Frente Parlamentar

Simpósio discute o Setembro Amarelo – mês de prevenção ao suicídio

Simpósio discute o Setembro Amarelo – mês de prevenção ao suicídio
Simpósio discute o Setembro Amarelo – mês de prevenção ao suicídio

 

No dia 14 de setembro foi realizado o Simpósio “Setembro Amarelo: compreendendo a relação entre autolesão, depressão e suicídio”, uma realização conjunta da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), da Prefeitura de Porto Alegre e a Câmara Municipal de Vereadores, através da Frente Parlamentar de Prevenção ao Suicídio e Autolesão.  O evento reuniu profissionais de saúde, especialistas em psiquiatria e psicologia, além de autoridades na área, para compartilhar conhecimento, experiências e estratégias no enfrentamento dessas complexas questões.

Na abertura, estiveram presentes o Diretor, Dr. Dirceu Rodrigues, representando a presidência da AMRIGS;  Deputado Sabino, representando a Assembleia Legislativa do RS; o Secretário Municipal de Saúde, Fernando Ritter e a Coordenadora de Saúde Mental de Porto Alegre, Dra. Cristiane Stracke.

Saudando os presentes o Deputado Sabino lembrou a tragédia que o estado está enfrentando no Vale do Taquari e a importância de fortalecer a rede de apoio em saúde mental não só neste primeiro momento, mas em todo o processo de reconstrução das cidades. O parlamentar também elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Vereadora Psicóloga Tanise, que tem se dedicado com afinco ao desenvolvimento de políticas públicas de saúde mental.

O Secretário Municipal de Saúde, Fernando Ritter, compartilhou tristes estatísticas acerca do número de suicídios: “Dentre as causas de mortes na faixa etária dos 15 a 19 anos, o suicídio é a segunda causa de morte hoje, em Porto Alegre. Entre 20 e 39, é a quarta, e entre 40 e 59 anos de idade, é a sexta causa de morte. Se a gente olhar aqui os dados, de 2016 para 2021, houve uma crescente de 50% de suicídios em jovens de 15 a 19 anos, e entre 10 e 14, 45% ”.

"O suicídio é um sério problema de saúde pública e precisamos quebrar esse tabu, abordá-lo de maneira correta, pois quem pensa em suicídio, na verdade, deseja desesperadamente viver. Portanto, precisamos identificar os sinais e oferecer soluções, porque todas as vidas importam", afirmou  Tanise Sabino.

 

Compreendendo o comportamento autolesivo, fatores de risco, fatores de proteção e epidemiologia do suicídio

O médico psiquiatra Flávio Milman Shansis, conduziu uma análise aprofundada, com base em um estudo realizado na Universidade do Vale do Taquari (Univates), sobre o comportamento autolesivo, os fatores que o envolvem e como a epidemiologia do suicídio afeta nossa sociedade.

"A falta de conhecimento sobre as causas do suicídio é um desafio significativo, mas é crucial que busquemos respostas e questionemos constantemente nossa abordagem em relação a esse fenômeno desconhecido", comentou Shansis, que a região do Vale do Taquari apresenta uma taxa de suicídios três vezes superior à média nacional, um fato alarmante.

"Ao lidar com uma tragédia ambiental como a que vivenciamos nas últimas duas semanas, esses números podem aumentar, mas não agora. A partir de um mês, a atenção com essa região irá diminuir, mas as pessoas afetadas ainda estarão sofrendo", acrescentou.

 

Além da tristeza: compreendendo a depressão, rompendo o estigma e promovendo o tratamento

O psicólogo Jader Piccin abordou a depressão em seu painel, destacando a importância de quebrar estigmas e promover tratamentos adequados. Ele explicou que é possível identificar tendências para a depressão desde a adolescência, devido a traumas na infância.

"Sinais como humor deprimido, irritabilidade persistente, redução das atividades prazerosas, alterações no apetite e sono, fadiga, sentimentos de culpa e indecisão são indicadores de depressão que podem ser observados. Sem um diagnóstico adequado, a depressão pode permanecer sem tratamento, uma vez que muitas pessoas não a reconhecem como uma doença. Todos podem contribuir, aprendendo sobre o tema e estando abertos a diferentes formas de tratamento comprovadamente eficazes," afirmou Piccin.

A primeira parte da tarde foi encerrada pela escritora e palestrante Semadar Marques, que liderou um exercício de mindfulness baseado em comunicação não violenta.

Contribuições do Terceiro Setor na Prevenção do Suicídio

Na segunda parte do evento, Arlei Weide, coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV), compartilhou sua experiência com o serviço, que foi criado em uma época em que o suicídio era um tabu. O principal objetivo do CVV é tornar a sociedade mais compreensiva, solidária e fraterna.

"Nunca minimizamos a dor de ninguém. A situação muda quando você sabe que há alguém disposto a lhe dar atenção o tempo todo. O desabafo que oferecemos é o que impede que a dor sufoque a pessoa," explicou Weide.

Carmem Reis, assistente social do Instituto Vida Solidária (IVS), apresentou a entidade sem fins lucrativos, que tem a AMRIGS como mantenedora e que desenvolve ações de saúde, educação e cultura proporcionando oportunidades de vida melhores para crianças em situação de vulnerabilidade, moradoras da Vila São Pedro, em Porto Alegre.

"Oferecemos estabilidade. Neste ambiente, elas recebem apoio afetivo e carinho, frequentemente ausentes em suas casas. Competimos diariamente com as tentações de uma vida mais fácil, com as chamadas das ruas e o abandono da escola. A vida delas não é valorizada, e é isso que buscamos mudar," declarou Reis.

 

Encontrando propósito e superando adversidades

Semadar Marques encerrou o simpósio com uma palestra inspiradora sobre superar adversidades para encontrar um propósito na vida. Para ela, a saúde emocional envolve a exploração das dores que carregamos.

"Ninguém nos faz sentir algo, somos nós que atribuímos importância e significado a tudo o que nos acontece. Olhar para nossos gatilhos é o que nos torna capazes de melhorar," disse ela. Marques também enfatizou a importância de questionar nossos próprios pensamentos e desafiar sistemas de crenças negativas.

 

Texto

Juliana Pereira

Edição

Caroline Strüssmann Reg. Prof. 9228