez o alerta de que sua categoria transporta um número muito grande de pessoas. “Eu já dirigi escoltado por três motoqueiros que se diziam soldados do tráfico. Nosso trabalho exige que entremos nas vilas, bocas de fumo, e não raro fazemos o primeiro atendimento ameaçados com armas na cabeça”, concluiu, ressaltando que o Samu recebe mais de 40 mil trotes ao ano”. 

Patrícia Lander, do Sindisaúde, relatou que é uma falta de respeito com o cidadão e o trabalhador a falta de providências no sentido de garantir mais segurança. “Dentro das unidades de saúde, os profissionais estão expostos, a maioria já foi assalta e assediada. Nenhum dos servidores da saúde quer prejudicar o atendimento à população, só queremos trabalhar com segurança”, concluiu. 

Vereadores 

Aldacir Oliboni (PT) declarou que a sociedade está apelando para que o governo tenha um plano para viabilizar o atendimento da população, enquanto Dr. Thiago Duarte (DEM) lembrou que existe um projeto de lei aprovado por unanimidade que propõe multas às pessoas que realizarem trotes por telefonema ao Samu, mas que esta lei ainda não foi regulamentada. O parlamentar também lembrou que o secretário municipal de Saúde, Erno Harzheim, esteve na Câmara e prometeu que mais 40 técnicos de enfermagem seriam chamados pela prefeitura para assumirem os cargos. “Por que essas pessoas ainda não foram chamadas? Onde está trancando?”, questionou.

Nos encaminhamentos, o vereador André Carús pediu clareza do Executivo sobre a nomeação dos técnicos de enfermagem. “É justamente essa falta de recursos humanos que colabora para a insegurança. Outra questão é que a Guarda Municipal tem que, por lei, cuidar dos próprios municipais. Sabemos das dificuldades, mas cabe ao governo ordenar essa gestão”, disse.

Por Fim, Carús afirmou que em fevereiro de 2017 enviou um pedido de informações à Secretaria de Segurança questionando qual o efetivo e viaturas da Guarda e de que forma se organiza para coibir a violência nos postos. “Vamos aguardar esse retorno, a fim de prosseguir com os trabalhos sobre esse tema”, finalizou.

Texto: Lisie Venegas (reg. prof. 13688)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)