Plenário

Ecobarreira do Dilúvio recolheu 540 toneladas de dejetos em três anos

Estrutura foi instalada em 2016 na foz do arroio. Material recolhido é encaminhado para reciclagem

Apresentação de dados da Ecobarreira do Arroio Dilúvio pelo Instituto Safeweb. Na foto: presidente do Instituto Safeweb, Luiz Carlos Zancanella Junior
Zancanella detalhou ao plenário funcionamento e objetivos da estrutura existente no Dilúvio desde 2016 (Foto: Leonardo Contursi/CMPA)

Luiz Carlos Zancanella Júnior, da empresa Safeweb, afirmou na tarde desta quinta-feira (2/5), que a ecobarreira instalada na foz do Arroio Diluvio desde 2016 vem se tornando mais do que um simples limpador deste curso d´água. “É também um movimento, um conceito”, salientou ele, e completou: “Todo o porto-alegrense que vê o lixo flutuando em um lugar errado tem um impacto negativo”. As afirmações foram feitas a vereadores e vereadoras durante sessão ordinária desta tarde na Câmara Municipal da capital, durante o período de comunicações que tratou deste tema.

Conforme Zancanella, a ecobarreira, em três anos, já recolheu mais de 540 toneladas de lixo. Ele lembrou, porém, que os dejetos que têm seu curso interrompido pela estrutura localizam-se em um espaço de 20 centímetros da água em seu nível de superfície, que no local tem um total de dois metros de profundidade. “O que passa por baixo não é dimensionado”, lamentou. O material recolhido no local é acondicionado em sacos pela empresa e retirado periodicamente por caminhões da prefeitura, explicou ainda o orador, e levado para áreas de transbordo, onde são separados os recicláveis daqueles que não tem mais aproveitamento.

Continuidade

Atualmente, disse Zancanella, numa complementação do trabalho feito, e de forma a educar a população com respeito ao recolhimento dos rejeitos urbano, crianças de escolas públicas localizadas em regiões próximas ao arroio são levadas até a ecobarreira a fim de conhecerem o impacto no meio ambiente causado por lixo mal descartado. A origem do material que flutua no Dilúvio, lembrou ainda o representante da Safeweb, tem diversas origens, desde o descaso da população com o meio ambiente à falta de locais para colocação do lixo. “Em ocupações irregulares, perto das nascentes, não há recolhimento, e tudo vai parar no arroio”, exemplificou.  

A ecobarreira, salientou Zancanella, teve um custo de instalação de R$ 250 mil. Mensalmente, para pagamento de dois operadores, seguranças no turno noturno, troca de material e manutenção, a empresa investe R$ 20 mil. “Há zero de dinheiro público ali”, afirmou ao lembrar ainda que a estrutura foi instalada após ser firmado contrato de cinco anos com a prefeitura. “Já foram três. Após, não se sabe o que vai acontecer”, disse e concluiu: “Gostaria que ela não fosse necessária, que a água fosse limpa. Mas acho que isso não vai acontecer, e por isso gostaria que a ecobarreira ficasse ali até o dia que não for mais necessária”.

Vereadores

André Carús (MDB) definiu a ecobarreira como um exemplo bem-sucedido. Com isso, Carús destacou a parceria do setor público com o setor privado. Como ex-diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), o parlamentar falou da oportunidade que teve de participar da construção desse convênio e, posteriormente, da função operacional dele. Durante o período, o emedebista salientou que “o Guaíba é o nosso manancial hídrico. É dele que é captada a água para o consumo da população”. Mas, infelizmente, lamentou Carús, “pneus e até sofás são recolhidos do arroio, e eles não vão até lá caminhando sozinhos”. O vereador classificou o projeto como fundamental, além fazer questionamentos crítcos sobre os serviços prestados pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSurb). (BSM) 

Moisés Barboza (PSDB) disse que acompanha o assunto do arroio há anos. “Desde quando apresentamos a proposta da Frente Parlamentar do Arroio Dilúvio”, falou. Posteriormente, Barboza comentou que o ideal seria que não tivéssemos a necessidade da ecobarreira. Elogiou, todavia, o pertencimento da Safeweb. “Parabenizo as pessoas que se dedicaram a transformar a ecobarreira numa realidade”, mencionou, embora o parlamentar considere que a solução não seja rápida. (BSM) 

Adeli Sell (PT) lamentou a falta de preocupação do atual governo municipal com as questões ambientais em Porto Alegre. Segundo ele, aquelas pessoas que deveriam cuidar das questões ambientais do município abandonaram a causa. Observou que a maioria dos vários pedidos de informação e de providências feitos pelos vereadores ao Executivo municipal não costumam ser atendidos. Adeli destacou a importância de haver um trabalho de educação ambiental para conscientizar as pessoas sobre a necessidade de separar e reciclar o lixo na cidade. Elogiou o trabalho desenvolvido pela Safeweb no Arroio Dilúvio e manifestou seu apoio para que as ecobarreiras continuem sendo disponibilizadas naquele local.

Lourdes Sprenger (MDB) afirmou que seria um sonho se não precisássemos mais da ecobarreira. No momento, Lourdes deu ênfase à educação ambiental. Disse que não adianta as campanhas de educação ambiental serem desenvolvidas somente durante a Semana do Meio Ambiente. A vereadora opinou no sentido de o ensino ser continuado, porque, de acordo com ela, “a educação precisa entrar na cabeça das pessoas”. Lourdes também falou sobre a fiscalização e a aplicação de multas no incentivo à educação. “Se não agirmos assim, a população não vai se educar”, defendeu. (BSM)

Engº. Comassetto (PT) ressaltou a importância da iniciativa da ecobarreira que, para ele, é excelente. O parlamentar aproveitou a oportunidade, todavia, e elencou um conjunto de considerações que poderiam ser seguidas na cidade. “Em 1990 tive o prazer de coordenar e implementar as feiras ecológicas em Porto Alegre”, recordou ao mencionar que, no período, “resíduos flutuantes eram retirados das nossas águas”. Comassetto sentiu pela falta de educação ambiental no município. O petista lembrou, também, do programa “Arroio não é valão”, implementado no governo Tarso Genro. “É uma lástima que o programa tenha sido extinto”, disse, ao sublinhar que “este tema não pode ser esquecido, assim como a educação ambiental também não”. (BSM)

Texto

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Bruna Schlisting Machado (estagiária de Jornalismo)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)