Plenário

Câmara homenageia 50 anos da Agapan e Dia das Mães

  • Sessão Ordinária com Período de Comunicações e ordem do dia.
    Ambientalista Francisco Milanez falou em nome da Agapan, em homenagem proposta por Lourdes Sprenger (MDB) (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Vereadora Monica Leal na tribuna.
    Vereadora Mônica Leal (PP) foi a proponente da homenagem ao Dia das Mães (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Durante a sessão ordinária desta segunda-feira (10/5), a Câmara Municipal de Porto Alegre destinou o período de Comunicações para prestar homenagem aos 50 anos da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e ao Dia das Mães. Proponente da homenagem à Agapan, Lourdes Sprenger (MDB) saudou a associação que, há 50 anos, deu visibilidade à defesa do meio ambiente, composta por profissionais, especialistas e biólogos, que trouxeram inovações para a área com ativismo e conhecimento. Lourdes contextualiza que tem como lema a defesa às pessoas e aos animais, e os animais estão inseridos no meio ambiente.

Lourdes afirmou que a Agapan é pioneira em seu gênero no Brasil, tendo recebido o Prêmio Muriqui, e que teve ativa participação em questões como o tombamento da Mata Atlântica, posicionou-se contrariamente à construção de moradias na Orla do Guaíba, e liderou a luta contra uso indiscriminado de agrotóxicos e sobre uso e rotulagem de transgênicos. "Ao pensarmos em desenvolvimento sustentável, é preciso levar em conta a capacidade de atender as necessidades das gerações atuais e futuras sem esgotar os recursos naturais. Devemos propor meios de harmonizar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, pois o Planeta Terra é a morada de todos nós. Cuidando do planeta, estaremos cuidando da sobrevivência da humanidade e de todas as espécies. Daí a importância de entidades como a Agapan", finalizou.

O presidente da Agapan, Francisco Milanez, relembrou a Porto Alegre de 1971, ano de fundação da entidade, quando a Capital era “uma cidade triste, sem flores na primavera porque as árvores eram decepadas no inverno”. Conforme ele, no início dos anos 70, fruto da luta da Agapan, acabaram-se as podas, e Porto Alegre passou a ser referência no que diz respeito à arborização.

Outra luta vitoriosa encampada pela entidade logo após sua criação foi contra a poluição do ar e das águas do Guaíba causada pela empresa Celulose Riograndense (antiga Borregaard Celulose). Destacando o pioneirismo da Capital na causa ambiental, lembrou que a cidade teve a primeira coleta seletiva e a primeira Secretaria Municipal de Meio Ambiente no Brasil. Milanez também abordou a relação entre meio ambiente e saúde. Utilizando o lema da Agapan, “a vida sempre em primeiro lugar”, disse que “não adianta a humanidade tripudiar da natureza, pois ela adoecerá junto”.

Instituição histórica

Leonel Radde (PT) afirmou que a Agapan é instituição histórica e muito importante para todo o país. “Vemos o ambiente sendo atacado pelo negacionismo, por políticas que fomentam o aquecimento global e o uso de agrotóxicos. Esta homenagem é a quem doa a vida em prol da humanidade”, disse. Ao rememorar fato em que estudantes subiram em uma árvore, em Porto Alegre, para que ela não fosse cortada, ainda durante o período da ditadura, Radde ressalta que “se, neste momento histórico, não nos apropriarmos do meio ambiente, muito em breve, as previsões mais nefastas acontecerão e não teremos tempo de modificar o rumo que tomamos”.

Pedro Ruas (PSOL) afirma que passamos por um momento muito difícil tanto na área ambiental como na área da saúde. Menciona que “temos um homem que queria aproveitar a crise para passar a boiada, um bandido defensor de outros bandidos ceifadores de madeira”. Segundo Ruas, o governo federal e municipal optam pelas suas visões de economia quando se tem em jogo a saúde e o meio ambiente, observando que “a economia decorre da vida e não a vida decorre da economia”. Questiona a ausência de projetos ambientais apresentados pelo Executivo e finaliza desejando prosperidade à Associação.

