COMISSÕES

CPI da Pousada Garoa ouve depoimentos de bombeiros

  • 8ª Reunião Ordinária para oitivas de testemunhas e votação das Atas.
    Comissão ouviu Lucio Junes (D), ex-comandante do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros (Foto: Marlon Kevin/CMPA)
  • 8ª Reunião Ordinária para oitivas de testemunhas e votação das Atas.
    Tenente-coronel Joel Dittberner (D) também prestou depoimento (Foto: Marlon Kevin/CMPA)

Na manhã desta segunda-feira (5/5), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o incêndio na Pousada Garoa ouviu o depoimento de dois integrantes do Corpo de Bombeiros Militar do RS. Por conta da falta de energia elétrica no prédio da Câmara, a reunião ocorreu em uma das salas de comissões. O encontro foi conduzido pelo presidente da CPI, vereador Pedro Ruas (PSOL).

O tenente-coronel Lucio Junes da Silva, que, à época do incêndio, era o comandante do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, afirmou que as condições da pousada contribuíram para a propagação do fogo e dificultaram a saída das pessoas do prédio. Ele citou a existência de adaptações precárias, de divisórias com material inflamável e de problemas na parte elétrica.

Junes relatou que, ao chegar no local, os bombeiros se depararam com chamas generalizadas pela fachada da edificação. Eles conseguiram acessar o primeiro pavimento do edifício, mas parte da estrutura começou a colapsar e havia rápida propagação das chamas.

O tenente-coronel contou que os bombeiros resgataram, por meio da autoescada mecânica, uma vítima que estava na marquise do prédio. O Corpo de Bombeiros também prestou atendimento às pessoas que conseguiram sair por conta própria. Após o controle do incêndio, o órgão realizou a busca por vítimas no interior da edificação.

Junes afirmou que o prédio provavelmente não atenderia aos critérios para obter o licenciamento para a ocupação de uma pousada. Questionado, disse não saber precisar a origem do fogo: “O incêndio estava generalizado, não conseguimos identificar uma eventual causa”.

PPCI

O tenente-coronel Joel Dittberner confirmou que os prédios da unidade da av. Farrapos não possuíam PPCI para a utilização como pousada: “Não havia licenciamento para aquele tipo de ocupação”. Disse que o órgão não recebeu denúncias, antes do incêndio, sobre as condições do local: “Não houve vistoria do Corpo de Bombeiros” na pousada, segundo ele.

Ele afirmou que havia um PPCI anterior, apresentado em 2019, para o uso do local como escritório. Esse plano exigia alterações, que não foram realizadas pelo proprietário, conforme Dittberner. Ele esclareceu que buscar o licenciamento é um encargo do proprietário e do responsável pelo uso da edificação.

O tenente-coronel disse que a pousada não se enquadraria na dispensa de alvará prevista na Lei de Liberdade Econômica, pois tinha área superior a 200m², limite previsto na legislação. Ele afirmou que mesmo os locais que se enquadram nessa exceção precisam ter as medidas de combate a incêndio instaladas – como extintor de incêndio, sinalização e saída de emergência – e uma pessoa capaz de utilizá-las. Esse não era o caso da Pousada Garoa, de acordo com ele.

Dittberner afirmou que “não é possível precisarmos a causa do incêndio” e que o Corpo de Bombeiros não tem equipe capaz de fazer a perícia, sendo essa uma responsabilidade do Instituto-Geral de Perícias. Disse ainda não ter informações sobre as exigências da Prefeitura em relação à Pousada Garoa.

Requerimentos

Após as oitivas, os parlamentares aprovaram dois requerimentos apresentados pelo vereador Ramiro Rosário (Novo). A comissão enviará aos órgãos públicos de polícia um pedido de condições especiais de segurança e de proteção a Glaucio Oxley da Rosa, sobrevivente do incêndio que irá prestar um novo depoimento em sessão fechada, restrita aos vereadores que integram a comissão. A CPI também irá sugerir que a testemunha busque ingresso no Programa Estadual de Proteção, Auxílio e Assistência a Testemunhas Ameaçadas (Protege).

O segundo requerimento aprovado é a realização de uma nova oitiva com o ex-secretário de Desenvolvimento Social Léo Voigt. Conforme Ramiro, há inconsistências e contradições entre a fala de Voigt em um comparecimento à Câmara no ano passado, logo após o incêndio, e o depoimento prestado por ele na CPI. O presidente Pedro Ruas e o relator Marcos Felipi (Cidadania) ressaltaram que pretendem encerrar os trabalhos da comissão dentro do prazo de 120 dias, que se encerra em meados de junho.

Texto

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)