Plenário

Carris apresenta planejamento aos vereadores

O objetivo da empresa é oferecer transporte de qualidade através de uma gestão sustentável e eficiente

Movimentação de plenario.
Helen Machado e Elizandro Sabino compareceram à Câmara (Foto: Tonico Alvares/CMPA)

Atendendo a uma solicitação dos vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre para apresentar a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim), o secretário Elizandro Sabino compareceu à sessão ordinária desta quinta-feira (27/4) com a presidente da Carris, Helen Machado, para expor os projetos e o planejamento da nova gestão para a empresa. Esta é a segunda visita de Sabino em menos de 30 dias. No dia 30 de março, ele esteve na Casa para retratar a estrutura da nova secretaria. Agora, o “desafio é fazer diagnósticos e planejamentos para realizar ações efetivas na Carris”, explicou.

A posse da nova administração da empresa pública de transportes ocorreu em 31 de janeiro e há duas semanas Helen Machado se tornou a presidente. Com vários membros oriundos do Banco de Talentos da Prefeitura, Machado relatou que a equipe quer trazer soluções para a empresa. “Nós estamos comprometidos em encontrar um novo cenário para a Carris”. Para isso, realizaram um levantamento detalhado sobre a atual situação, expondo demandas, necessidades, diretrizes e objetivos e criando pontos de partida para mudar a concepção da empresa.

A presidente explicou que o planejamento da equipe tem por base uma gestão integrada que dá suporte a quatro pilares: gestão de pessoas, responsável pelas ações com recursos humanos e por desenvolver as competências técnicas e comportamentais; gestão de qualidade, vinculada aos controles externos e internos que visam otimizar processos; gestão financeira, que potencializa os recursos financeiros para rentabilizar os negócios; e  operacional, que tem por intenção aumentar a produtividade e a eficiência. Dentro de cada pilar estão sendo desenvolvidos projetos integrados e direcionados para alcançar a meta de fornecer uma gestão sustentável.

Helen Machado ainda informou que uma de suas preocupações é melhorar a comunicação e a relação com os cerca de 2 mil funcionários e construir uma visão de curto, médio e longo prazo para alcançar resultados que revitalizem a empresa. “O nosso foco é oferecer um transporte de qualidade aos moradores de Porto Alegre. É um desafio audacioso, que requer tempo e não será feito sozinho”, declarou.

Vereadores

Após a apresentação do planejamento da Carris, os parlamentares se manifestaram:

CRENÇA - Sofia Cavedon (PT) ponderou que por diversas vezes discutiu e denunciou ações da Carris e que, agora, quer acreditar na fala da presidente Helen Machado que a empresa pode ser lucrativa e de alta qualidade. “A nossa crença é que ela seja um instrumento para chegarmos a boas tarifas de ônibus. Quem sabe, ao sonho do passe livre”. Cavedon elogiou a preocupação de Machado com os colaboradores e disse que a parceria é necessária. “Todos os funcionários querem ver a Carris forte e sustentável”. Ela solicitou respostas para a questão dos prédios inacabados da empresa e o fechamento da creche que atendia os filhos dos funcionários. “A Carris é um patrimônio dessa cidade”, finalizou. (CM)

URGÊNCIA - Idenir Cecchim (PMDB) expôs que a apresentação da Carris compreende o planejamento básico de qualquer empresa privada ou pública e que ele é bonito na teoria. Entretanto, há pontos urgentes que precisam ser resolvidos. “A situação é grave. A Carris tem um déficit muito grande que vem de anos”, explicou. Cecchim aprovou a ideia de fazer uma aliança com os funcionários e criticou a dificuldade de comunicação com a nova presidente. Conforme relatou o presidente da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor), ele tentou convidá-la para participar de uma reunião, mas não conseguiu entrar em contato. (CM)

ADAPTADOS - Paulo Brum (PTB) manifestou seu "carinho pela Carris", que, lembrou, em 1996 foi a primeira empresa do estado e uma das primeiras do país a implementar ônibus adaptados para o uso de pessoas com deficiência física. "Antes disso, andar de ônibus para nós, cadeirantes, era uma utopia." Brum observou ainda que somente no ano de 2000 uma lei federal tratou da acessibilidade nos ônibus e garantiu que a bancada do PTB se colocará à disposição da direção da Carris "para que a empresa volte a ter a excelência e a grandiosidade que sempre teve". Sugeriu também que a área de acessibilidade seja posta junto com a Secretaria de Infraestrutura. (CS)

