Aberta dos Morros quer preservar área rural

Moradores do bairro Aberta dos Morros, uma das maiores áreas verdes de Porto Alegre, querem preservar a área rural em que vivem, especialmente o Morro da Tapera. Eles lutam contra a instalação de uma garagem de ônibus da empresa Viação Teresópolis Cavalhada (VTC) em uma área de três hectares de mata nativa, localizada no pé do morro, na altura do número 2652 da travessa Maurílio Ferreira, quase esquina com avenida Cristiano Kraemer. Para ver de perto a situação, o projeto Câmara na Comunidade esteve no local neste sábado (15/10).

Moradores alegam que a Prefeitura de Porto Alegre não conversou com a comunidade. Segundo Mauri Cruz, não foi apresentado o Relatório de Impacto Ambiental (RIA), nem estudo algum. “Aqui era uma área rural, de preservação ambiental. Acreditamos que isso está ocorrendo devido às mudanças no Plano Diretor da Cidade. Queremos explicações e providências e solicitamos a intermediação da Câmara”, protestou.

Outro fato que preocupa é o impacto que a garagem, que abrigará 120 ônibus, produzirá no sistema viário local e do entorno. “Somos cerca de 2 mil famílias no Aberta dos Morros. Vai atrapalhar, não só nossas vidas, mas também toda a zona Sul da cidade”, acredita Mauri.

A comunidade do bairro Campo Novo, próximo ao do Aberta dos Morros, tem o desejo de transformar outra área do Morro da Tapera - de 4,5 hectares - em um parque de preservação ambiental com infraestrutura para esportes, cultura, lazer e turismo, para ser incluída nos Caminhos Rurais e visando também à Copa de 2014. A área fica localizada na Avenida Cristiano Kraemer, na altura dos números 2069 e 3500. “Atualmente, funciona uma pedreira no local, mas que possui a concessão até 2012”, contou o morador e delegado do Orçamento Participativo, Dario Pajolchek.

A presidente da Câmara, vereadora Sofia Cavedon (PT), prometeu fazer uma reunião com a Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) e a Secretaria de Planejamento em breve. “Queremos que representantes desses órgãos, em um primeiro momento, apresentem à comunidade o RIA e mostrem exatamente o que irá acontecer com a região.” Sofia disse ainda que levará o caso ao Ministério Público Estadual, para que ele se aproprie da questão e impeça que se façam mais agressões ao meio ambiente.

“Já estamos acompanhando o boom imobiliário que vem acontecendo na zona Sul. E os empreendimentos subindo os morros realmente nos assustam”, disse a vereadora. Conforme ela, é necessário saber os impactos que os moradores sofrerão. “A questão viária hoje já é uma angústia. Como ficará com a circulação de 120 ônibus?”, perguntou.

Em relação ao parque ecológico, Sofia apoia o término da exploração das pedreiras. “Com o parque, quem ganha é a cidade.” Compareceram também ao Câmara na Comunidade representantes da EPTC e do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).