Frente Parlamentar da dependência química

“Seminário Dependência Química: um debate necessário” é realizado na Câmara de Vereadores

“Seminário Dependência Química: um debate necessário” é realizado na Câmara de Vereadores
“Seminário Dependência Química: um debate necessário” é realizado na Câmara de Vereadores

Na tarde do dia 27 de junho, aconteceu na Câmara de Vereadores o Seminário “Dependência Química: um debate necessário”.  O evento foi proposto pela Vereadora Psicóloga Tanise Sabino que preside a “Frente Parlamentar de Dependência Química: Prevenção, Tratamento e Ressocialização” e teve como objetivo trazer à tona uma série de questões complexas relacionadas à dependência química, abordando suas causas, consequências e possíveis estratégias de prevenção e tratamento.

 

O seminário contou com autoridades, profissionais da área da saúde, acadêmicos, representantes de organizações não governamentais, dirigentes de comunidades terapêuticas, presidentes de conselhos municipais, familiares e dependentes químicos em recuperação. A mesa de abertura contou com a presença do Fernando Ritter, Secretário Municipal da Saúde; Richard Dias, Secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio (SMAP); e Gabriel Mazzini, representando a Coordenação da Saúde Mental da Prefeitura de Porto Alegre.

 

Na abertura, a psicóloga vereadora Tanise Sabino salientou que o seminário é alusivo ao Dia Internacional de Combate às Drogas, que foi instituído no calendário, no dia 26 de junho, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população a respeito dos problemas desencadeados pelas drogas.  Conforme a Vereadora “ao promovermos este seminário sobre a dependência química, este debate busca sensibilizar a sociedade para a importância de uma abordagem multidisciplinar e integrada na prevenção, tratamento e reinserção social. Esses três pilares devem andar juntos”.

 

Ainda, conforme a vereadora Tanise Sabino “nós estamos desde este último domingo em atividades em alusão ao tema, onde participamos da 25º Caminhada Pela Vida no brique da redenção, promovido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Conselho Municipal Álcool e Drogas (COMAD) e Governo do Estado do Rio Grande do Sul e também com o apoio da nossa Frente Parlamentar da Dependência química: Prevenção, Tratamento e Ressocialização. Foi um momento muito especial onde tivemos a presença de comunidades terapêuticas, como a PACTO, e grupos como o Amor Exigente, NATA, NAREP, Projeto Mais Família e diversas outras entidades”.

 

Em seu pronunciamento, Fernando Ritter, Secretário Municipal da Saúde referiu a importância da frente parlamentar e o trabalho que a Vereadora Psicóloga Tanise Sabino tem realizado. “Tenho acompanhado o trabalho da Vereadora Tanise, e realmente, ela é dedicada e empenhada em projetos na área da saúde mental, tendo ajudado a implantar o Centro de Referência do Autismo em Porto Alegre. Essa questão da dependência química é algo que está presente em muitas famílias e com certeza, temos que investir em ações de prevenção, principalmente nas escolas. O tratamento adequado através do atendimento no SUS, como os Caps ad e as comunidades terapêuticas também deve ser o nosso foco. Porto Alegre tem um convênio com a Pacto e é ofertado 60 vagas. E a ressocialização também deve ser a nossa prioridade: investir em políticas públicas para reintegrar o dependente químico na sociedade”, disse o Secretário da Saúde.

 

Gabriel Mazzini, representando a Coordenação da Saúde Mental da Prefeitura de Porto Alegre em seu pronunciamento referiu a importância dos Caps Ad, do convênio com as comunidades Pacto e Marta e Maria. “O tratamento da dependência química deve ser uma politica integral, incluindo a assistência social, habitação e emprego. A saúde mental é ampla”, referiu Mazzini. Richard Dias, Secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio (SMAP) em sua saudação enalteceu o trabalho da vereadora e disse que “pela primeira vez, em 250 anos de parlamento municipal, temos uma vereadora psicóloga engajada com a saúde mental, e que tem propiciado um debate sobre a prevenção do suicídio, automutilação, dependência química, e claro, o tratamento do autismo. Trago um dado: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química é um problema global de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Por isso a importância deste seminário”, referiu Richard Dias.

