4º Distrito tem potencial de investimento de R$ 28 bilhões

Porto Alegre precisa usar o 4º Distrito para modelar o seu futuro. A opinião é do professor da Ufrgs, arquiteto e urbanista Benamy Turkienicz, que foi o painelista da segunda reunião da Frente Parlamentar do 4º Distrito de Porto Alegre, nesta quinta-feira, 29. Sob a presidência do vereador Ramiro Rosário (PSDB), o encontro virtual teve a participação da comunidade, empresários e interessados nesta região da cidade. “É a área com mais condições, mais apta, para projetar o futuro da Capital nos próximos 30 anos. Temos um potencial de investimento de R$ 28 bilhões na região”, disse Turkienicz, que coordenou a elaboração do masterplan para revitalizar o 4º Distrito da Capital.

Turkienicz afirmou que o investimento na área deve ser feito pela iniciativa privada, com apoio do poder público. O plano prevê uma Operação Urbana Consorciada em 150 hectares, semelhante à dimensão do Puerto Madero, na Argentina. O masterplan sugere uma intervenção por módulos, nas chamadas "quadras rápidas", abaixo da Avenida Farrapos, onde há poucos proprietários e lotes grandes. “Nessa área, é possível realizar uma rápida transformação. Sugerimos que esta iniciativa seja gerida por uma empresa ou por um conselho gestor, com acompanhamento e fiscalização do poder público, para arrecadar fundos de investimento numa determinada área”, recomendou o especialista.

Pelo masterplan, o 4º Distrito seria divido em 10 condomínios, que seriam áreas de intervenção prioritárias. Para tornar o plano realidade, Turkienicz disse que é necessário estabelecer diretrizes urbanísticas específicas para o 4º Distrito, dando segurança aos investidores e empreendedores. Com os 150 hectares da área de intervenção, aproximadamente 100 “quadras rápidas”, o potencial construtivo é de aproximadamente 7 milhões de metros quadrados.

Hoje, o valor do solo no 4º distrito está na faixa de R$ 1 mil o metro quadrado. Com investimentos em infraestrutura e formação de consórcios com empresas, é possível aumentar o valor do metro quadrado para R$ 4 mil na área, o que daria R$ 28 bilhões em potencial de investimentos, que seriam totalmente privados. E o município não precisaria investir em infraestrutura e ainda aumentaria a sua arrecadação. “Só é preciso ter coragem para tomar uma decisão política de se associar a empresas para tomar esse recurso no mercado. Até para obras de infraestrutura há recursos disponíveis, sobretudo em iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável, que inclusive são a fundo perdido”, disse o professor. “É preciso pensar como essa área pode ser importante para o desenvolvimento econômico de Porto Alegre”, defendeu.

 

Em termos de investimentos, o especialista apontou o caminho dos fundos imobiliários. São eles que estão aplicando recursos para transformar e modernizar as principais cidades do mundo. Nesse sentido, a capital gaúcha precisa evoluir do planejamento urbano baseado em regras de conformidade a cada 10 anos para um novo planejamento urbano calcado em regras de desempenho, em tempo real.

Nas cidades super conectadas, ninguém vai esperar uma década para as regras mudarem. “Se os licenciamentos de empreendimentos demorarem dois, três anos, ninguém virá mais a Porto Alegre”, alerta. O especialista projetou que, daqui 30 anos, em 2050, Porto Alegre terá 2 milhões de habitantes e 1 bilhão de sensores. “Será uma cidade super conectada, onde será possível detectar, rastrear e monitorar tudo”, observou.

O vereador Ramiro Rosário comentou a exposição do professor dizendo que, com base em tudo que foi colocado por Benamy Turkienicz, “precisamos agir, e rápido”. A empresária Camila Borelli, CEO do Nau Live Spaces, pediu a colaboração de todos para a realização de um mapeamento de empreendimentos do 4º Distrito. Também estiveram presentes no encontro virtual os vereadores Felipe Camozzato (Novo) e Comandante Nádia (DEM).