Cosmam discute saúde mental e prevenção do suicídio

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), da Câmara Municipal de Porto Alegre, realizou, nesta terça-feira (2/5), uma reunião para tratar da saúde mental e da prevenção ao suicídio na Capital. O tema foi  trazido em decorrência de uma nota técnica transmitida pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sobre a incidência de casos de suicídio notificados pelo sistema de saúde.

Conforme o representante da SMS na reunião, Carlos Pacheco, os atendimentos de casos de suicídio na rede pública ficaram em segundo lugar no primeiro trimestre de 2017. “Jovens e adolescentes somam 8% da população nos casos de suicídio, e estamos especificando os atendimentos nas emergências para o acolhimento adequado desses pacientes, sendo o principal perfil desses jovens a depressão e o uso de substâncias”, explicou o médico. Pelos dados da SMS, não só os suicídios, mas também diversos transtornos psicológicos, são mais frequentes em meninos, e o pico mais acentuado é na faixa etária dos 13 aos 16 anos, no que diz respeito a crianças e adolescentes. O índice de reingresso neste trimestre foi de dez adolescentes que retornaram duas vezes à rede de atendimento e de dois que reincidiram quatro vezes, sendo o tempo de atendimento nas emergências de até 24 horas. “Para a SMS, esses casos relacionados à saúde mental já são de conhecimento dos profissionais da área. O que falta é alertar a população através de políticas públicas de combate a essas doenças ”, complementou.

Pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Roberta Rossi Grudtner destacou a prioridade do atendimento imediato nos casos de transtorno psicológico, pois, conforme o Executivo municipal, atualmente o período de espera da consulta é de 53 dias, e a SMS trabalha numa meta de redução para 33 dias. “É necessária uma atenção 24 horas e portas abertas nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), o cuidado de um grupo de apoio multidisciplinar qualificado e uma rede básica treinada, diagnosticando os casos de risco. Os casos de crianças e adolescentes são a quinta causa nos atendimentos de transtornos”, informou. 

A representante do Sindicato de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Berenice Rheinheimer, enfatizou as ações que a instituição vem realizando para o combate ao suicídio. “Montamos um comitê permanente para discutir e acompanhar de perto as incidências e as principais problemáticas que levam às causas desse tipo de situação. O Rio Grande do Sul é o primeiro Estado em incidência de suicídio no país, e iniciamos uma campanha de incentivo às instituições para registro não somente dos casos, como também das tentativas, para que possamos diagnosticar sua proporção real”, relatou. Conforme a médica, o que aumenta a grande elevação nos índices é a falta de estrutura familiar, o uso de entorpecentes e a depressão. Ela disse que as notícias veiculadas na mídia sobre os casos de tentativa de suicídio também têm estimulado muito mais do que os jogos da internet. “O jogo Baleia Azul é só mais um jogo utilizado por jovens e adolescentes que, há tempos, já vêm se mutilando e atentando contra a própria vida. É toda uma rede que precisa ser envolvida - pais, professores, redes de saúde, Ministério Público e também o Legislativo - para que possamos buscar uma forma de cuidar desses que são vítimas de uma desestruturação sociológica”, finalizou.

Setembro Amarelo

O presidente da Cosmam, vereador Andre Carús (PMDB), juntamente com os vereadores José Freitas (PRB), Aldacir Oliboni (PT), Moisés Maluco do Bem (PSDB) e Paulo Brum (PTB), informou que a comissão irá encaminhar um pedido para que todas as entidades envolvidas na questão participem de forma efetiva na divulgação das ações do Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio. Carús destacou também que já está sendo discutida, no Legislativo, a meta da Prefeitura de reduzir o tempo de espera das consultas nas unidades de saúde e lembrou que é preciso ampliar o nível de confiança das pessoas nos serviços básicos de saúde. “É fundamental a melhoria na atenção básica para que se possam ser trabalhadas com antecedência as questões de gravidade da população", afirmou.

Também estiveram presentes na reunião representantes da Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) e do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas.

Texto: Priscila Bittencourte (reg. prof. 14806)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)