Sessão solene

Câmara concede título de Cidadão de Porto Alegre a Fernandão

Fernanda, viúva de Fernandão, e filhos receberam o diploma dedicado ao ídolo Foto: Ederson Nunes
Fernanda, viúva de Fernandão, e filhos receberam o diploma dedicado ao ídolo Foto: Ederson Nunes (Foto: Foto de Ederson Nunes/CMPA)
No início da noite desta terça-feira (18/3), a Câmara Municipal de Vereadores concedeu o título de Cidadão de Porto Alegre, in memoriam, ao ex-jogador de futebol do Internacional Fernando Lúcio da Costa, o Fernandão. A homenagem foi proposta pelo vereador Nereu D’Avila (PDT) e foi aprovada por unanimidade pela Casa. A sessão, dirigida pelo presidente da Câmara, vereador Mauro Pinheiro (PT), contou com a presença de dois ex-presidentes do Sport Club Internacional, Fernando Carvalho e Guiovani Luiggi. Fernanda de Andrade Bizzotto, viúva do atleta, recebeu as homenagens. Fernandão nasceu em Goiânia, em 18 de março de 1978, filho de Galdino Lúcio da Costa Filho e Marli Ribeiro da Costa. Ele era pai de Thayná e dos gêmeos Enzo e Eloá.

Nereu D’Avila justificou a homenagem destacando a identidade do jogador colorado com Porto Alegre. Disse que a conquista do titulo mundial passou pela liderança de Fernandão dentro de campo, lembrando que ele “foi o que foi pelos atos que praticou, as ideias e os sentimentos que passou a seus semelhantes fizeram dele um líder que levou o Inter às grandes conquistas”.    

Falando em nome do Inter, o dirigente Sandro Farias disse que Fernandão se encaixaria em qualquer época da história colorada - “no rolo compressor na década de 50, nos anos 70 na conquista do tri” -, destacando o jogador polivalente que era. Pediu a união de todos e à torcida, para que se busque o tricampeonato da América neste ano, como forma de homenagear o grande líder colorado, que também foi técnico e dirigente do Inter depois que encerrou a carreira de jogador. 

Vitórias

Sua carreira teve início nas categorias de base do Goiás Esporte Clube, mas, com o tempo, seu futebol ganhou destaque, e logo surgiu a oportunidade de ir para a Europa, onde jogou pelo Olympique de Marseille por cerca de três anos. Depois, foi transferido para o Toulouse Football Club, também na França. Ao voltar para o Brasil em 2004, assinou contrato com o Sport Club Internacional, dando início ao seu melhor momento no futebol. A estreia de Fernandão no Inter foi num Grenal, quando marcou o milésimo gol da história do clássico.

Além de lhe render uma placa comemorativa, o jogador também caiu nas graças da torcida. Como capitão do time em 2006, vestindo a camisa número nove, Fernandão ajudou a conquistar a Copa Libertadores da América e a Copa do Mundo de Clubes da Fifa, dois dos maiores títulos da história colorada. Voltou nos braços do povo. Em 19 de dezembro de 2006, mais de 50 mil colorados aguardavam o time para a festa.

“Quebrando o protocolo, o capitão protagonizou uma das cenas mais importantes e emocionantes da história do futebol gaúcho: pegou o microfone, subiu no teto de vidro do túnel de acesso ao vestiário e começou a cantar para os torcedores "Oh! Vamo, vamo, Inter!”, lembra Nereu, destacando que Fernandão se tornou um maestro, conduzindo a festa da nação colorada. O jogador ainda esteve presente na conquista da Recopa Sul-Americana em 2007. No ano seguinte foi jogar nos Emirados Árabes defendendo as cores do Al-Gharafa. “Mesmo assim o ídolo continuava ligado à capital gaúcha, casa do clube mais importante de sua carreira e lugar onde viveu por cinco anos e fez amizades”, disse o vereador. 

O retorno

Fernandão retornou ao Internacional em 2011, não mais como jogador, mas como diretor executivo. Assumiu a função de técnico, substituindo Dorival Júnior e iniciando sua primeira experiência como treinador. A nova função, no entanto, não lhe rendeu o sucesso esperado, deixou o clube e retornou para Goiás para cuidar de negócios e desfrutar do seu patrimônio conquistado durante a sua carreira profissional. Ficou comprovado que ele nasceu para atuar dentro e não na lateral dos gramados, lembram os amigos.

Tragédia

No dia 7 de junho de 2014, o mundo esportivo despertou com a notícia da morte de um ídolo do futebol. Um acidente com o helicóptero particular em que Fernandão viajava pôs um fim prematuro à vida do jogador. Mais de 5 mil pessoas se reuniram em frente ao estádio Beira-Rio, a fim de velar o eterno capitão. Entre as homenagens prestadas a Fernandão, uma em especial representa a importância dele para o torcedor colorado. Para eternizar a figura do craque, o Internacional o homenageou com uma estátua em bronze e que está localizada ao lado do Estádio Beira-Rio.

Reconhecimentos

Para o vereador Airto Ferronato (PSB), Porto Alegre é o que é no futebol mundial “graças a grande atletas como Fernandão”. Ele afirmou que, além de grande atleta, Fernandão foi um grande líder dentro dos campos de futebol. Márcio Bins Ely (PDT) lembrou que o titulo que homenageia Fernandão foi aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal, enquanto Dr. Thiago Duarte (PDT) recordou os tambores de Yokohama que acompanharam a delegação colorada na conquista do titulo mundial. “Fiz parte daquele grupo e me sinto orgulhoso pelo feito colorado”, disse o vereador.

Waldir Canal (PRB) recordou o time do Inter dos anos 70, três vezes campeão nacional e que contagiou uma geração. “Quase três décadas depois se repetem os feitos, contagiando mais uma geração”, completou. Já o vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, disse que todos queriam entregar esse título em vida a Fernandão, pelos feitos que fez pela cidade, o estado e o país. “Fernandão fez grandes feitos para todos nós, mas nos deixou prematuramente.”

O amigo

Falando em nome dos ex-presidentes colorados, Fernando Carvalho disse que prefere lembrar a vivência profícua que teve com o atleta. Lembrou que, por causa da lesão de um jogador do inter durante um Grenal, Fernandão entrou, fez o milésimo gol e não parou mais de fazer gols em Grenais. “Fernandão sempre teve uma estrela, e era com ela que todo o time contava. E assim foi na decisão contra o Barcelona, na conquista do mundial.” Revelou que, mesmo jogando fora da sua posição, ele deu a contribuição que o time precisava para conquistar seu maior titulo da história. Agradeceu em nome de todos a homenagem da Câmara, reconhecendo que “tudo o que se faz é pouco para resgatar o que Fernando Lucio da Costa representou para os colorados”. 

A esposa

Por fim, Fernanda Bizzotto, viúva do jogador, emocionada, destacou o amor de Fernandão pela Capital e, em poucas palavras, conseguiu resumir o que foi a curta carreira do marido. “Uns vão muito tarde; outros, muito cedo. Mas quem cumpre sua missão, morre vitorioso”, concluiu Fernanda.

Texto: Flávio Damiani (reg. prof. 6180)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)