Cosmam debate inclusão de Libras nos atendimentos médicos da capital

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Porto Alegre (COSMAM) discutiu hoje (03/06) o atendimento médico com intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para pessoas com deficiência auditiva através do Centro de Interpretação de Libras (CIL). A proposta foi feita pelo vereador Hamilton Sossmeier (PODE) e a reunião conduzida pela presidente, Psicóloga Tanise Sabino (MDB). A sessão contou com a presença de representantes da Coordenação de Direitos das Pessoas com Deficiência da Secretaria Municipal de Inclusão e Desenvolvimento Humano (SMIDH), Secretaria Municipal de Saúde, CIL e Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos.
Vereador José Freitas (REPUBLICANOS), autor do projeto de lei que criou o CIL, afirmou que um dos principais empecilhos para o programa é o tratamento recebido pelos próprios agentes públicos. “O intérprete muitas vezes é barrado dentro dos nossos órgãos municipais, nós precisamos mudar isso”. O vereador também pediu união e apoio de todos para expandir para os dias do final de semana e atendimento 24 horas para o projeto que hoje só funciona durante a semana nos turnos da manhã e da tarde. “Tem que ter um olhar especial da prefeitura para esse grupo. São mais de 80 mil pessoas surdas que precisam de assistência na capital”, completou.
Alessandra da Rosa Goulart, coordenadora e intérprete da CIL, trouxe dados de atendimento feito pelo CIL. “Foram três mil atendimentos no primeiro ano. Agora, no segundo ano, foram seis mil atendimentos realizados”. Goulart afirmou que um dos principais problemas para o atendimento de surdos na capital é a falta de conhecimento sobre os direitos, seja por parte do paciente ou do médico.
Diego Silva, representante da comunidade surda e um dos idealizadores da CIL, afirmou que muitas crianças surdas com implante de aparelho auditivo acabam não usando o implante pois apresentam maior facilidade de se desenvolver usando Libras e acabam abandonando o aparelho. “É importante que os médicos tenham consciência que existem vários caminhos e que a língua principal da comunidade surda é a Libras e, com a presença do intérprete, ele consegue se desenvolver plenamente”. Além disso, solicitou a ampliação dos horários de atendimento do CIL.
Geórgia Volkmer, da área técnica da Pessoa com Deficiência da Secretaria da Saúde, ressaltou a importância de conscientizar os agentes da saúde. “Muitas pessoas têm o entendimento que o bilhetinho e a mímica servem e que não precisa de nada mais. Alguns pedem por um curso básico de Libras. Eu sempre brinco que isso é a mesma coisa que eu com meu inglês básico tentar me comunicar com um americano.”
Encaminhamentos
Nos encaminhamentos, foi solicitado ao município indicativos dos números de atendimentos presenciais em postos de saúde e hospitais pelo CIL. Também será solicitada à Prefeitura a ampliação dos dias e horários de atendimentos da CIL para abranger os finais de semana. Por último, ficou encaminhado pedido à Mesa Diretora da Câmara a instalação de uma central de interpretação de libras para atender ao plenário.