Destacando a atuação de José Lutzenberger, Airto Ferronato (PSB) homenageou  “todos que militam fortemente na causa do meio ambiente”. Para o parlamentar, a Agapan é uma instituição que tem o reconhecimento do povo gaúcho pelo que representa e por suas lutas. Citando que o Brasil “capitaneia” o desprezo com o meio ambiente no mundo, ponderou que a situação seria muito pior se não houvesse a luta histórica em defesa do meio ambiente. “A história da Agapan é um marco na defesa da vida”, afirmou.

Dia das Mães

Proponente da homenagem ao Dia das Mães, Mônica Leal (PP) lembrou que a tradição de homenagear as mães no Parlamento Municipal iniciou com o ex-vereador João Dib e disse considerar a data “um momento a mais para demonstrarmos amor e gratidão por aquela que nos gerou e criou”. Destacando a difícil tarefa de educar outro ser para a vida, elencou obstáculos enfrentados pelas mães na atualidade, como a violência e a pandemia - que ceifam a vida de muitos filhos -, “o malabarismo da tripla jornada” e, em muitos casos, a necessidade de criarem sozinhas seus filhos.

Em nome da Mesa Diretora da Câmara Municipal, o presidente Márcio Bins Ely (PDT) prestou homenagem às mães por ocasião do transcurso da data comemorativa ocorrida no último domingo. Saudando as mães presentes na sessão, o presidente do Legislativo leu uma mensagem de reconhecimento ao papel materno.

A presidente da ACM-RS, Daniela Colussi, disse que a entidade foi a responsável por trazer a comemoração do Dia das Mães ao Brasil, através de seu então secretário-geral, Frank Long. A data foi celebrada pela primeira vez no país justamente em Porto Alegre, em 12 de maio de 1918. A dirigente acrescentou que a ACM está presente em 120 países e tem como objetivo o bem-estar moral, físico e espiritual das pessoas. Em novembro deste ano, a instituição completará 126 anos.

Mulheres negras

Idenir Cecchim (MDB) homenageou às mães vereadoras. Ressaltou também que os debates no Legislativo da Capital devem ser feitos sempre com respeito às diferenças. Segundo ele, mesmo diante de manifestações que às vezes possam parecer provocativas ou ríspidas, é preciso que a população tenha consciência que é algo normal no Parlamento. Disse que as propostas não devem ser menosprezadas, por mais que se discorde delas. Voltando ao tema do Dia das Mães, lembrou a “tia Dica”, que o amamentou quando a sua mãe ficou doente. “Tenho uma dívida com ela, uma mulher negra forte amiga da família, a quem incluo sempre quando faço orações à minha mãe.”

Daiana Santos (PCdoB) saudou a fala de Idenir Cecchim (MDB) por trazer um tema importante às mulheres negras, “que é a construção dessa sociedade com o nosso leite, mas também o nosso sangue”. Saudou todas as mães e lembrou que, de uma forma “muito dura”, as mulheres negras têm participação na construção de uma sociedade ativa, “onde colocaram o leite, mas também muito suor e dor”. Lembrou a tragédia na favela de Jacarezinho, no Rio, onde muitas mães choraram a perda dos seus filhos por conta da violência; “a mesma que se vê todos os dias diante dos corpos negros”. Disse que é preciso evidenciar que há um problema, "o genocídio da população negra e das mulheres negras que sofrem cotidianamente com violência de Estado, que não as olha com o respeito e consideração que merecem”.

Lourdes Sprenger (MDB) também homenageou as mães e ressaltou que Porto Alegre tem o Legislativo com o maior número de vereadoras do país. Mas que, além de homenagens, é preciso falar sobre os maus tratos que muitas sofrem. Ressaltou o trabalho e aprendizado à frente da Procuradoria Especial da Mulher e cobrou maior estrutura para o funcionamento do órgão interno da Câmara Municipal da capital gaúcha e que acompanha temas ligados às mulheres, em especial os que tratam da violência cotidiana e que levam muitas mães a saírem de casa com seus filhos em busca de ajuda, muitas vezes na porta de uma delegacia. Disse que deseja passar à futura procuradora, Cláudia Araújo (PSD), no segundo semestre, uma estrutura mais organizada e preparada para os desafios.

Texto

Liziane Cordeiro (reg. prof. 14176)
Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)
Milton Gerson (reg. prof. 6539)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)