Comissões

Engenheiros criticam lei de licitações do município

Vereadores ouviram as denúncias da categoria Foto: tonico alvares
Vereadores ouviram as denúncias da categoria Foto: tonico alvares

Profissionais de engenharia de Porto Alegre estão vivendo um impasse ao tentarem participar de concorrências para execução de obras públicas na cidade. Os conflitos foram explanados à Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal, nesta sexta-feira (14/3). Segundo os relatos, o entrave está na aplicação da lei de licitações do Município. No artigo 30 da legislação consta a exigência de apresentação de atestado técnico do profissional para que o responsável consiga operar obras e serviços públicos. “Entretanto, não é o que acontece na prática”, denunciou o engenheiro Miguel Frederico Torok.

Segundo a advogada de Torok, Cristiane Izquierdo, em vez de a prefeitura exigir o atestado dos profissionais, ela requer os atestados das empresas para as quais os engenheiros trabalham.“Está acontecendo o inverso do que prevê o dispositivo. Ao contrário de favorecer a pessoa física, a prefeitura beneficia a pessoa jurídica. O que é ilegal neste caso”, argumentou.

Conforme João Abilio dos Santos, proprietário de uma empresa de engenharia de pequeno porte, as atitudes do Executivo prejudicam a atividade profissional, “pois cerceiam o exercício dos escritórios pequenos, que são esmagados pelos grandes”. Abílio é engenheiro há 25 anos e já foi funcionário de uma grande empresa mas, ao optar pelo negócio próprio, seus atestados passados ficaram retidos com a empreendedora antiga. “Agora, não consigo participar de nenhuma concorrência pública porque meus currículos estão presos com as empresas grandes”, afirmou. Segundo ele, as mesmas empresas continuam participando e ganhando as licitações para construção de obras na Capital. “Com acervo técnico que é nosso”, criticou.

Presente na reunião, o representante da Procuradoria Geral do Município (PGM), Nelson Marisco julgou relevante a denúncia dos engenheiros e comprometeu-se em averiguar o caso para identificar o problema. "Da maneira como está explicada a situação do mercado, percebemos uma concorrência pública desleal".
 
Para os vereadores da Comissão, a situação é complexa e precisa ser avaliada com cuidado. Segundo o presidente da Cedecondh, vereador Guilherme Barbosa (PT), será encaminhado pela Câmara à PGM um ofício com pedido de audiência para tratar do tema. “Temos que fiscalizar a prefeitura de perto, pois é vísivel a reserva de mercado ao não possibilitarem a inserção de novas empresas nas competições públicas.”

O vereador Carlos Todeschini (PT) sugeriu que todos os editais em andamento no momento sejam suspensos pelo Executivo. “Se estes editais possuem elementos estranhos à constituição, é urgente o cancelamento. A partir daí, conseguiremos avaliar e tratar do problema”.

Estiveram presentes na reunião representantes do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul e do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa).
 
Ester Scotti (reg. prof. 13387)