COMISSÕES

CPI da Pousada Garoa faz oitivas com duas testemunhas

  • Oitivas de Testemunhas.
    A advogada e curadora judicial Vanessa Canabarro iniciou seu depoimento contando que alguns de seus curatelados moram ou moravam nas Pousadas Garoa (Foto: Marlon Kevin/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)
  • Oitivas de Testemunhas.
    A segunda testemunha ouvida pelos membros da CPI foi a sócia proprietária da empresa Protege Comércio de Extintores, Joseli Nogueira de Souza (Foto: Marlon Kevin/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)

Na manhã desta segunda-feira (12/05), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o incêndio na Pousada Garoa realizou oitivas com duas testemunhas: a advogada e curadora judicial Vanessa Canabarro, e a sócia proprietária da empresa Protege Comércio de Extintores, Joseli Nogueira de Souza. A reunião foi conduzida pelo presidente da CPI, vereador Pedro Ruas (PSOL), e aconteceu no Centro de Convivência, anexo à Câmara, em razão dos reparos feitos na rede de energia do prédio.

Vanessa Canabarro

A advogada e curadora judicial Vanessa Canabarro iniciou seu depoimento contando que alguns de seus curatelados moram ou moravam nas Pousadas Garoa, portanto, já frequentou estes locais diversas vezes. Ela classificou as condições das pousadas como “péssimas” e “insalubres”, devido a fiação solta e a sujeira. “Já cheguei à noite e a pousada estava fechada com cadeado. Eu consegui entrar com muita insistência. Isso inclusive após o incêndio”, contou. “Alguns dos meus curatelados preferem morar na rua do que morar em uma Pousada Garoa”, completou.

Sobre seu ingresso nas sedes da Garoa, afirmou que “todas as vezes que eu entrei um uma Pousada Garoa, eu fui intimidada”. Quanto às condições de segurança da pousada antes do incêndio, Vanessa disse que não havia saídas de emergência, nem rotas de fuga; as janelas e portas eram todas trancadas com cadeado. “Era uma tragédia anunciada”, apontou.

De acordo com a curadora, a Prefeitura não entrou em contato com nenhum de seus curatelados depois do incêndio. “Essas pessoas que estavam ali não foram direcionadas para nenhum local”, garantiu. Revelou ainda que alguns foram ameaçados após o ocorrido e que ficaram com medo de falar, sob pena de perder os auxílios da Prefeitura. Quando questionada, ela disse que não poderia citar os nomes dos envolvidos.

Em relação à presença de facções dentro da Pousada Garoa, a advogada disse que não poderia afirmar que havia, mas que “há pessoas com tornozeleira (eletrônica) e pessoas do tráfico, e essas pessoas dominam e as outras obedecem”. Vanessa também contou que na ocasião do incêndio, tinha um curatelado seu na Pousada Garoa da Farrapos, chamado Jorge, cujo sobrenome não se recordava. Ele não estava lá pela Prefeitura, e sim, junto com um amigo. 

Ela finalizou relatando que já fez denúncia no Ministério Público, via petição nos autos, sobre as condições de moradia inadequadas de seus curatelados nas Pousadas Garoa.

Joseli Nogueira de Souza

A segunda testemunha ouvida pelos membros da CPI foi a sócia proprietária da empresa Protege Comércio de Extintores, Joseli Nogueira de Souza. Ela explicou que sua empresa presta serviços para as Pousadas Garoa desde 2024 e que em abril do ano passado, eles pediram vistoria nos equipamentos de extintores de incêndio vencidos. “No dia do incêndio, eu mandei um WhatsApp para o André (Kologeski, proprietário das Pousadas Garoa), mas não recebi retorno. À noite, pegou fogo na pousada”, relatou.

Conforme Joseli, as vistorias feitas por sua empresa são para verificar o vencimento dos extintores, qualquer outro tipo de vistoria técnica, tais como Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), é realizada pelo Corpo de Bombeiros. Ela contou que, somente após o incêndio e notificação dos Bombeiros, o proprietário das Pousadas Garoa fechou contrato para sua empresa executar o serviço de troca dos extintores vencidos e também de treinamento de Brigada de Incêndio, este já em 2025. De acordo com a testemunha, eram em torno de seis ou sete extintores vencidos entre todas as Pousadas Garoa em que sua empresa prestou serviço.

Quando questionada sobre de quem é a responsabilidade quanto à fiscalização das condições dos extintores de incêndio, Joseli afirmou ser do proprietário. Por fim, os vereadores integrantes da CPI solicitaram à testemunha cópia do orçamento produzido por sua empresa antes do incêndio na Pousada Garoa – que não foi executado –, bem como o orçamento do serviço realizado após o ocorrido.

Na conclusão dos trabalhos, o presidente da CPI disse que nesta quarta-feira (14/05), pela manhã, haverá uma sessão extraordinária da Comissão, para atender ao requerimento de nova oitiva, em caráter reservado, do sobrevivente do incêndio Glaucio Oxley da Rosa.

Texto

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)

Edição

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)