Plenário

Lideranças femininas ocupam a tribuna da Câmara

Ana Malavolta, da Liga de Lésbicas, uma das mulheres que ocuparam a tribuna Foto: Ederson Nunes
Ana Malavolta, da Liga de Lésbicas, uma das mulheres que ocuparam a tribuna Foto: Ederson Nunes
Às vésperas das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher (8 de Março), a Câmara Municipal de Porto Alegre destinou o período de comunicações temáticas, na tarde desta quinta-feira (7/3), para debater o tema "Políticas Públicas para Mulheres e Reforma Política". A secretária-adjunta da Mulher na Capital, Waleska Vasconcelos, destacou a necessidade da implantação de ações para reduzir os obstáculos que impedem as mulheres de participarem da política.

A presidenta da União de Negros pela Igualdade (Unegro) no Estado, Elis Regina Gomes de Vargas, lembrou que as mulheres negras, entre todos os segmentos, são as mais discriminadas. “Penso que um dos maiores violadores dos direitos das mulheres é o próprio Poder Público, espaço que, em sua maioria, é ocupado por homens. Mesmo com as mulheres sendo maioria, não temos nem o direito de decidir sobre o nosso corpo.” Também defendeu que o financiamento público de campanha seja incluído no projeto de Reforma Política. “Isto diminuirá a influência do poder econômico nas eleições.”

Já a representante da Liga Brasileira de Lésbicas, Ana Naiara Malavolta, ressaltou o baixo percentual de vereadoras de Porto Alegre, pouco superior a 20% do total. Também citou a invisibilidade que atinge as lésbicas. “Não temos nenhuma vereadora que assuma essa condição no Rio Grande do Sul. O que não quer dizer que elas não existam”, afirmou.

A sub-representação feminina na política também foi destaque na fala da representante do Coletivo Feminino Plural. Lea Epping sugeriu uma reflexão sobre o tema. “Por que, mesmo com a reserva de 30%, a mulher ainda é sub-representada na política?”, questionou.

O financiamento público exclusivo de campanha e a lista fechada, com alternância de gênero, foram alguns dos pontos defendidos pela representante da União Brasileira de Mulheres, Fabiane Dutra, para incentivar uma participação mais plural dos espaços políticos. “Queremos autonomia política, econômica e social. Tendo autonomia econômica, ficará mais fácil de sair do ciclo de violência doméstica.”

Indignação foi a palavra-de-ordem da representante da Força Sindical, Silvia Duarte. “Apesar da nossa luta e da nossa indignação, muita coisa ainda não mudou. A gente precisa se indignar muito mais. Precisamos gritar bem alto.”

Pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Eremi Melo reivindicou a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e o fim do chamado Fator Previdenciário, além da licença-maternidade de 180 dias.

Já Anabel Lorenzi, da Secretaria Estadual das Mulheres do Partido Socialista Brasileiro (PSB), confrontou dados estatísticos: “Somos mais da metade da população e do eleitorado. Entretanto, nas últimas eleições, apenas 13,3% dos vereadores eleitos são mulheres. A legislação da cota coloca o índice de 30%. Mas só a cota não resolve. Precisamos alterar a questão cultural”, afirmou. “As políticas públicas para as mulheres só vão existir quando nós estivermos ocupando mais espaços de poder.”

A presidente da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa), Bruna Rodrigues, convidou os homens a lutarem pelos direitos das mulheres. “Não consigo visualizar a emancipação da mulher sem estarmos juntos com os homens nessa luta. Precisamos conscientizar os homens sobre a importância dessa bandeira”.

O encerramento da atividade ficou a cargo da presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim). “Mulher gosta de política. O que nos falta é termos os mesmos espaços”. Para que isso aconteça, Silvana Conti também sugeriu que a Reforma Política implemente a lista fechada e alternada por gênero no processo eleitoral. Por fim, voltou a criticar a campanha publicitária da Prefeitura de Porto Alegre sobre o Dia Internacional da Mulher. “Queremos uma cultura não reprodutora de estereótipos.”

Texto: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)