Plenário

Projeto propõe tombamento do Armazém A7 do Cais Mauá

Armazém passaria a integrar o Patrimônio Histórico-Cultural, Natural e Paisagístico de Porto Alegre.

  • Armazém A7 do Cais Mauá
    Cais possui 25 armazéns dispostos ao longo de oito quilômetros da orla do Guaíba. (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Vereadora Sofia Cavedon na tribuna do plenário
    Vereadora Sofia Cavedon (PT) é a autora do projeto (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)

Está em tramitação, na Câmara Municipal de Porto Alegre, projeto de lei do legislativo Nº 134/16, proposto pela vereadora Sofia Cavedon (PT), que pretende tombar o imóvel conhecido como Armazém A7, localizado no Cais Mauá, passando o mesmo a integrar o Patrimônio Histórico-Cultural, Natural e Paisagístico do Município de Porto Alegre. Também assinam a proposta, em apoio à iniciativa, os vereadores Adeli Sell (PT), Cláudio Janta (SDD), Engenheiro Comassetto (PT), Fernanda Melchionna (PSOL), Jussara Cony (PCdoB), Marcelo Sgarbossa (PT), Mario Manfro (PTB), Prof. Alex Fraga (PSOL), Rodrigo Maroni (PR) e Tarciso Flecha Negra (PSD).

De acordo com Sofia, a quantidade de bens tombados pela União e pelo Município na área portuária já demonstra a enorme importância do conjunto arquitetônico para a Cidade. “Tal conjunto é, possivelmente, o maior referencial histórico e identitário de Porto Alegre. Isso porque a Cidade, vista de longe, tem seu perfil desenhado justamente pelas construções do Cais Mauá até o edifício da Usina do Gasômetro. O porto representa um marco da origem da Cidade e foi peça fundamental do desenvolvimento urbano, social e econômico de Porto Alegre. O crescimento considerável da Cidade, passando de um povoado a uma metrópole, deve-se fundamentalmente a duas funções dinâmicas: a comercial e a portuária”, reafirmou a vereadora.

Para a idealizadora do projeto, o porto da Capital está ligado ao início da colonização do Município e integra o seu nome. “A origem do centro urbano de Porto Alegre confunde-se com a própria origem da Cidade: foi exatamente a partir desse local, habitado por indígenas de etnias como os charruas, os tapes e os guaicanãs, que se iniciou o processo de ocupação do território. No período colonial, o desenvolvimento do núcleo urbano era caracterizado pelo crescimento ao longo do rio, a partir da Ponta da Cadeia na direção leste e em paralelo ao cais. A encosta norte do promontório favorecia as embarcações, e ali eram realizados os contatos com o exterior. Naturalmente, situaram-se nesta zona as principais atividades comerciais e residenciais da época”, afirmou.

História

Desde 1833, a construção de um cais já vinha sendo proposta pela Câmara Municipal, mas apenas em 1911 foi celebrado contrato para a realização de um trecho de 140 metros paralelo à orla, na Praça da Alfândega. Era o princípio de um porto moderno e aparelhado necessário à Cidade. O primeiro trecho de cais, junto ao portão central, ficou pronto em 1913. Seguiram-se alguns anos de paralisação das obras, até que o presidente Borges de Medeiros as retomou, a partir de 1919. Em 1927, pouco antes de deixar o governo, o presidente Borges de Medeiros pôde relatar à Assembleia dos Representantes que se achavam prontos 1.652,88 metros de cais acostável, dotados de dez armazéns e 22 guindastes elétricos. Os trabalhos prosseguiram nos governos subsequentes, de Getúlio Vargas e Flores da Cunha, sendo que este último fez construir, entre 1935 e 1936, o Frigorífico do Porto, além de algumas centenas de metros do cais fluvial.

Atualmente, as instalações portuárias são compostas por 25 armazéns, dispostos ao longo de oito quilômetros de linha de cais, divididos em três trechos: Cais Mauá, com 3.240 metros de comprimento e 17 metros de largura; Cais Navegantes, com, respectivamente, 2.500 metros e 20 metros; e Cais Marcílio Dias, com cerca de 2.260 metros de extensão e de largura variável.


Texto: Mariana Kruse (reg. prof. 12088)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)