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Vila Maria da Conceição pede maior integração com a BM

Tenente (e) e Marília (d) buscaram melhorar relação da BM e comunidade Foto: Ramon Nunes
Tenente (e) e Marília (d) buscaram melhorar relação da BM e comunidade Foto: Ramon Nunes

A ação do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar, desencadeada na semana passada para desmantelar quadrilha que opera o tráfico de drogas na Vila Maria da Conceição, deixou moradores perplexos e revoltados. Na manhã desta terça-feira (30/9), a presidente da Associação Comunitária da Rua Paulino Azurenha, Marília Fidel, relatou, durante reunião da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh), a truculência dos agentes da BM ao invadirem casas de inocentes.

“Tive minha privacidade invadida, meu guarda-roupa revirado e muitos de meus pertences levados pela Brigada. Não somos contra o trabalho dos policiais, só pedimos mais humanização na abordagem feita aos cidadãos de bem”, clamou ao chorar emocionada. Segundo Marília, o que a vila precisa não é de mais violência e sim de parcerias para desenvolver projetos sociais, culturais e educacionais com crianças e adolescentes. “Queremos prevenção e integração com a Brigada, pois estamos entre a cruz e a espada. Combatemos o tráfico de drogas, mas em contrapartida, não recebemos proteção do Estado”, complementou o morador da Vila Francisco Carlos Trindade.

Punição

Ao reconhecer que muitos erros podem ser cometidos pelos policiais, o Tenente Coronel do 19º Batalhão da Brigada Militar, Aroldo Veriano da Silva, sustentou que abrirá uma sindicância para averiguar os fatos relatados pelos moradores da Maria da Conceição. “Encaminharemos todas as denúncias à Corregedoria da BM para que os responsáveis sejam punidos”, afirmou ao contar que durante a ação dos policias da semana passada, foram realizadas 56 prisões sendo 11 delas de foragidos.

Conforme o tenente, a parceria é importante, pois a vila Maria da Conceição não se enquadra como um caso de polícia, mas como uma comunidade que precisa de investimentos sociais fortes para coibir a prática do crime organizado. “Sou parceiro para ajudar os moradores e fortalecer a relação da Brigada Militar com a vila. Desta forma, poderemos discernir de perto quem são os bandidos e quem são os cidadãos de bem”, sublinhou. Para que os moradores comuniquem a BM de qualquer abuso ou violação de direitos humanos, basta acionar o número 8501-6619 (24 horas) e falar com o próprio tenente Veriano.

Encaminhamentos

Entre os encaminhamentos acordados na reunião, está o desenvolvimento de uma maior integração da Brigada Militar com os líderes comunitários da Maria da Conceição e o pedido através do comando-geral da BM para que o BOE não interfira no trabalho do 19o Batalhão - responsável pela cobertura policial da região.

O presidente da Cedecondh, vereador Guilherme Barbosa (PT), elogiou a iniciativa da Brigada em querer construir uma relação amistosa com os moradores. “A força da BM deve ser usada para combater a criminalidade. Se ela não obtiver o carinho e a amizade das pessoas de bem, a comunidade perderá a confiança nos agentes e enxergará nos traficantes aquilo que elas não vêem na polícia”, frisou.

Participaram da audiência, o vereador Carlos Todeschini (PT), a OAB/RS e o Conselho Regional do Orçamento Participativo.

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

Ouça:
Vila Maria da Conceição protesta contra ações da BM