Plenário

Sessão Ordinária / Comunicações Temáticas

Durante o período de Comunicações Temáticas, e também em Lideranças, destinado a homenagear o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, nesta quinta-feira (29/8), os vereadores fizeram as seguintes manifestações:

VELADO - Séfora Mota (PRB) saudou o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. "Hoje se fala muito em igualdade, mas há um preconceito velado", disse a vereadora. Lembrando que tem antepassados negros e índios, Séfora afirmou que ainda sofre muito preconceito como mulher. "É preciso respeito aos diferentes e às diferenças. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas tem o dever de respeitar." Ela repudiou a prática do chamado "estupro corretivo", em que mulheres lésbicas são estupradas como forma de serem "curadas" da sua homossexualidade, salientando que não há correção a ser feita quanto à orientação sexual das pessoas. (CS)

ELEITOR - Alberto Kopittke (PT) saudou as entidades de mulheres lésbicas presentes ao plenário em comemoração ao Dia Nacional de Visibilidade Lésbica. Contou ter sido cobrado por eleitor pelo fato de tratar de temas que não se refiram especificamente à questão da segurança pública, tal como o debate sobre o projeto de um deputado federal que defendia a cura gay. "Esse pensamento é representativo do senso comum. As pessoas não se dão conta que vivemos num país preconceituoso." Observou que o Brasil tem o maior índice de homicídios no mundo e atribuiu esse dado à incapacidade dos brasileiros em conviver com as diferenças. "O preconceito é machista e homofóbico, baseada em padrões morais religiosos." (CS)

DIFERENTE - Professor Garcia (PMDB) afirmou que o mundo seria triste se todas as pessoas fossem iguais. "Qual o pecado em ser diferente?", questionou. Garcia lembrou também que a maioria das agressões sofridas pelas mulheres ainda ocorre dentro do próprio lar. Observou que muitas mulheres têm receio de denunciar o agressor por medo de perder o seu companheiro e preferem não fazer enfrentamento à violência da qual é vítima. É preciso evoluir no debate sobre a questão de gênero, e é importante que a Câmara discuta esse tema." Garcia também parabenizou todas aquelas pessoas que conseguem assumir sua orientação sexual, mesmo quando são vítimas de preconceitos. (CS)

LUTA - Jussara Cony (PCdoB) parabenizou a ONG Nuances pelos 23 anos de atuação contra o preconceito. "Esse é mais um dia de luta das mulheres e democratas, que buscam a igualdade de direitos e de oportunidades. As mulheres, em sua luta pelo direito humano e natural à livre orientação sexual, estão em todos os lugares e têm contribuído para os avanços do país." Ressaltou a contribuição da Liga Brasileira de Lésbicas para a causa e afirmou que lutar por visibilidade significa derrubar cercas, amarras da opressão, machismo. "O Estado é laico, temos de nos respeitar uns aos outros. No amor há respeito, dignidade e compartilhamento." Também comunicou estar propondo a reativação da Frente Parlamentar pela Livre Expressão Sexual na Câmara de Porto Alegre. (CS)
 
MOBILIZAÇÃO – Fernanda Melchionna (PSOL) destacou que os avanços em defesa das liberdades, especialmente na questão de gênero, vêm em muito da força de mobilização e organização dos movimentos nos últimos anos. Disse que iniciou a sua militância em 1998 e que são visíveis as conquistas e a ampliação do apoio da sociedade à luta contra a homofobia. Criticou a posição de grupos no Congresso e em outros legislativos, que fazem tramitar projetos como o da cura gay, o do Estatuto do Nascituro, além de lideranças conservadoras em postos chaves para a luta contra o preconceito, como o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Criticou também o veto ao kit contra a homofobia, que serviria para a educação nas escolas. (MG)

IGUALDADE – Alex Fraga (PSOL) lembrou que a discriminação entrava o crescimento de uma sociedade. Elogiou a iniciativa da vereadora Séfora Mota (PRB), especialmente por saber que o seu partido tem posições contrárias ao tema. Destacou que no Rio Grande do Sul, o machismo arraigado na cultura é um fator negativo, "pois adjetiva de forma equivocada a expressão machão, que deveria ser utilizado para pessoas que tem coragem de assumir a sua homossexualidade, diante de uma sociedade discriminatória". "Esta, infelizmente, não irá mudar tão cedo", completou. Fraga cobrou ainda políticas públicas para educação, que considera a única forma eficaz de combater o preconceito. (MG)
 
COMBATE – Dr. Cristaldo (PDT) disse que tem percebido, na sua área de atuação, a medicina, especialmente no seu campo de atuação, o da cirurgia plástica - diretamente ligado à vaidade -, que o preconceito de gênero tem diminuído. "Ao contrário do que se afirma, as novas gerações estão mais esclarecidas e liberais". Disse que as manifestações preconceituosas devem ser abolidas da sociedade e usou o exemplo da gravidez para destacar que, até bem pouco tempo, antes do sexto mês não era possível definir o sexo da criança, pois o aparelho reprodutor do feto nessa fase é igual, independente de ser um menino ou menina: "significa que todos nascem iguais e como iguais devem ser tratados". (MG)

VENENO – Para Clàudio Janta (PDT) o preconceito "é um veneno, um tumor que precisa ser extirpado da sociedade". "Estamos aqui discutindo um tema que deveria ser normal para as pessoas independente de sermos branco preto, alto, baixo, gordo, magro, católico, umbandista ou ateu." Ressaltou que nada o surpreende se a pessoa é feliz, pois é a felicidade o bem que mais importa. "As pessoas deveriam ter preconceito sim, mas contra a manutenção de deputado presidiário, ladrão, condenado a 25 anos de cadeia, e que o Congresso Federal, em razão do voto secreto, não levou em conta a vontade da população e a decisão da maior corte judiciária." Janta ainda recordou que muitas pessoas tiveram suas vidas ceifadas na luta pelas conquistas democráticas e das liberdades vistas hoje no Brasil. (MG)

Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
          Milton Gerson (reg.prof. 6539)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)