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Cece debate propostas para educação sexual nas escolas

Nardi (d) defende pacto pedagógico Foto: Eduarda Amorim
Nardi (d) defende pacto pedagógico Foto: Eduarda Amorim

A educação sexual nas escolas foi tema desta terça-feira (30/3) na Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara. Os professores Marcos Rolim e Henrique Caetano Nardi relacionaram a esta questão com problemas como preconceito, xenofobia e formação dos profissionais da área de educação. Rolim é ex-deputado federal, jornalista e professor. Já Nardi é médico, com doutorado e pós-doutorado em sociologia, além de professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Pacto

Henrique Nardi destaca que para o desenvolvimento da educação sexual nas escolas é preciso um “pacto pedagógico”, que faça com que a comunidade escolar pense uma forma adequada de realizar um projeto. “Cada escola, nos bairros, em cada região, dever utilizar seus recursos. A escola tem que assumir o papel e qualificar o educador, com o próprio professor se especializando no assunto”, alerta. O médico informou que, hoje, os professores que falam sobre o tema não estão preparados.

Nardi argumenta que com a Internet e outras redes “não há falta de informação, e sim uma superexposição, que deve receber um filtro sobre o que é bom e o que não é”. Segundo o professor, existem parâmetros curriculares para implantar a educação sexual, mas não são utilizadas pelas escolas. “A escola precisa ter papel protagonista”, registrou. Ele colocou, ainda, que crianças e adolescentes possuem hormônios que afloram a sexualidade, e que se não forem dialogados em conversas com especialista, em locais apropriados, podem ser canalizados ou aflorados para outros segmentos, com a violência.

Moral religiosa

Marcos Rolim demonstrou preocupação com o preconceito de alunos adolescentes, entre 12 e 14 anos, em especial da rede pública. Ele alega que “há moral sexual dupla”, em que jovens geram ofensas entre si, sendo “intolerável chamar um menino de gay, duvidar da figura do ‘homem’ por ser homossexual”.  Rolim coloca que qualquer diferença já é suficiente para ser chamado de homossexual, como gostar de artes ou simplesmente não jogar bola. Por outro lado, ele ressalta que as meninas que se relacionam com vários jovens são chamadas de “putas” pela comunidade escolar. “Achava que isto tinha terminado. Isto induz que conflitos sejam resolvidos pela violência. A educação sexual não pode ser um meio para xenofobia e preconceito”, colocou.

O jornalista argumenta que a dificuldade da educação sexual no Brasil está ligada à moral religiosa, em especial à Igreja Católica. “A ideia que estimula o sexo saudável envolve ensinamentos sobre métodos contraceptivos, que bate de frente com dogmas do Vaticano’, criticou. Rolim argumenta que o “impedimento da procriação” é tratado por religiões como pecado. “É uma ideia estúpida”, disse. Ele colocou preocupação quando a mídia aborda à exaustão temas como o Caso Isabela, por exemplo, enquanto não se divulga com propriedade notícia que um padre teria abusado de mais de 200 crianças com consentimento do Papa”, disse.

Políticas públicas

Para o presidente da Cece, vereador Mauro Zacher (PDT), que coordenou o encontro, o debate proporcionou uma nova discussão na Casa. “Vamos construir um debate aprofundado. Temos que construir políticas para a cidade e a Comissão está à disposição. É um tema difícil de falar que precisa de ações”, coloca. Para Fernanda Melchionna (PSOL), a Câmara deve lutar por uma legislação que pense o assunto e “que rompa com preconceitos da sociedade”.

Leonardo Oliveira (reg. prof. 12552)