Evento debate impactos das redes sociais na saúde mental de crianças e adolescentes na AMRIGS
Na tarde desta terça-feira, 6 de maio, a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) foi palco do seminário "O Impacto das Mídias Sociais na Saúde Mental na Infância e Adolescência". A iniciativa, promovida pela Frente Parlamentar de Promoção da Saúde Mental da Câmara Municipal de Porto Alegre em parceria com a AMRIGS, e reuniu especialistas da área da psicologia e medicina para debater os efeitos do ambiente digital sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Na abertura, o presidente da AMRIGS, Dr. Gerson Junqueira, reforçou o compromisso da entidade com debates relevantes como esse: “Temos o dever de abrir espaços de reflexão sobre temas atuais que impactam diretamente a saúde da população, principalmente dos mais jovens.”
A vereadora e psicóloga Tanise Sabino, presidente da Frente Parlamentar, destacou: “Precisamos entender que o uso das redes sociais não é apenas uma escolha individual, mas uma realidade coletiva que impacta diretamente a saúde mental das nossas crianças e adolescentes. Cabe a nós, enquanto sociedade, criar redes de apoio e informação qualificada. Hoje, nossos filhos e alunos crescem expostos a um mundo que, embora digital, é muito real em suas consequências. Um mundo onde a comparação é constante, onde a busca por aprovação é medida em curtidas, onde a exposição vem antes da formação da identidade. Isso tudo afeta o sono, a autoestima, a concentração, as relações familiares e até o desejo de viver.”
A vereadora Tanise, ainda em sua fala de abertura agradecer a parceria com a AMRIGS, e referiu que se sente tão honrada em realizar uma série de seminários – autismo, dependência química, saúde mental e prevenção do suicídio, que convidou o Dr. Gerson para receber um titulo de cidadão, a maior homenagem na Câmara de Vereadores.
O secretário municipal de Educação, Leonardo Pascoal, ressaltou a importância do olhar atento das escolas: “A escola é um espaço fundamental para identificar e intervir em situações de sofrimento psíquico relacionado ao uso das redes.”
O secretário municipal da Saúde, Fernando Ritter reforçou o papel das políticas públicas: “Precisamos de políticas integradas entre saúde, educação e assistência, que enxerguem a criança em sua totalidade. Muito já avançamos em Porto Alegre com as emultis e com a criação de cinco novos caps, mas precisamos avançar mais”.
A vice-prefeita de Porto Alegre, Betina Worn, também presente, comentou: “Esse debate não é só técnico, é também humano. Estamos falando de cuidado, proteção e futuro.”
A programação iniciou com o médico e professor Dr. Ricardo Sukiennik, que abordou o tema “Infância e adolescência conectada: Como as redes sociais afetam o desenvolvimento infantil e a adolescência?”. Em sua fala, destacou que “as redes sociais podem ser tanto aceleradoras do desenvolvimento quanto desencadeadoras de desequilíbrios emocionais, a depender da mediação dos adultos e das políticas de proteção.”
Na sequência, o psiquiatra Pedro Víctor Santos apresentou a palestra “Filtros, Likes e Autoestima: A Busca pela Perfeição nas Redes Sociais”. Ele alertou: “Estamos formando uma geração que mede seu valor pela quantidade de curtidas. Isso afeta diretamente a autoestima e o bem-estar emocional dos adolescentes.”
A psicóloga Ilana Luiz Fermann trouxe uma reflexão sobre o tema “Cyberbullying e Discurso de Ódio: Os Riscos Psicológicos do Ambiente Virtual”, utilizando como base a análise do seriado da Netflix Adolescência. Segundo ela, “a violência psicológica no ambiente digital é real e contínua, e precisamos preparar nossas crianças para lidar com ela sem que isso comprometa seu desenvolvimento emocional.”
Encerrando as exposições, a psicóloga Tânia Moraes Ramos Andrade falou sobre “Terapia Online e Apoio Psicológico Digital: Como a Internet Está Revolucionando o Acesso à Saúde Mental”. Tânia destacou que “hoje, a terapia online representa um avanço concreto no cuidado com a saúde mental, especialmente pela sua capacidade de romper barreiras geográficas e ampliar o acesso a quem vive em áreas remotas ou com pouca oferta de profissionais qualificados. Além disso, oferece flexibilidade de horários, reduz custos com deslocamento e ajuda a diminuir o estigma ainda associado ao comparecimento presencial. Atendemos, por exemplo, brasileiros expatriados que buscam apoio na sua língua nativa, ou pessoas com mobilidade reduzida. As plataformas digitais, os aplicativos de mensagens e as ferramentas especializadas têm se mostrado eficazes tanto no acompanhamento quanto na adesão ao tratamento, tornando-se uma alternativa real, segura e validada cientificamente.”
O evento encerrou com um espaço para perguntas e troca entre os participantes, demonstrando o interesse crescente da sociedade em compreender e enfrentar os desafios da era digital na infância e adolescência. Ao final do evento foi anunciado o próximo seminário: O Impacto das Mídias Sociais na Saúde Mental na vida adulta, a ser realizado no dia 10 de junho na sede da AMRIGS.