PROCURADORIA ESPECIAL DA MULHER

Seminário sobre violência contra a mulher debateu aborto e stress pós-traumático

II Seminário Mulheres Vítimas de Violência Sexual: qualificando e amplicando a assistência. Na foto, a vereadora Comandante Nádia.
II Seminário Mulheres Vítimas de Violência Sexual: qualificando e amplicando a assistência. Na foto, a vereadora Comandante Nádia. (Foto: Candace Bauer/CMPA)

A Procuradoria Especial da Mulher na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a qual vereadora Comandante Nádia (PMDB) é a procuradora, realizou na última quinta-feira (7), em parceria com o Hospital Fêmina, o seminário “Mulheres vítimas de violência, ampliando a assistência”.

Os debates aconteceram no Plenário Ana Terra, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre durante todo o dia. Questões polemicas, como o aborto legal e stress pós-traumático sofrido por mulheres vítimas de violência foram algumas das pautas do evento.

“Precisamos expor esses temas ao debate. Muitas mulheres sofrem com a violência doméstica e as consequências são gravíssimas, tanto para sua saúde física quanto emocional. Além de punirmos os agressores precisamos auxiliar as vítimas”, destacou a vereadora.

PALESTRAS:

Durante a manhã, a mediação da mesa ficou com Denise Jornada Braga, gerente administrativa do Hospital Fêmina, que coordenou as quatro palestras. 

II Seminário Mulheres Vítimas de Violência Sexual: qualificando e amplicando a assistência. Na foto, a promotora de justiça Ivana Machado Battaglin (ao microfone).
II Seminário Mulheres Vítimas de Violência Sexual: qualificando e amplicando a assistência. Na foto, a promotora de justiça Ivana Machado Battaglin (ao microfone).
Direitos Humanos das Mulheres: Uma História de Evolução foi o tema da palestra ministrada pela Promotora de Justiça, Dra. Ivana Battaglin, elucidou as questões de diferença de gênero que permeiam os contextos de violência contra a mulher e feminicídios. 

Lei Maria da Penha – Relato de Experiência , foi o tema da vereadora Comandante Nádia. A palestra expôs os trabalhos da Patrulha Maria da Penha, que foi implementada e coordenada por ela quando atuava na Brigada Militar.  “A violência doméstica atinge milhares de mulheres independente da idade ou classe social. A maioria dos casos ocorre dentro de casa e os agressores são os maridos, companheiros ou pessoas com quem a vítima possui relação afetiva. De acordo com as estatísticas apresentadas, de cada três mulheres uma sofreu ou irá sofrer violência doméstica no Rio Grande do Sul. O Exposto inquieta e envergonha toda a sociedade gaúcha, e, por este motivo, a Patrulha Maria da Penha se faz necessária como política transversal que resulta na erradicação desses índices”, destacou a Vereadora.

A delegada Adriana da Costa apresentou dados técnicos e estatísticas da Policia Civil, na palestra Dados da Violência: aspectos legais e fluxo de atendimento. Já a psicóloga da Brigada Militar, Iara Fasoli, tratou sobre a Importância do acompanhamento psicológico na ocorrência, elucidando maneiras de atendimento às vítimas e como ajuda-las durante este encaminhamento.

Na parte da tarde, o mediador foi o Dr. Eduardo Trindade, gerente de internação do Hospital Fêmina, e as palestras abordaram temas mais técnicos em relação ao atendimento de saúde e assistência social às vítimas. Acolhimento foi o tema das enfermeiras Monica Ochoa e Elizabete Teles, que esclareceram o atendimento àquela mulher violentada quando chega ao hospital, abordando as formas do procedimento inicial.

O Dr. Mario Peixoto, Infectologista do Fêmina, elucidou questões sobre Profilaxia pós-exposição. “A grande maioria da população não sabe como é atendida a pessoa violentada sexualmente no que diz respeito a exposição à DST’s. Temos que disseminar a informação sobre o tratamento, que já é feito de imediato quando o hospital recebe a vítima. Se agirmos dentro do tempo, podemos evitar que muitas dessas vítimas sejam infectadas e que as doenças se manifestem”, observou o palestrante.

O Aborto Legal, foi abordado pela ginecologista Carolina Pereira, que também atua no Fêmina. “Quando a gravidez é decorrente de estupro, quando há risco de morte para a mãe ou se o feto é anencéfalo (não possui cérebro), existe orientação legal para que seja realizado o procedimento abortivo. Temos uma equipe preparada para aportar essas mulheres nestes casos, comprovado o estupro a equipe médica inicia o procedimento”, destacou Caroline.

As questões psicológicas das vítimas de violência doméstica e sexual foram esclarecidas pelo psicólogo da PUC, Eduardo Guimarães, que falou sobre Stress Pós-traumático. Já pela assistente social do Fêmina, Marli Silveira e a psicóloga Flavia Azevedo, trataram sobre os aspectos emocionais da violência contra a mulher, encerrando o seminário trazendo um levantamento sobre a necessidade de atendimento à família e filhos da vítima.

                O evento foi alusivo aos 16 Dias de Ativismo - campanha que aborda o combate a violência contra a mulher, e contou com o público de diversos segmentos da sociedade.