Plenário

Minuto de silêncio e pronunciamentos lembram morte de vereadora carioca

Assassinato de Marielle Franco dominou debates desta tarde no Legislativo da capital

  • Movimentações em plenário
    Plenário Otávio Rocha, da Câmara Municipal de Porto Alegre (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Vereadores lamentam a morte da vereadora carioca Marielle Franco. Na foto, a vereadora Fernanda Melchionna.
    Fernanda Melchionna agradeceu solidariedade pela morte da colega do Rio de Janeiro (Foto: Andielli Silveira/CMPA)

Na sessão plenária desta quinta-feira (15/03), na Câmara Municipal de Porto Alegre, foi feito um minuto de silêncio em respeito à vereadora do PSOL-RJ assassinada na noite de ontem, Marielle Franco. O fato predominou nos discursos dos vereadores no período de Grande Expediente e Comunicação de Líderes.

VEREADORA I - Aldacir Oliboni (PT) fez a leitura de uma nota alusiva ao assassinato de Marielle direcionada à bancada do PSOL. “Estamos juntos, ombreando a carga do duro combate sem tréguas [...] Marielle Franco, teu nome, tua história e tua luta não foram em vão”, dizia parte do texto. Segundo Oliboni, existem muitas pessoas na gestão pública que, infelizmente, estão juntos na atitude desleal de apoio ao tráfico, impedindo que políticas públicas cheguem a lugares necessitados. “Marielle perde a sua vida na luta pela busca da dignidade”, finalizou. (AF)

VEREADORA II - Marcelo Rocha (PSOL) lembrou que Marielle, quatro dias antes de seu assassinato, fez uma denúncia sobre o modo violento que o Rio de Janeiro cuida de sua população. “Ela é uma de nós que caiu, que foi morta com todas as características de uma execução. A luta dela não será em vão. ” Segundo ele, não é por acaso que foi assassinada uma mulher negra, lésbica e ativista dos Direitos Humanos. “Aqueles que acham que a solução do país é na bala não terão vez; estaremos sempre aqui a dizer que fascistas, racistas, machistas não passarão”, afirmou. Marcelo recordou, ainda, sobre um artigo de Marielle intitulado Tem saída. “Tem saída e a saída é começar a se respeitar a democracia, a evoluir desse déficit de civilização, em que a resposta para tudo é bala”, concluiu. (AF)

VEREADORA III - Rodrigo Maroni (Pode) lembrou que atuou no PSOL, mas não teve tempo de conhecer Marielle. “Sei e respeito a luta de vocês e acho fundamental existirem organizações políticas das mais diversas”, declarou. Para ele, ser policial hoje é mais do que um trabalho, mas um ato de coragem, pelas situações de perigo e ameaças e pelo baixo salário. “No Brasil não se pode falar sobre tudo. A Marielle fez uma opção corajosa, mas equivocada”, opinou. Para ele, a situação não é apenas sobre as milícias, mas sobre as relações de poderes. (AF)

VEREADORA IV - “É uma ironia que no dia em que nos reunimos para discutir sobre a presença das mulheres na política ficamos sabendo dessa execução”, declarou Mônica Leal (PP). Disse ser revoltante o assassinato de uma jovem, seja por motivação política ou represália, por causa de seu ativismo. Para ela, há uma inversão total sobre o valor da vida, com a violência sendo usada como modo de solução. “Ao calar uma jovem, que tinha suas causas e brigava por elas, calaram muitas de nós. ” Lembrou, então, que é difícil despertar a vontade de mulheres a entrar na política, um universo onde predominam homens, e é ainda mais difícil a sua trajetória nesse meio. (AF)

VEREADORA V - Adeli Sell (PT) também leu a carta que os vereadores do PT redigiram aos parlamentares do PSol: “A longa noite do terror ainda não terminou. Temos que cruzá-la para chegar ao amanhecer. Estamos juntos, lado a lado. esmagaremos a serpente solta do fascismo, ela terá que ser contida. E será, nos protestos e na construção moderna de um novo iluminismo. Iremos aos fóruns internacionais para garantir os direitos fundamentais”. Ele salientou que a luta da vereadora Marielle Franco não foi em vão e que ela será sempre lembrada como uma mulher que buscou dignificar as pessoas. “O que aconteceu no Rio de Janeiro ontem não deve se repetir. A vereadora foi corajosa em denunciar as milícias. Não podemos deixar que isto contamine o resto da nação. Queremos que as pessoas sejam respeitadas pelo simples fato de serem pessoas". (AM) 

DROGAS - Comandante Nádia (PMDB) reiterou que as mulheres desejam uma política com liberdade de expressão, com segurança que garanta a democracia. A vereadora argumentou sobre a liberação das drogas. destacando a preocupação da polícia holandesa sobre a legalização da maconha, que segundo eles não é uma política pública efetiva para o combate ao tráfico de drogas. “A liberdade de consumo e a prostituição têm proliferado gangues que a policia não tem capacidade de combater, os crimes já não podem ser combatidos com os recursos do país. De acordo com um relatório de 2016 da polícia europeia, a holanda era o principal núcleo do tráfico de entorpecentes do continente”, afirmou Nádia. Ela também citou fontes que atestam que a legalização no Uruguai não têm contribuído efetivamente para a diminuição da criminalidade. No Brasil, a parlamentar acredita que o uso de drogas se combate com repressão ao tráfico e com investimento na educação. “Não podemos deixar que as drogas sejam legalizadas no país, seria um retrocesso”, concluiu. (AM)

VEREADORA VI - Fernanda Melchionna (PSol) agradeceu a solidariedade recebida, tanto local como internacionalmente, diante da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes. Melchionna lembrou que Marielle, além de uma vereadora e ativista, era defensora de lutas contra o racismo, atuante em questões de gênero e da juventude, era firme diante dos combates necessários. “Tudo leva a crer que foi uma execução de milícias, que são organizadas com o suporte de agentes do estado, geralmente da polícia militar”, disse. “Sua vida não foi em vão. Não sossegaremos enquanto a investigação não for séria e célere, com culpados identificados e punidos, sejam executores ou mandantes. Temos a convicção de que a tentativa intimidatória de nos calar produzirá o efeito contrário. Podem matar uma flor, mas não podem impedir a primavera”, finalizou. (AM)

VEREADORA VII - Também prestando solidariedade, Delegado Cleiton (PDT) lamentou retornar à Câmara em um momento de tristeza e emoção. “É lamentável não só para a história do Rio de Janeiro, mas para todo o Brasil”. Ao saudar Fernanda Melchionna (PSol), a qual disse admirar pelo sentimento de luta, Cleiton declarou que guerreiras como Mariellle nunca morrem. “Elas deixam uma marca, para mostrar que devemos continuar lutando em favor dos direitos humanos”. Ele destacou também que a suspeita do crime pairar sobre membros de uma instituição de segurança é preocupante. “Uma instituição que deve proteger a sociedade. Essas pessoas devem ser investigadas”. O vereador também contou que foi à Brasília com a Associação dos Delegados do Rio Grande do Sul para discutir o sistema único de segurança pública no país. (MF)

Texto: Adriana Figueiredo (estagiária de Jornalismo)
           Alex Marchand (estagiário de jornalismo)
          Munique Freitas (estagiária de Jornalismo)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)