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Dengue ameaça Capital, admite Vigilância Sanitária

Maria Angélica (direita) e Adelaide, da CGVS, falaram sobre dengue Foto: Elson Sempé Pedroso
Maria Angélica (direita) e Adelaide, da CGVS, falaram sobre dengue Foto: Elson Sempé Pedroso

É praticamente inevitável que haja uma epidemia de dengue em Porto Alegre. A afirmação foi feita pelas integrantes da Coordenadoria Geral de Vigilância Sanitária (CGVS) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Maria Angélica Weber e Adelaide Pustai, durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal nesta terça-feira (15/5).

 

"Quanto mais a sociedade estiver mobilizada e informada para combate à dengue, mais chance de evitar a epidemia", afirmou Adelaide. De acordo com Angélica, a SMS deverá chamar 300 novos agentes de saúde, em contrato emergencial, para o combate à dengue em Porto Alegre. Atualmente, são 120 agentes atuando na SMS.

 

Desde 2001, explica Angélica, quando foi constatada a presença do vetor na Capital, há um acompanhamento permanente de áreas consideradas de potencial risco na cidade. Ela explicou que o diagnóstico é feito a partir de análise das larvas encontradas no ambiente para saber se é o mosquito da dengue. "O combate depende da mudança de hábitos das pessoas. Nas residências, em tese, a eliminação das larvas seria fácil, mas deve haver um manejo semanal do ambiente", explicou Angélica, lembrando que o mosquito aedes aegypti é muito adaptado ao ambiente doméstico.

 

Adelaide Pustai relatou que, neste ano, foram registrados 15 casos de dengue em moradores de Porto Alegre que contraíram a doença durante viagem a outros estados. "São 15 oportunidades de transmissão da dengue de pessoas doentes para o mosquito. A doença dura em torno de sete dias. Se, neste momento, o aedes picar um doente, o mosquito fica contaminado e pode transmitir essa doença a outras pessoas."

 

Segundo Adelaide, o diagnóstico da doença deve ser feito a partir de investigação epidemiológica e laboratorial e da suspeita clínica do médico. Cada caso suspeito, explicou, implica na busca de outros doentes num raio de pelo menos 300 metros da residência do doente, bem como nos locais em que freqüenta, para se investigar se há presença do vetor.

 

O diretor estadual do Cadastro Estadual de Vigilância Sanitária ( CEVS), Francisco Paz, observou que a dengue se constitui em enfermidade grave "pelo seu caráter explosivo de causar óbitos". Ele lembrou que, em 2002, uma epidemia de dengue registrada no Rio de Janeiro resultou em 150 óbitos. Segundo Paz, a fêmea do aedes é capaz de picar várias pessoas em um só dia, colocando ovos em água limpa, geralmente dentro de pneus, calhas, telhados, vasos e outros locais, os quais vão gerar novas larvas.

 

Paz informou que o programa de controle do aedes no Estado se iniciou em 1995, quando apareceu pela primeira vez no Rio Grande do Sul. A partir de 13 de abril de 2007, relatou, a ação de controle do mosquito no Estado teve de ser substituída por medidas de controle da doença. "Em 2006, houve 64 casos de doentes de dengue, no Rio Grande do Sul, vindos de outros estados. Atualmente, há muitos casos de dengue em Mato Grosso do Sul. O risco epidêmico existe em Porto Alegre."

 

Paz disse recear que ocorram surtos epidêmicos no Rio Grande do Sul a partir de setembro. "O Estado precisa estar preparado para combater a dengue. Quando a doença chega, a população fica muito preocupada porque percebe o dano que poderia ter evitado, o que não foi feito."

 

Coordenada pelo presidente da Cosmam, vereador Dr. Raul (PMDB), a reunião também teve as presenças dos vereadores Aldacir Oliboni (PT), Claudio Sebenelo (PSDB) e Márcio Bins Ely (PDT), integrantes da Cosmam.

 

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)