Comissões

Lomba do Pinheiro cobra soluções para a falta d’água

Cosmam e Cedecondh convidaram técnicos do Dmae para dar respostas à comunidade

  • Falta de água na região da Lomba do Pinheiro. Na foto, a diretora do Dmae,  Luciane de Freitas
    Luciane informou que gerador em Belém Novo vai melhorar a situação (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Falta de água na região da Lomba do Pinheiro. Na foto, ao microfone, o vereador Cassiá Carpes.
    Os vereadores reuniram a comunidade no Plenário Ana Terra (Foto: Leonardo Contursi/CMPA)

A frequente falta de água no Bairro Lomba do Pinheiro, onde vivem mais de 130 mil pessoas, foi o tema da reunião conjunta realizada na tarde desta terça-feira (22/8) pelas comissões de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) e de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh), da Câmara Municipal de Porto Alegre, no Plenário Ana Terra. Os vereadores reuniram representantes da comunidade e do Executivo para tentar conhecer as causas do problema e buscar informações sobre como ele pode ser evitado.

Cassiá Carpes (PP), presidente da Cedecondh, que coordenou os trabalhos ao lado de André Carús (PMDB), presidente da Cosmam, lembrou que o encontro foi solicitado pelos vereadores Aldacir Oliboni (PT), que se ausentou por motivos de saúde da esposa, e Marcelo Sgarbossa (PT). Sgarbossa lamentou que o problema da falta de água na Lomba do Pinheiro seja recorrente, apesar de o bairro estar ao lado de uma barragem. O vereador defendeu que haja um planejamento mais eficiente por parte do Executivo, já que, apesar das dificuldades de abastecimento, vários condomínios estão sendo construídos na região. 

Diversos representantes dos moradores da Lomba se manifestaram. O presidente da Associação do Loteamento Santa Paula, da Vila dos Herdeiros, Isnar Borges, relatou que há mais de cinco anos a área sofre com o desabastecimento. “A cada verão, é um terror. Na parte de cima da vila, a água não chega. Faltou água até no Natal. Nem pra lavar as mãos tinha”, afirmou. “Como a comunidade é muito pobre, não tem condições de colocar caixa d’água nas casas.” Isnar criticou o fato de a água da barragem não estar mais sendo usada, sob a alegação de que estaria poluída. “Mas o que é mais caro? Tratar a água da barragem ou captar do Guaíba?”. Ele ainda disse que a comunidade já foi duas vezes ao Ministério Público, mas, até agora, não teve resposta.

A vice-coordenadora do Conselho Popular da Lomba do Pinheiro, Terezinha Beatriz Medeiros, contou que, muitas vezes, creches, escolas e entidades do bairro ficam até dois dias sem água, tendo que fechar as portas. Ela pediu que não sejam construídos mais empreendimentos na região até ser resolvido o problema crônico. Também defendeu que a barragem vizinha passe por limpeza para poder ter sua água utilizada. Ela informou que um seminário está sendo organizado para debater alternativas. “Moro há 20 anos na Lomba, e a falta de água está cada vez mais grave”, disse.

A Lomba do Pinheiro precisa de mais atenção, segundo Diaran Laone, conselheiro do Plano Diretor. Ele afirmou que estão fazendo obras na região, mas até agora o problema da água continua. O líder comunitário acredita que, além dos investimentos por parte do Executivo para sanar o problema de falta de água, as famílias precisam se empenhar para não desperdiçar água quando há. Por fim, Diaran convidou os vereadores para conferirem in loco as dificuldades de abastecimento enfrentadas pelos moradores.

Obras e medidas previstas

A diretora-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Luciane de Freitas, e técnicos de órgãos e de secretarias municipais representaram o Executivo na reunião. Luciane lembrou que a Lomba do Pinheiro é atualmente servida pelo Sistema de Abastecimento de Belém Novo. Ela disse que diversas obras, como a construção de uma adutora desde Belém Novo, estão sendo feitas e que algumas serão concluídas até o final do ano. Segundo Luciane, um dos fatores que afetam o abastecimento de água na Lomba são as faltas de energia na Estação de Belém Novo. “Instalamos um gerador na ETA, que vai entrar em funcionamento em 60 dias”, informou. Entre as medidas e obras previstas, Luciane também citou a Construção do Reservatório na Cristiano Kraemer, que deve começar em breve, além de uma adutora na Estrada João Remião. Outras obras dependem de licitação ou de captação de recursos.

O diretor de Desenvolvimento e Gestão do Dmae, Marco Faccin, informou que o Executivo está buscando financiamento via Ministério das Cidades para a construção do Sistema de Abastecimento da Ponta do Arado, no Extremo Sul da Cidade. De acordo com o engenheiro, o projeto já está pronto. A obra deverá melhorar muito o fornecimento de água também na Lomba. Faccin lembrou que, enquanto a nova estação não sai, o Departamento tem realizado diversas medidas, entre elas a instalação de novas tubulações. De acordo com ele, um dos fatores que dificultam a chegada da água até a Lomba são as perdas do líquido ao longo do caminho, em vazamentos, por exemplo.

Sem garantias

Frente às cobranças de vereadores e da comunidade, a diretora Luciane disse que não pode garantir que não faltará água no verão na Lomba do Pinheiro, apesar dos esforços dos técnicos do Dmae e de outros órgãos. Mas frisou que a instalação do gerador elétrico na Estação de Belém Novo vai reduzir o tempo de volta da água quando faltar luz. “Resolverá bastante o problema”, salientou. Hoje, segundo a comunidade, leva até três dias para a água retornar às torneiras. A esperança a médio prazo, como voltou a afirmar, será a construção da nova Estação do Arado, com maior capacidade, que ainda depende de financiamento. 

O vereador José Freitas (PRB) sugeriu como medida emergencial a disponibilização de caminhões-pipas pelo Dmae nos dias em que faltar água na Lomba do Pinheiro. “As obras vão demorar e, quando começar o verão, vai ter falta d’água”, lamentou.  Já Prof. Alex Fraga (PSOL) aproveitou para reiterar sua posição contrária à hipótese de privatização do Dmae. “Se for privatizado, não será garantia de melhoria de serviços. O Dmae é nosso e precisa continuar público”, afirmou.

Também participaram da reunião os vereadores Paulo Brum (PTB), Comandante Nádia (PMDB), João Bosco Vaz (PDT) e Sofia Cavedon (PT), além de representantes do Ministério Público, do Tribunal de Contas e de diversas secretarias municipais.

Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)