Comunicações Temáticas

Quinta Temática destaca projeto de restauração do Viaduto Otávio Rocha

Adacir Flores preside a Associação dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha Foto: Vicente Carcuchinski
Adacir Flores preside a Associação dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha Foto: Vicente Carcuchinski (Foto: Vicente Carcuchinski/CMPA)
A Câmara Municipal de Porto Alegre destinou o período de Comunicações Temática, durante a sessão ordinária desta quinta-feira (12/3), para debater o projeto de restauração do Viaduto Otávio Rocha, localizado na Avenida Borges de Medeiros. Segundo o secretário municipal de Obras e Viação, Mauro Zacher, o projeto apresentado é extremamente importante para a prefeitura, que não mediu esforços para resgatar a história da Capital por meio do Viaduto. "Este projeto surge de uma demanda do Plano Diretor de Porto Alegre e está mobilizando 16 secretarias, para que a reforma seja bem-sucedida", disse. Segundo o secretário, diversas entidades, bem como os cidadãos de Porto Alegre, participaram do processo de construção do projeto que está em sua fase final, devendo ser entregue no mês de abril de 2015.

O presidente da Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (Arccov), Adacir Flores, afirmou que o Viaduto representa a memória viva da cultura imaterial de Porto Alegre. "Queremos, acima de tudo, que o poder público enxergue o Viaduto Otávio Rocha como o mais importante monumento da cidade e que ele precisa de reformas, em respeito aos permissionários que estão lá trabalhando", disse.

Flores destacou ainda que a humanização do Viaduto deve ser um dos preceitos mais importantes no seu projeto de restauração. "Devemos focar no processo de retomada daquele espaço por pessoas e eventos culturais, e não apenas usá-lo como via de acesso ao Centro", ressaltou. O presidente lembrou ainda que é preciso retomar o Fundo Pró-Viaduto, no intuito de que se mantenha permanentemente o Viaduto Otávio Rocha.

Adacir Flores concluiu sua fala afirmando que o resultado do trabalho foi "como de um polvo com vários tentáculos". “A Câmara sempre nos dá espaço; por isso, um dos encaminhamentos que gostaria de solicitar é uma audiência na Comissão de Educação e Cultura (Cece) para discutir os valores cobrados pelo Executivo pela permissão de uso das lojas do viaduto”, afirmou, ao ressaltar que a associação já tem protocolado documento junto à Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), para que os valores cobrados sejam revistos. “Queremos pagar, mas pagar o valor justo e resolver esse assunto antes da restauração do viaduto, propondo uma zeladoria tripartite por meio da união entre comerciantes, governo e  moradores do entorno. Nós fazemos parte desse monumento e temos que cuidar e zelar por ele”, finalizou.

A vereadora Sofia Cavedon (PT), que é integrante da Cece, ficou responsável por tratar do agendamento da audiência solicitada por Flores.

O projeto

Os arquitetos Alan Cristian Furlan e Cristiane Gross destacaram os principais pontos que irão fazer parte do projeto de restauração do Viaduto Otávio Rocha e afirmaram que o intuito da proposta é reaver a originalidade do empreendimento. Para Alan Furlan, analisar a parte histórica do Viaduto foi um processo importante na construção do projeto. "Fizemos uma pesquisa histórica sobre o Viaduto para termos o pleno conhecimento da obra. Além disso, fizemos o levantamento da realidade estrutural do Viaduto, para depois analisar as possibilidades de aperfeiçoamento", disse.

O arquiteto afirmou que o projeto visa uma estrutura que dure no mínimo 30 anos, caracterizando-o como uma proposta de longo prazo. Segundo Furlan, o viaduto é uma obra única e singularmente tecnológica, tendo sido, durante anos, o lugar mais iluminado de Porto Alegre. "Queremos retomar esta ideia de iluminação e projetamos um Viaduto com diversas lâmpadas de Led, tendo a prefeitura o controle de mudar as suas cores para determinados eventos culturais", afirmou. 

Um dos principais problemas destacados pelos arquitetos foram as infiltrações do Viaduto, que já foram mapeadas e serão consertadas ao longo das obras. "Avaliamos a história de reformas do Viaduto, para não termos tantas surpresas na hora da obra, e trabalhamos durante quatro meses árduos analisando em quais locais haviam infiltrações e outros problemas hídricos", disse. Furlan afirmou também que o piso do Viaduto será totalmente restaurado, mantendo a arquitetura original, mas se adaptando aos cidadãos deficientes visuais e cadeirantes. "Sabemos que estamos restaurando o Viaduto também no imaginário das pessoas que por ali passam e queremos trazê-lo para o mais próximo do que ele era quando foi concebido, o mais próximo do original, para não perdermos a sua imagem cultural".

O arquiteto falou ainda sobre o sistema antivandalismo e antifurto que será colocado no Viaduto para que os componentes externos de iluminação mantenham-se intactos. Alan Furlan encerrou sua fala afirmando que é preciso que se crie uma gestão ativa e atuante que abrace durante o ano inteiro o uso do Viaduto como um projeto de cultura. 

A arquiteta Cristiane Gross destacou os estudos avançados que foram feitos sobre os problemas estruturais mais antigos do Viaduto. “O objetivo é que esta reforma não seja superficial, mas que resolva todos os problemas técnicos do viaduto.” 


Texto: Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo)
          Clara Porto Alegre (estagiária de Jornalismo)
          Lisie Venegas (reg. prof. 13.688)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)


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