População convive com esgoto a céu aberto na Vila Nazaré
Nossa comunidade foi esquecida há muito pelo poder público. A queixa é da presidente da Associação dos Moradores da Vila Nazaré, bairro Sarandi, Maria Madalena Nascimento. Cerca de 1.300 famílias vivem em condições subumanas. Esgoto correndo a céu aberto, invadindo casas e uma escola em dias de chuva, é rotina para os moradores. Para conhecer essa realidade, o projeto Câmara na Comunidade, da Câmara Municipal de Porto Alegre, esteve nesta quinta-feira (24/11) no local.
O pátio da casa número 210 da rua D está alagado com esgoto há mais de mês, devido à obstrução da rede mista (esgoto cloacal e pluvial). A auxiliar de limpeza Marinês Santos convive diariamente com o problema, junto com o marido e os filhos. Tenho quatro filhos e os dois menores, de 2 e 6 anos, nem podem brincar no pátio. Eles estão com problemas nos olhos, com febre, vômito e diarreia." Marinês diz que já reclamou para a Prefeitura várias vezes. Eles só dizem que vêm amanhã, e até agora nada aconteceu.
Conforme o vice-presidente da Associação, Ademar Cardoso, o maior problema de esgoto obstruído está no beco 14 de Novembro. Aqui foi feita uma rede, mas não funciona. Faz mais de dois anos que o esgoto corre a céu aberto e, quando chove, invade as casas. Maria Madalena explicou que a Vila vai ser removida, mas o prazo é 2013. A área foi desapropriada pela Prefeitura há três anos. Algumas famílias vão ficar no Sarandi e outras vão para o bairro Mario Quintana. Por causa disso, eles não resolvem nossos problemas. Mas como vamos viver até lá desse jeito?, questionou.
A moradora Sonia Gouveia estava indignada com a situação, pois está com gastrointerite aguda, e seu filho sofre com vômitos e diarreia. O médico manda a gente beber água, mas toda a água que bebemos vem do esgoto. É muita gente doente, muitos com hepatite A. Tem rato correndo pela casa. E o cheiro de esgoto não deixa a gente dormir.
Posto de saúde
A Unidade Básica de Saúde da Vila Nazaré tem uma demanda grande, e o médico não consegue atender a todos. Segundo Maria Madalena, o atendimento ideal é de 900 famílias por mês, e ele atende a 1.300. São muitos casos de verminoses e infecções de pele, devido à falta de saneamento básico. O médico está sobrecarregado. Daqui a pouco vamos fechar as portas do posto, anunciou.
Na Vila funciona um anexo da Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor Ernesto Tocchetto, que oferece da 1ª à 4ª série a cerca de cem alunos. O prédio está caindo, cheio de cupim. Corre o risco de desabar a qualquer momento. E, quando chove, o esgoto alaga tudo, queixou-se Maria Madalena.
Para a presidente da Câmara, vereadora Sofia Cavedon (PT), a situação vivida pela comunidade é um drama. É uma comunidade heroica, porque, apesar das péssimas condições de vida, as pessoas conseguem manter sua dignidade e lutam para mudar a situação. Sofia prometeu acionar o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). É um absurdo que essas mais de mil famílias sofram esse abandono das políticas públicas.
Também compareceram ao Câmara na Comunidade os vereadores Mauro Pinheiro (PT) e Carlos Todeschini (PT), além de representantes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
Darlene Silveira (reg. prof. 6478)
Assessoria de Imprensa da Presidência