Jornalista critica má conservação das árvores nas ruas da cidade

A Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre promoveu debate, nesta terça-feira (20/2) à tarde, sobre a arborização nas ruas da Capital. Convidado pelo vereador Reginaldo Pujol (DEM), o jornalista Ayres Cerutti falou sobre o tema e lamentou a falta de cuidados em relação às mudas de árvores que são plantadas nas vias públicas da cidade. Em sua opinião, a conservação das árvores tem sido muito prejudicada principalmente em função de duas normas da prefeitura municipal: uma da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams), que proíbe a poda indiscriminada e sem autorização do poder público, e outra da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), que veta a colocação de proteção em volta das árvores plantadas nas calçadas.

Cerutti citou como exemplo a situação no entorno do Chalé da Praça XV de Novembro, no Centro Histórico. Segundo ele, há cerca de três anos haviam sido plantadas 15 mudas de árvores do gênero acer naquele local. O jornalista relatou, no entanto, que, como não houve nenhuma proteção ao redor das mudas, nenhuma conseguiu sobreviver. Também mencionou que, na Avenida Borges de Medeiros, nas proximidades do Viaduto Otávio Rocha, um jacarandá plantado recentemente "foi vandalizado" e morreu devido ao descuido das pessoas e do poder público. Ressaltando que esses eram apenas exemplos do que ocorrem por toda a cidade, Ayres Cerutti sugeriu que as legislações municipais que tratam da arborização da cidade sejam reestudadas e, se necessário, modificadas, a fim de que haja maior preservação das árvores nas ruas. "É um tema que deve ser de interesse de toda a população, e a questão da poda é um debate antigo na cidade."

Proponente da reunião, o vereador Reginaldo Pujol lembrou que o tema surgiu a partir da visita de um comitiva de vereadores ao Viaduto Otávio Rocha no início deste ano. O vereador também clamou pela aplicação do bom senso, mencionando que podas de árvores são questões complicadas. De acordo com Pujol, um laudo técnico emitido por um profissional particular deveria ser suficiente para permitir as podas, visto que a fila de espera das inspeções técnicas protocoladas no poder público não são suficientemente ágeis.

O vereador Cassiá Carpes (PP) acredita que as legislações e regulamentações pertinentes poderiam ser flexibilizadas para atender as demandas atuais da população. A própria sociedade se beneficiaria de maior autonomia aliada ao cuidado responsável das árvores, segundo o parlamentar. Outro aspecto relevante à discussão apresentado pelo vereador é a preferência de algumas pessoas pela remoção de árvores próximas às suas residências. De acordo com Cassiá, a preferência é motivada pela insegurança que a falta de visibilidade proporcionada pelas árvores representa, principalmente durante a noite.

A vereadora Sofia Cavedon (PT) afirmou que a solução para esta questão não é delegar estas responsabilidades ao voluntarismo. A parlamentar destacou que a Smams possui milhares de mudas de árvores prontas para o plantio. A ineficiência reside na gestão dos recursos humanos, visto que o número de técnicos e concursos são insuficientes para atender a demanda do município. A parlamentar sugeriu que se questione a Smams sobre a situação atual referente a diretrizes, procedimentos e apoio técnico.

Para encaminhamento da pauta, os parlamentares acordaram em enviar à Smams um relatório contendo as observações, registros, questionamentos e sugestões oriundas da reunião. O presidente da comissão, vereador Tarciso Flecha Negra (PSD), encerrou a reunião lembrando da sabedoria da natureza, que provê todas as condições necessárias ao desenvolvimento sustentável da vida no planeta. “É papel dos seres humanos cuidar destes recursos, sob risco de vivermos em uma selva de concreto. Quero encaminhar esta pauta pessoalmente ao secretário”, afirmou o vereador.

Na reunião também esteve presente o vereador Alvoni Medina (PRB). 

Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
           Alex Marchand (estagiário de jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)