PRIVATIZAR - Felipe Camozzato (Novo) parabenizou a presidente da Carris pela exposição feita e pela "coragem de assumir o desafio" de gerenciar a estatal. Ressaltando que tem "posição aberta pela privatização da Carris", observou que a estatal acumula déficit de R$ 50 milhões. "É preciso mais subsídios para explicar como as coisas estão (na Carris) e para onde irão." Segundo Camozzato, os alegados bons dados que elevariam a estatal ao status de melhor empresa de ônibus do país "tem um custo muito alto, equivalendo a praticamente quatro anos de orçamento da Secretaria de Segurança Pública". Disse considerar como grandes problemas: manter uma estatal de transporte municipal, ao invés de priorizar outras áreas; o fato da eficiência ficar prejudicada pelos monopólios de linhas; e a legislação antiquada que engessa o funcionamento das empresas de ônibus. (CS)

SOCIAL - Cláudio Janta (SD) salientou que a Carris faz trabalho social importante na cidade, prestando um serviço de transporte que une os extremos da Capital. "A Carris atua com uma transversalidade que nenhuma outra empresa de ônibus consegue na cidade, beneficiando pessoas de baixa renda." Janta observou que a empresa estatal possuía muitos CCs, quando a atual assumiu, e garantiu que o governo deseja diminuir ainda mais ainda este número. Elogiou a capacidade da presidente da Carris em gerir a empresa. Sobre possível parcelamento de salários no Município, disse que governo não pode gerar ilusões. "Não estamos ameaçando nem enganando servidores públicos, Estamos mostrando a realidade para que estejam preparados. A situação de Porto Alegre é crítica." (CS)

PÚBLICA - Fernanda Melchionna (PSOL) destacou que a Carris é a empresa mais lembrada por usuários do transporte coletivo, embora ainda tenha muitos problemas a resolver. A vereador salientou que é preciso levar em conta a parametrização da tarifa dos ônibus e que a Carris é superavitária. "Não achamos que empresas públicas necessariamente devam dar lucro. Algumas empresas tinham margem de lucro indecente e ilegal." Ressaltando a importância das empresas públicas na garantia de implantação de mais linhas para o usuário, lamentou que o prefeito Marchezan Júnior "ameace a Carris de privatização e faça política de sucateamento". (CS)

APOIO - João Carlos Nedel (PP) se disse impressionado com a envergadura do projeto de recuperação da empresa Carris e da elevação do estímulo ao campo funcional. Parabenizou e desejou sucesso para que o projeto seja implementado e que a Carris continue sendo a empresa de transporte de Porto Alegre. Nedel ainda reiterou que no dia 10 de maio será realizada uma reunião de trabalho com a EPTC e solicitou a presença do secretário e da presidente da Carris para melhorar o trânsito e o transporte de passageiros da Capital. (MF)

APOIO II - Tarciso Flecha Negra (PSD) elogiou o projeto apresentado pela presidente da Carris. O vereador relembrou que é importante se sentir bem quando se está no seu ambiente de trabalho. “O que faz a gente gostar do lugar que a gente trabalha é a nossa família”, afirmou. Tarciso também ressaltou a responsabilidade dos profissionais que levam milhares de passageiros por dia. “Eu sou Carris”, disse, em apoio à empresa pública de transporte. (MF)

APOIO III - André Carús julgou pertinente a presença de representantes da Carris na sessão desta quinta-feira. Ao elogiar o plano de gestão apresentado, o vereador disse que se mostra uma gestão mais eficiente de recuperação da empresa, principalmente nos aspectos da gestão financeira, setor que, segundo ele, precisa alcançar um equilíbrio. Carús também trouxe dados que apontam a qualidade da Carris em comparação com os demais consórcios de ônibus. De acordo com dados apresentados por ele, a Carris recebeu o menor número de reclamações por parte de usuários, sendo que a empresa pública se destaca também no cumprimento de horários. "Confesso que saio deste comparecimento aliviado porque vejo que o governo está reavaliando a privatização da Carris", falou.  (MF)

