Professora critica o racismo velado no Brasil
Em comemoração à 29ª Semana da Consciência Negra e Ação Antirracismo da Câmara Municipal de Porto Alegre, a professora Adiles da Silva Lima palestrou, durante a sessão ordinária desta quarta-feira (20/11), sobre o processo de evolução civilizatória brasileira e a exclusão social do negro.
Especialista em estudos africanos e afrobrasileiros, Adiles propôs uma reflexão conjunta aos vereadores, mas que não é um choro negro, advertiu. Inicialmente a palestrante mostrou o vídeo A escola gerando traumas, sobre o preconceito velado no Brasil, especialmente no sistema educacional e, a partir daí, fez um histórico sobre as políticas públicas para as minorias do Brasil.
Para a professora, a situação melhorou um pouco a partir de 2003, com a promulgação da Lei 10.639, que modificou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, obrigando o ensino de culturas africanas e história da África, bem como a contribuição do povo negro para a formação da sociedade brasileira.
Precisamos entender que a escravidão não foi aleatória, uma vez que os negros trazidos nus e acorrentados da África eram altamente especializados e, neste sentido, ajudaram a construir o país. E, apesar da contribuição do povo negro, o projeto de sociedade do Brasil ignorou a contribuição negra, criticou a palestrante, lembrando que a educação ainda é predominantemente europeizada.
Adiles relatou que, à época que estava na escola, na aula em que se falava em escravidão ficava com vergonha pela forma racista como era ministrado o conteúdo: e isso existe ainda hoje, garantiu. A educadora afirmou que, se por um lado não existe mais o racismo escancarado, os gestos, os olhares e as testas franzidas endereçadas aos negros por muitos revelam o preconceito que ainda predomina no Brasil. Ao final, retomando a questão da LDB, sentenciou: eu gostaria de dizer que nós temos uma Lei que está vigendo no país, mas que as autoridades não a respeitam.
Texto: Gustavo Ferenci (reg. prof. 14.303)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)