250 anos de POA

Escola do Legislativo promove palestras sobre museu e redemocratização

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A Escola do Legislativo Julieta Battistioli realizou palestras esta semana dentro das comemorações da Câmara Municipal de Porto Alegre alusivas aos 250 anos de fundação da Capital. Ambos os eventos foram transmitidos por videoconferência pela plataforma Zoom.

 

No dia 22, o tema foi o Museu Joaquim José Felizardo, sua história, acervos e perspectivas para os 250 anos da Capital. Foram convidados para a conversa Zita Possamai, docente do Curso de Museologia na UFRGS, e Vicente Bogo, diretor do Museu Joaquim José Felizardo e ex-vice governador do Rio Grande do Sul. Os vereadores Matheus Gomes (PSOL) e Leonel Radde (PT) também participaram.  A mediação foi de Jorge Barcellos.

 

Matheus Gomes falou sobre a importância da Escola do Legislativo e da Câmara como um agente ativo na construção da memória política da cidade. “Nosso grande desafio é pensar como o poder público, neste momento, não apenas enquanto política de governo, mas como uma visão de Estado, inclui a valorização de espaços como o Museu e do conjunto dos ambientes que preservam um acervo histórico sobre esses 250 anos formais, mas também o que veio antes da constituição da Porto Alegre da forma como a gente conhece hoje”, afirmou o vereador.

 

Leonel Radde comentou sobre as defasagens de espaços como o Museu Joaquim José Felizardo e a importância de construção de políticas públicas de fomento à cultura, com a Frente Parlamentar em Defesa da Cultura, aprovada em março de 2021 por unanimidade na Câmara. “Acreditamos que o poder público tem que olhar para a arte e para a cultura de uma forma mais cuidadosa”, completou o vereador.

 

Zita Possamai falou da importância do Museu Joaquim José Felizardo na preservação da cultura visual e material e também para contar a história de Porto Alegre. A professora lembrou o uso da política para manter a preservação do patrimônio histórico e cultural da capital. Segundo a professora, o Museu não é apenas um centro cultural, mas um agente indispensável na preservação do patrimônio da cidade.

 

Vicente Bogo destacou a restauração do Museu, que está em andamento durante a sua passagem pela diretoria. Ele mencionou a Lei Rouanet como uma alternativa para captação dos recursos para a restauração. Também falou sobre a modernização e a renovação dos equipamentos de informática da instituição. Para o diretor, a educação patrimonial é indispensável para desenvolver a cidadania e reduzir o vandalismo na cidade.

 

Jorge Barcellos, representando a Escola, apontou a relevância de comemorar os 250 anos de Porto Alegre partindo do Museu Joaquim José Felizardo, que preserva a memória da cidade e também debatendo políticas públicas de manutenção do patrimônio histórico e cultural porto-alegrense.

 

Redemocratização

 

No dia 23 de março, o tema da palestra foi Porto Alegre e o Processo de Redemocratização (1985-2022). Para falar sobre o assunto, foram convidados Adalmir Marquetti (PUCRS), Alfredo Gugliano (UFRGS), Luis Gustavo Grohmann (UFRGS), Rodrigo González (UFRGS), Francisco Milanez (Agapan) e Terezinha Vergo (UFRGS).

Alfredo Gugliano, professor do departamento de Ciência Política da UFRGS, abriu a conversa ressaltando o papel da cidade de Porto Alegre nos movimentos pela redemocratização do Brasil. Também apontou a cidade como uma das mais inovadoras no processo democrátic através de políticas públicas e do pioneirismo na implantação do orçamento participativo.


Luis Gustavo Grohmann, também professor no departamento de Ciência Política da UFRGS, apresentou um quadro com as votações para vereadores de Porto Alegre separados por partidos. O quadro indicou participação decrescente dos partidos que entraram na política em 1988, durante a abertura política. O professor explicou que a sociedade em Porto Alegre está mudando suas relações com a política.


Adalmir Marquetti, professor do departamento de Ciências Econômicas da PUCRS, apresentou um levantamento do desenvolvimento da democracia desde a década de 1980, comparando com os Estados Unidos e a Europa. Também apontou o Orçamento Participativo como uma alternativa de democracia participativa, em que os cidadãos participam do processo de tomada de decisão. O professor também falou da importância da participação das classes mais baixas no OP.


Francisco Milanez, diretor técnico-científico da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), contou a história da associação e destacou o seu pioneirismo como entidade ambientalista. Também falou sobre a problemática de construir uma democracia estável em uma era de manipulação da informação. Milanez apontou a educação para as mídias e para a política como uma solução para manter o desenvolvimento da democracia.


Terezinha Vergo, doutora em Ciência Política pela UFRGS e conselheira tutelar, falou sobre a baixa representatividade feminina na política e as dificuldades de distribuir o orçamento público para o município de Porto Alegre. A professora reafirmou a relevância dos movimentos feministas de Porto Alegre durante a redemocratização e das políticas públicas para tornar a vida das mulheres mais segura na cidade. 


Rodrigo González, doutor em Ciência Política pela UFRGS, comentou sobre a dualidade da cidade de Porto Alegre, que além de município é a capital do estado do Rio Grande do Sul. Destacou a trajetória de prefeitos que viraram governadores, como Leonel Brizola e Alceu Collares. González lembrou a importância do estado nas mobilizações sociais, entre elas a Coluna Prestes. Também comentou a importância da Assembleia Estadual Constituinte no reconhecimento dos direitos do cidadão.

Contribuíram para a realização dos eventos a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), através do Núcleo de Pesquisa em História (NPH), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio (PPGMUSPA), Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (FABICO), Faculdade de Ciências Econômicas (FCE), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).

Texto

Andrei Arndt (estagiário de Jornalismo)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)