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Vereadores recebem demandas para revitalização da Praça Florida

Comissão esteve no local, no Bairro Floresta Foto: Cassiana Martins
Comissão esteve no local, no Bairro Floresta Foto: Cassiana Martins (Foto: Cassiana Martins/CMPA)
Em visita realizada na tarde desta terça-feira (3/3) à Praça Florida, os vereadores integrantes da Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Juventude (Cece) da Câmara Municipal da Capital receberam uma série de reivindicações da comunidade para a revitalização do espaço e seu entorno. Situada no Bairro Floresta, entre a Avenida Farrapos e a Rua São Carlos, o local e a comunidade sofre com a degradação, especialmente gerada pelos altos índices de violência.
 
Conforme Mário de Ballentti, diretor artístico da Caixa do Elefante Teatro de Bonecos, é preciso que o poder público olhe para a praça, “não com o olhar de 30 anos atrás, mas percebendo uma nova realidade que está voltada à economia criativa que se estabeleceu em diversas ruas do bairro”. De acordo com Ballentti, já são cerca de 80 participantes do projeto – ateliers, brechós, antiquários, oficinas, designers e outras atividades que se interligaram e se autodenominaram Distrito Criativo, “um projeto que reforça a história e a importância do 4º Distrito para o início do desenvolvimento da cidade, mas se ajusta a um perfil que se moderniza e pretende gradativamente fazer uma reocupação positiva desse pedaço hoje degradado da cidade”.
 
Ricardo Silvestrin, um dos fundadores do movimento Refloresta, que faz parte do grupo que defende a revitalização do Bairro Floresta, destaca que várias atividades “positivas” já estão sendo promovidas com o intuito de avançar a proposta, como a Feira Modelo, o Brechó da São Carlos, o Distrito Criativo, Festival da Boa Vizinhança e outros, que envolvem vários segmentos da comunidade local nesse processo. Entre as iniciativas, estão as de recuperação de diversos prédios listados ou tombados pelo patrimônio histórico, como o da Vila Flores, em uma das esquinas das ruas Hoffmann e São Carlos, construído pelo arquiteto Joseph Lutzenberger, e também visitado pelos vereadores. De acordo com ambos, a prostituição não é considerada o maior problema, e sim o tráfico de drogas e a violência gerada por pessoas que ocupam o espaço do entorno da praça e as suas cercanias no período da noite.
 
Entre as reivindicações apresentadas, está a de um novo estudo urbanístico para a praça, que permita o acesso da comunidade, com passeios, bancos e área de uso social e de lazer comuns, diferente da atual configuração que apresenta duas canchas esportivas teladas dentro da praça que igualmente tem toda a sua área fechada. “Hoje temos a praça de costas para a comunidade”, frisou Ballentti.

A Praça Bartolomeu de Gusmão ainda possui no seu interior a Escola Infantil Meu Amiguinho, em funcionamento, segundo relatos, desde o ano de 1931. “Meu irmão tem 75 anos e estudou ali”, ressaltou Paulo Dreyssig, sócio fundador da Sociedade Florida, entidade com mais de 100 anos de existência localizada na Rua Comendador Azevedo. Ele reclama da falta de apoio da prefeitura para a retomada das atividades suspensas por demandas judiciais.
 
Em nome dos vereadores, o presidente da Cece, Reginaldo Pujol (DEM) afirmou que a Câmara acolhe toda a manifestação social que tem como interesse melhorar as condições de vida da cidade. Disse que os parlamentares não têm o poder decisório sobre demandas apresentadas, mas garantiu que o Legislativo é o local certo para a articulação política que pode permitir avanços construtivos na relação de aproximação de moradores e empresários com o Executivo municipal.

Presente ao encontro, o secretário municipal de Esportes e Lazer, Edgar Meurer, ressaltou que há menos de um ano alguns equipamentos da praça foram substituídos. “Trocamos as tabelas da quadra de basquete”, informou.
 
Outras reivindicações, como a elaboração de um projeto de ampliação das calçadas da São Carlos, melhorias de iluminação e, principalmente de aumento das condições de segurança, fizeram parte do rool de demandas apresentadas e que serão expostas na Câmara Municipal em audiência na Cece, com data ainda a ser confirmada. Também acompanharam a visita os vereadores Professor Garcia (PMDB), Tarciso Flecha Negra (PSD) e Dinho do Grêmio (DEM)

Saiba mais:

Praça Bartolomeu de Gusmão (Florida) – Situada entre as ruas São Carlos, Comendador Azevedo e a Avenida Farrapos, no Bairro Floresta, o local criado na década de 1920 é uma das grandes referências esportivas, especialmente na formação de atletas nas modalidades de Vôlei e Basquete. Desde 1980 abriga a Escola Municipal de Ensino Infantil Meu Amiguinho, mas referências históricas não oficiais apontam para uma escola no local desde a década de 1930. 

Vila Flores – Localizada na Rua São Carlos esquina com a Rua Hoffmann. Prédio construído pelo arquiteto e artista plástico alemão Joseph Lutzenberger (pai do ambientalista José Antonio Lutzenberger) em 1928. Por muitos anos serviu de casa de aluguel para trabalhadores das indústrias instaladas na região. Atualmente a casa, de propriedade da Família Wallig, está em processo de restauração, funciona como um “condomínio cultural”, sediando e promovendo vários eventos.

Sociedade Florida – Prédio construído em 1883 na Rua Comendador Azevedo, 444, pertenceu à antiga Sociedade com o mesmo nome da Praça e que comandava diversos eventos do bairro floresta. A Sociedade teve o seu apogeu na primeira metade do século passado, com campeonatos de “Bolão”, modalidade esportiva de origem germânica, muito aceita pelos gaúchos. Nos anos 50 e 60 a Sociedade formou apoiou equipes de vôlei e basquete. Hoje a Sociedade está totalmente desmobilizada e o prédio é utilizado por Lojas Maçônicas para os seus encontros semanais, e enfrenta demandas judiciais entre seus antigos sócios e os novos ocupantes.

Texto: Milton Gerson (reg. prof. 6539)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)