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Cosmam fiscaliza atendimento no Postão da IAPI

Vereadores ouviram demandas da comunidade Foto: Desirée Ferreira
Vereadores ouviram demandas da comunidade Foto: Desirée Ferreira (Foto: Desire Ferreira/CMPA)
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre visitou, na manhã desta terça-feira (29/4), a Unidade Básica e de Saúde da Família da Vila IAPI (Postão), na zona norte da Capital. Com a sala de reuniões parcialmente ocupada, lideranças comunitárias e representantes dos órgãos ligados às políticas de saúde falaram e acompanharam os depoimentos sobre o atendimento prestado pelo município à população dos bairros Humaitá, Navegantes, IAPI e as Ilhas das Flores, dos Marinheiros e da Pintada.

Segundo a gerente do Postão, Ana Lúcia Dagord, o IAPI atende uma população em torno de 180 mil pessoas. “É o maior da cidade, com contraste entre o melhor e o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Porto Alegre”. Reconheceu que o número de servidores que se aposentam é bem maior do que o reposto, justificando a falta de especialistas em algumas áreas. Questionada sobre a remarcação de consultas dos pacientes que são atendidos no posto, uma das reclamações recorrentes de todas as Unidades visitadas pela Cosmam, Ana confirmou que os médicos não podem mais agendar o retorno dos pacientes e que estes precisam se submeter à uma central de triagem para garantir o retorno. Isso, segundo médicos, enfermeiros e especialistas, demanda tempo e causa transtornos.

Jorge Eltz, do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), observou que a reposição de servidores é muito lenta por parte do poder público. “Os postos foram municipalizados há mais de 10 anos, e a Secretaria Municipal da Saúde não conseguiu resolver a situação”, lamentou. 

Fragmentação

Para o presidente da Cosmam, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), não pode haver fragmentação nas consultas. Lembra que o paciente, muitas vezes, é encaminhado para postos de saúde muito afastados do local onde reside. “É comum marcar ou remarcar uma consulta de um paciente que mora na zona sul de Porto Alegre para as 7 horas em um posto da zona norte. É impossível para esse paciente chegar no horário marcado”, disse o vereador, justificando que é preciso que se faça uma regionalização no atendimento e se criem condições para que as consultas ocorram em UBS próximas à residência do paciente. A vereadora Loures Sprenger (PMDB) lamentou que esse assunto seja recorrente em todas as pautas da Cosmam. “Muito foi gasto na informatização da saúde em Porto Alegre, e o investimento não tem dado resultado.”
 
Já a vereadora Jussara Cony (PCdoB) revelou que está organizando um seminário, via Cosmam, para discutir a gestão pública com um viés para a área da saúde. “É preciso que se tenha um plano diretor para toda a cidade com prioridade à saúde”, disse Cony. O vereador Mário Manfro (PSDB) também falou sobre as dificuldades no atendimento em todas as áreas da saúde na Capital, mas reconheceu que, no IAPI, a criação do Centro de Especialidades Odontológicas “foi um ponto altamente positivo e deve ser destacado, porque trouxe qualidade ao serviço de atendimento público”, disse ele. 

Manifesto 

Pedro Luiz Lemos, do Conselho e Desenvolvimento Social Noroeste, entregou aos vereadores um “manifesto pela restauração da dignidade do usuário da saúde”. O documento de apenas duas páginas pontua uma série de problemas e aponta soluções essenciais para este retorno. Reforça a necessidade de repor as especialidades suprimidas pelas aposentadorias e pede a ampliação na contratação de exames essenciais. O documento indica ainda algumas saídas para melhorar o atendimento, como a necessidade de acelerar o projeto da Unidade de Pronto Atendimento Navegantes, a fim de desafogar os serviços e proporcionar maior número de médicos e especialistas para atender a população. Os moradores também pedem o retorno do atendimento 24 horas diárias. 

Promotoria

O Ministério Público tem acompanhado as demandas da saúde na Capital. Segundo a promotora de Justiça Liliane Pastoriz, a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos está programando para os próximos dias uma série de visitas aos postos de atendimento da Capital, a fim de diagnosticar de perto os principais problemas que envolvem a gestão e os serviços prestados à população. Confirmou que, no próximo dia 12, agendará visitas e vistorias conforme a Cosmam vem realizando. “Temos constatado que Porto Alegre tem inúmeras deficiências, e o Ministério Público está atento.” 

A Comissão decidiu adiar a visita ao Posto de Saúde do bairro Navegantes, que também estava programado para a manhã desta terça-feira. Uma nova data será marcada.

Texto: Flávio Damiani (reg. prof. 6180)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)