PÚBLICA II - Roberto Robaina (PSOL) fez algumas críticas às gestões anteriores, que, conforme ele, são responsáveis pelo processo de sucateamento que a Carris enfrenta. Robaina se disse preocupado com o governo Marchezan, que vem ameaçando o não pagamento de salários de servidores e a privatização da Carris. “Isso é péssimo, pois a Carris deve ser defendida como empresa pública”, lamentou. Ainda em crítica ao atual governo municipal, o vereador disse que o prefeito tem uma atitude de desrespeito com a empresa. Ele espera que a direção que está à frente da Carris ajude a incidir a permanência da defesa da empresa pública. “Com tantos problemas, a Carris é melhor que empresas privadas, por essas terem uma lógica de lucro”, afirmou. Robaina também defendeu o empoderamento dos servidores públicos.  (MF)

INVERDADES - Moisés Maluco do Bem  (PSDB) rebateu a fala dos vereadores de oposição e informou que o Executivo Municipal já cortou 40% de cargos comissionados (CCs), lembrando que a Lei Orgânica do Município deve ser respeitada. O parlamentar defendeu o trabalho apresentado pelos novos gestores da Carris e considerou como "inverdade" o comentário de que a Prefeitura é contra a Carris, ressaltando que "há uma tentativa clara do Executivo de sanar os problemas que envolvem essa empresa pública", destacando que "é muito fácil ser oposição".  O vereador criticou, ainda, a mobilização para realização de greve "nas véspera do feriadão". (AS)

ESTRATÉGICA - Airto Ferronato (PSB) desejou pleno êxito à administração da Carris, ao considerar a empresa pública estratégica e exemplo ao país. Ele reiterou a sua disposição de colaborar "para com as ações que visam a salvar a Carris". O vereador discordou do discurso anterior ao criticar a afirmativa de que "a greve é do setor privado". Ferronato disse que os vereadores devem defender as causas que promovem o bem comum, "o que é o caso da Carris". (AS) 

EXPERIÊNCIA - Felipe Camozzato (Novo) respondeu às críticas da vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), reiterando sua atenção aos valores que retratam os prejuízos da Carris. O parlamentar ressaltou a sua experiência e conhecimento técnico sobre gestão, administração, cálculos e custos, destacando que a concessão de "passes livres" gera custos, ao observar que o custeio desse benefício pode prejudicar a manutenção e o oferecimento de serviços primordiais à população e à cidade. (AS) 

Respostas

Após as manifestações dos vereadores, a presidente da  Carris, Helen Machado, explicou que "se a Carris estivesse iniciando neste momento, tecnicamente seria considerado um negócio inviável", destacando que há um sério e dedicado trabalho para manutenção desta empresa, "em função do seu histórico e sua importância representativa à cidade", ressaltando que a Carris tem 75% da sua frota com acessibilidade e foi a balizadora do projeto de inclusão social.

A presidente admitiu a necessidade de melhorias no ambiente físico, "assim como nas ações de integração e interatividade com os colaboradores para que o ambiente de trabalho seja melhor, mais feliz e produtivo". Helen observou que há um plano específico para tratar da manutenção e prevenção de problemas nos veículos para reduzir o número de carros parados de forma inesperada, "além do projeto de gestão para sanar problemas e garantir um futuro saudável à empresa".

Helen Machado afirmou que a segunda passagem onera a Carris, lembrando que a empresa não está em condições de absorver esses custos. A presidente destacou que a Carris atua de forma transversal e é integradora, "que liga norte, sul, leste e oeste", sendo a empresa com o menor índice de descumprimento de horário.

Sobre os CCs, a presidente da empresa afirmou que neste ano a Carris reduziu em 34% os cargos em comissão. No momento, há uma reavaliação de todos os cargos existentes. Conforme Helen, "o grande  desafio, de forma geral, não é o fato de ter os CCs e, sim, o que eles representam efetivamente para produção e prestação de serviços adequados, com a competência técnica para fazer com que o negócio ande e aconteça com resultado positivo".


Texto: Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
           Munique Freitas (estagiária de Jornalismo)
           Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
          Angélica Sperinde (reg. prof. 7862)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)