Plenário

Suplente do PT, Baba Diba de Iyemonja toma posse na Câmara

Vereador destacou o fato de ser representante das religiões de matriz africana.

Movimentação de plenário.
Iyemonja foi empossado nesta quarta-feira durante sessão ordinária no Plenário Otávio Rocha (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Na suplência da bancada do PT, Baba Diba de Iyemonja tomou posse como vereador durante sessão ordinária da Câmara Municipal de Porto Alegre, na tarde desta quarta-feira (8/11). “O povo de terreiro é o povo que eu represento”, afirmou ele na tribuna do Plenário Otávio Rocha em seu primeiro pronunciamento, e completou: “Quero fazer desses três dias quatro anos e apresentar projetos de lei que dignifiquem nosso povo e a igualdade de direitos”. Baba Diba substitui o vereador Aldacir Oliboni (PT), que está em licença de saúde até o próximo dia 11.

Ao agradecer a oportunidade de exercer a vereança no Legislativo da Capital, Baba Diba, contudo, lamentou que o Regimento Interno da Câmara Municipal vede aos vereadores o uso de indumentárias de religião em plenário. “Eu poderia estar pilchado (de gaúcho)”, destacou ao se referir às normas da Casa. “Nossa matriz não é apenas europeia (ao se referir à obrigatoriedade masculina do uso de paletó e gravata). Nossa sociedade é formada por outras matrizes civilizatórias, como a asiática e a africana”, criticou. “Todos fazem parte e constroem nossa sociedade.”

O suplente também destacou o fato de, no momento e de modo oficial como vereador, ser de um setor da sociedade, as religiões de matriz africana, que nunca teve representantes na Câmara Municipal. “Represento o povo que sempre esteve nas galerias reivindicando direitos; o povo da periferia, dos terreiros, que luta para garantir o pão de cada dia, pelo direito de tocar o seu tambor e professar a sua fé; o povo molestado por conta de sua orientação religiosa”. Ele igualmente criticou formas de racismo comercial e ambiental sofrido pelos adeptos dessas religiões.

Baba Diba lembrou ainda que uma de suas propostas como vereador tratará justamente da possibilidade de haver a concessão de um alvará especifico para os terreiros. Conforme explicou, muitas vezes as sedes dessas atividades religiosas são casinhas com paredes de compensado, em terrenos de ocupação, onde também não há certificado de propriedade. “Por isso não temos nem ‘habite-se’”, lamentou. “Temos de criar um alvará específico. Porto Alegre tem mais de 15 mil terreiros, é uma população expressiva”, afirmou. “Nesse mandato de três dias vou mostrar para nosso povo que é possível estar aqui.”

Texto: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)