Câmara na Comunidade

População convive com esgoto a céu aberto na Vila Nazaré

Esgoto a céu aberto é uma das reclamações Foto: Jonathan Heckler
Esgoto a céu aberto é uma das reclamações Foto: Jonathan Heckler
“Nossa comunidade foi esquecida há muito pelo poder público.” A queixa é da presidente da Associação dos Moradores da Vila Nazaré, bairro Sarandi, Maria Madalena Nascimento. Cerca de 1.300 famílias vivem em condições subumanas. Esgoto correndo a céu aberto, invadindo casas e uma escola em dias de chuva, é rotina para os moradores. Para conhecer essa realidade, o projeto Câmara na Comunidade, da Câmara Municipal de Porto Alegre, esteve nesta quinta-feira (24/11) no local.

O pátio da casa número 210 da rua D está alagado com esgoto há mais de mês, devido à obstrução da rede mista (esgoto cloacal e pluvial). A auxiliar de limpeza Marinês Santos convive diariamente com o problema, junto com o marido e os filhos. “Tenho quatro filhos e os dois menores, de 2 e 6 anos, nem podem brincar no pátio. Eles estão com problemas nos olhos, com febre, vômito e diarreia." Marinês diz que já reclamou para a Prefeitura várias vezes. “Eles só dizem que vêm amanhã, e até agora nada aconteceu.”

Conforme o vice-presidente da Associação, Ademar Cardoso, o maior problema de esgoto obstruído está no beco 14 de Novembro. “Aqui foi feita uma rede, mas não funciona. Faz mais de dois anos que o esgoto corre a céu aberto e, quando chove, invade as casas.” Maria Madalena explicou que a Vila vai ser removida, mas o prazo é 2013. “A área foi desapropriada pela Prefeitura há três anos. Algumas famílias vão ficar no Sarandi e outras vão para o bairro Mario Quintana. Por causa disso, eles não resolvem nossos problemas. Mas como vamos viver até lá desse jeito?”, questionou.

A moradora Sonia Gouveia estava indignada com a situação, pois está com gastrointerite aguda, e seu filho sofre com vômitos e diarreia. “O médico manda a gente beber água, mas toda a água que bebemos vem do esgoto. É muita gente doente, muitos com hepatite A. Tem rato correndo pela casa. E o cheiro de esgoto não deixa a gente dormir.”

Posto de saúde

A Unidade Básica de Saúde da Vila Nazaré tem uma demanda grande, e o médico não consegue atender a todos. Segundo Maria Madalena, o atendimento ideal é de 900 famílias por mês, e ele atende a 1.300. “São muitos casos de verminoses e infecções de pele, devido à falta de saneamento básico. O médico está sobrecarregado. Daqui a pouco vamos fechar as portas do posto”, anunciou.

Na Vila funciona um anexo da Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor Ernesto Tocchetto, que oferece da 1ª à 4ª série a cerca de cem alunos. “O prédio está caindo, cheio de cupim. Corre o risco de desabar a qualquer momento. E, quando chove, o esgoto alaga tudo”, queixou-se Maria Madalena.

Para a presidente da Câmara, vereadora Sofia Cavedon (PT), a situação vivida pela comunidade é um drama. “É uma comunidade heroica, porque, apesar das péssimas condições de vida, as pessoas conseguem manter sua dignidade e lutam para mudar a situação.” Sofia prometeu acionar o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). “É um absurdo que essas mais de mil famílias sofram esse abandono das políticas públicas.”

Também compareceram ao Câmara na Comunidade os vereadores Mauro Pinheiro (PT) e Carlos Todeschini (PT), além de representantes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).

Darlene Silveira (reg. prof. 6478)
Assessoria de Imprensa da Presidência