Violência de Gênero

Instalada Frente dos Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher

Vista da Câmara Municipal, Palácio Aloísio Filho. Fachada.
Câmara Municipal tem sua sede no Palácio Aloísio Filho (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A Câmara Municipal de Porto Alegre instalou, nesta sexta-feira (7/6), a Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher. Realizado no Plenário Ana Terra, o ato contou com a representação de dezenas de entidades que reforçaram a importância do trabalho em rede para a conscientização da sociedade e o enfrentamento à violência de gênero. O vereador Aldacir Oliboni (PT), proponente da Frente Parlamentar, disse que o colegiado foi criado para suprir a necessidade de um fórum de discussão em Porto Alegre que envolvesse os homens no combate à violência contra a mulher. “Queremos que daqui saiam muitos projetos importantes para contribuir na luta das mulheres”, afirmou, destacando que a Frente atuará parceria com entidades e estará presente nas comunidades.  

Oliboni destacou a alta taxa de violência contra a mulher no Brasil, trazendo informações do Atlas da Violência 2019, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Conforme o estudo, 4.936 mulheres foram mortas de maneiro violenta no país em 2017, sendo que os casos de feminicídio cresceram 30,7% na última década. As mulheres negras sofrem ainda mais, representando 66% das vítimas. O vereador também citou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho, já que elas têm maior dificuldade no acesso a um emprego e recebem salários em média 25,5% inferiores aos pagos aos homens. Para ele, a proposta de Reforma da Previdência agravará ainda mais esse quadro. “Se a dificuldade das mulheres para conseguir trabalho é maior,  se o salário é menor, quando elas conseguirão se aposentar?”, questionou.

Ao ler a carta que o cartunista Henfil escreveu após a morte de Elis Regina, saudando a coragem da cantora ao enfrentar o machismo, o parlamentar afirmou: “vivemos numa sociedade patriarcal e machista, numa cultura onde o homem exige da mulher adoração e obediência, entendendo as mulheres como mães, esposas, donas de casa, amantes, sem perceber que ela é muito mais do que isso”.

Respeito

O deputado estadual Edegar Pretto (PT) resgatou a criação da Frente Parlamentar Estadual dos Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher, da qual é o coordenador, destacando que a iniciativa gaúcha deu origem ao movimento mundial “He For She”, da ONU Mulheres. Para ele, as frentes parlamentares e movimentos similares são importantes para que homens aproveitem os espaços a que tem acesso para difundir o tema e se somar à luta das mulheres. Pretto citou uma das iniciativas do colegiado estadual, em parceria com o Judiciário e a sociedade, que em breve entrará em prática:  o programa “Aqui tem respeito”. Através dele, proprietários e funcionários de bares, casas noturnas e hotéis poderão receber treinamento para garantirem o acolhimento às mulheres que se sintam ameaçadas. “Nos banheiros femininos desses estabelecimentos, por exemplo, haverá orientações sobre como pedir ajuda”, axplicou.

A deputada federal Maria do Rosário (PT) afirmou que a instalação da Frente Parlamentar é um momento histórico para a Câmara Municipal. “A violência é o contrário da ética e do humanismo. Essa Frente instiga as pessoas a refletirem sobre como querem ser”, afirmou. A parlamentar destacou o Decreto Presidencial 9797/2019, que flexibiliza a venda e o uso de armas, como um retrocesso no combate à violência. “Propor mais armas no Brasil significa mais mortes de mulher”, afirmou, lembrando que grande parte dos feminicídios são causados por arma de fogo. Rosário ainda frisou a importância da cultura ao respeito para evitar que comportamentos violentos evoluam. “A violência contra a mulher inicia pela palavra violenta, pela humilhação. Não podemos admitir nem palavras, nem atos, nada que seja violento contra a mulher”, afirmou.

Também prestigiaram a instalação da Frente Parlamentos dos Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher a juíza Madiele Machado, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar de Porto Alegre; defensora pública Liliane Oliveira, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública do Estado (DPE); Fernanda Machado, coordenadora da Mulher da Prefeitura de Porto Alegre; Nathiana Rech, representante da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Porto Alegre; Monique Prada, representante do grupo assessor da sociedade civil para a ONU Mulher; o bispo anglicano Humberto Maiztegui; Silvio Jardim, representante da Comissão de Direitos Humanos da Procuradoria-Geral do Estado (PGE); Major Machado, representando a Brigada Militar; Adão Pretto Filho, coordenador da Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher de Viamão; Rodrigo Dilelio, presidente municipal do PT; Silvana Conti, representando o PCdoB; e Josiane França do Grupo Inclusivass.

 

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)