 

A primeira palestra foi com o palestrante Rodrigo Silva Vasconcellos, presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (CONED/RS). A palestra abordou a origem das comunidades terapêuticas, os objetivos destas comunidades, a psiquiatria social e o trabalho desenvolvido pela Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (CONFENAC). Conforme pesquisas, no Brasil existem mais de 1.850 comunidades terapêuticas, mas acredita-se que esse número possa chegar a 2.500. Sobre os grupos de apoio, são mais de 1.000, tais como AA, NA, Amor Exigente, Café convívio, NATA, NAREP, entre outros. Vasconcellos salientou ainda que os programas e metas das comunidades visam a abstinência em um ambiente controlado ou semi-controlado;  vida comunitária com outros usuários em recuperação; divisão de responsabilidades; uso da espiritualidade e religiosidade para dar sentido de vida; aconselhamento de suporte; apoio individual; preocupação com a reabilitação psicossocial; e apoio e cuidados pós-alta.

 

A segunda palestra foi com o palestrante Raul Roncada, terapeuta e conselheiro em Dependência Química, da cidade de Caxias do Sul, que falou sobre a prevenção às drogas. Em sua palestra trouxe dados como que hoje, no Brasil, o sistema carcerário tem 919,393 mil presidiários (segundo dados do CNJ), sendo que,80% dos crimes urbanos cometidos no Brasil, tem relação com drogas. Compartilhou também alguns fatores que levam as pessoas a usarem as drogas como problemas em casa; pressão dos amigos; curiosidade; condição sócio econômica; mimetismo; novas sensações e insatisfação com a vida.

 

E a ultima palestra foi com Sandro Cyntrão que trouxe a sua experiência como ativista social, em especial falando do impacto transformador dos grupos terapêuticos no tratamento, apoio e ressocialização dos dependentes químicos. Cybtrão iniciou falando sobre o conceito que ressocialização, que em uma perspectiva sociológica ampla, ressocializar significaria reinserir no indivíduo uma consciência social que o torne novamente apto ao cumprimento de normas sociais compartilhadas. Em sua fala, enfatizou o Grupo Núcleo de apoio e ressocialização pessoal (NAREP), que foi fundado em 28 de agosto de 1996. O grupo NAREP tem como filosofia “Uma nova maneira de viver” e como objetivo criar uma nova sociedade vivendo em pares. As reuniões são semanais, sem interrupção, desde a criação. O grupo NAREP adota a filosofia dos 12 passos de AA, disciplina, comprometimento, auto ajuda e partilhas. A partir do NAREP, foi criado uma reunião para a família e um outro grupo para as esposas e namoradas. Salientou que todas as festas do NAREP são regadas a refrigerante. Outras ações do grupo incluem torneios de futebol, excursões e caminhadas. Encerrou a sua fala solicitando para uma senhora, que é familiar de um dos dependentes químicos, fazer um depoimento.

 

Estiveram presentes diversas comunidades terapêuticas, como: Comunidade Terapêutica Recomeçar Masculina (Canoas); Comunidade Terapêutica Recomeçar Feminina (Nova Santa Rita); Comunidade Terapêutica Despertar (São Jerônimo), Comunidade Terapêutica Vila Vale (Sapucaia do Sul), Comunidade Terapêutica Amigos em Cristo, Centro de Recuperação Olaria de Deus (Canoas), além de representantes de grupos de apoio e tratamento como o Café Convívio, NATA, NAREP, Amor Exigente; o Instituto Crescer e Aprender; e a Presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas de Porto Alegre (COMAD), Fernanda Silva da Silva.