COMISSÕES

Cosmam aborda desafios do atendimento oftalmológico na Capital

  • 19ª Reunião (Ordinária) da COSMAM - Atendimento Oftalmológico no Município
    Secretaria de Saúde apresentou dados sobre a fila do serviço de oftalmologia (Foto: Johan de Carvalho/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)
  • 19ª Reunião (Ordinária) da COSMAM - Atendimento Oftalmológico no Município
    Pauta foi proposta pela vereadora Cláudia Araújo (ao centro) (Foto: Johan de Carvalho/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre debateu nesta terça-feira (13/5) o atendimento oftalmológico na rede municipal de saúde. A reunião foi proposta e conduzida pela vereadora Cláudia Araújo (PSD), que destacou as longas filas de espera e a demora no atendimento especializado. “O paciente que vai numa emergência precisa muitas vezes ir até uma unidade de saúde para ter o código para seguir o seu procedimento. E na grande maioria das vezes isso demora muito: temos casos de pessoas que ficaram ou estão ficando cegas em função da demora”, salientou.

Maximiliano Marques, diretor de relações institucionais do Hospital Banco de Olhos São Pietro, ressaltou os desafios no atendimento de casos mais graves e específicos: “Acesso à refração e à lente é importante, mas sabemos que ofertar uma solução completa também é. Todo mundo se candidata a fazer óculos e lentes, mas quando encontra um glaucoma, uma retinopatia, degeneração macular, ninguém se habilita para isso.” Ele também apontou a falta de repasses financeiros como um dos principais obstáculos para a diminuição nas filas de espera. “Os recursos são destinados mais para o que é frequente e comum, enquanto aquilo que é altamente especializado não tem aporte suficiente”, ilustrou. 

Olga Fredo, representante do Conselho de Saúde Ipanema, relatou que muitos moradores da localidade estão abandonando o tratamento por conta da demora: “As consultas simples de oftalmologia estão demorando dois anos e os pacientes estão desistindo dos atendimentos.” Também descreveu situações graves vividas pelos moradores idosos. “Ouvi o relato de uma senhora que preferia ficar cega a esperar dois anos por uma consulta”, contou. 

Marcelo Debastiani, representante da Prisma Clínica de Olhos, também destacou como a falta de recursos financeiros tem impactado a demanda de atendimentos. “Se tiver recurso, temos capacidade de fazer mais de 800 cirurgias de catarata por mês, 100 cirurgias de pterígio e 50 vitrectomias. Com mais recursos, teríamos capacidade de ajudar a população para não ficar tanto tempo esperando por uma consulta”, frisou. 

Cristina Correa, representante da Secretaria Municipal de Saúde, explicou como o envelhecimento da população tem contribuído para o acúmulo de pacientes nas filas de triagem visual, já que muitos retornam ao sistema mesmo após a consulta inicial: “Acaba não reduzindo nunca, porque o paciente faz a consulta e retorna para essa mesma fila daqui a seis meses ou um ano para revisão”. Também afirmou que a unificação da fila de atendimentos oftalmológicos dos níveis estadual e municipal contribuiu para o aumento no tempo de espera: “Essa unificação traz todos os pacientes com solicitações para o nosso município. Essas solicitações, sendo mais antigas e com a mesma gravidade, entram antes do que nossos munícipes”. 

Nos encaminhamentos, ficou estabelecido um pedido de informação para a Secretaria Estadual de Saúde referente à fila de espera de pacientes oriundos de outras localidades que aguardam atendimento no município. Os parlamentares também irão formular um documento institucional da comissão reforçando o apoio para maior destinação de recursos e contratação de serviços para o sistema municipal. Por fim, foi definido o agendamento de duas visitas à Prisma Clínica de Olhos e ao Hospital Banco de Olhos São Pietro. 

Texto

Laura Paim (estagiária de Jornalismo)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)