Vila Safira carece de saneamento básico, segurança e saúde
Projeto Vó Chica atende a crianças e adolescentes da comunidade
O projeto Câmara na Comunidade foi criado para detectar e ajudar a solucionar os problemas enfrentados pelas comunidades carentes de Porto Alegre. Mas, no meio das dificuldades, surgem surpresas agradáveis, como o Projeto Vó Chica, na Vila Safira, bairro Mario Quintana. O projeto, apresentado aos vereadores nesta quinta-feira (11/8), existe há cinco anos e tem o principal objetivo de contribuir para a qualidade de vida de crianças e adolescentes da comunidade. Seu idealizador, Cláudio Costa, quis preservar a história da afrodescendente que viveu no local e fundou um espaço cultural nos fundos do quintal de sua casa.
Porém, a Vila Safira, onde moram cerca de quatro mil famílias, também enfrenta sérios problemas, como falta de saneamento básico (água e esgoto) e de energia elétrica (a luz das casas é clandestina), segurança e transporte precários, apenas um médico atendendo a uma grande demanda no posto de saúde, falta de recolhimento do lixo reciclável, alagamentos constantes e ausência de placa de quebra-mola, entre outros.
Moradora da região há 15 anos, Jaqueline Pizzalotto conta que às vezes a Escola Estadual de Ensino Médio Mariz e Barros, localizada em frente à sua casa, tem que interromper as aulas devido à violência e falta de policiamento.
O transporte público também deixa a desejar: o ônibus Passo Dorneles é o único que chega à Vila e não dá conta do número de usuários. Também tem uma linha alimentadora que traz os alunos e professores para a escola, mas é pouco. Precisamos de mais linhas de ônibus, desabafa Jaqueline.
Quem mora na esquina das ruas Saturnino José Geraldo e Luiz Sibemberg, onde fica a Praça Vó Chica, sofre quando chove. Devido ao declive, a água desce direto, alagando casas e entupindo esgotos. É o que acontece seguidamente na casa de Elizângela Gloguer, que mora nos fundos do número 100 da rua José Bahlis há 13 anos. Todos prometem nos tirar daqui, dar casa nova, mas sequer arrumam bocas-de-lobo para escoar a água da chuva, reclama.
Na mesma rua, funciona uma creche que atende a 19 crianças de zero a 10 anos. A cuidadora Tânia Teixeira conta que, quando chove, a escolinha fica alagada de água e esgoto. Outro dia, eram duas horas da madrugada e eu estava tirando fezes da pia da cozinha. Até rato grande morto apareceu, relembra indignada.
Segundo a presidente da Câmara de Porto Alegre, Sofia Cavedon (PT), e técnicos do Dmae, o ideal em alguns locais é colocar grelhas farroupilhas (grades para ajudar no escoamento de água). Em outros, é preciso fazer a canalização correta do esgoto cloacal, que não está funcionando.
De acordo com Sofia, o papel que o Câmara na Comunidade cumpre é interessante. Algumas obras foram feitas, mas têm problemas. Por isso, técnicos da prefeitura sempre nos acompanham, para ouvir a população, constatar o que não deu certo e achar soluções. É o esforço de viabilizar o diálogo entre o Executivo e as pessoas, explica Sofia.
Compareceram à Vila Safira os vereadores Alceu Brasinha (PTB), Elias Vidal (PPS) e Mauro Pinheiro (PT), além de técnicos do Dmae, Smam, Smov, DEP e Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local (SMGL).
Vó Chica
Maria Francisca Gomas Garcia, ou Vó Chica, como era conhecida, nasceu na localidade de Carumbé, onde hoje fica Tapes. Passou a morar na Vila Safira nos anos 40. Benzedeira e parteira, por ser conselheira da comunidade, era considerada uma líder. Morreu em 1983 aos 107 anos. Entre os objetivos do projeto estão o de promover atividades culturais que privilegiem a difusão da cultura afrobrasileira, colaborar para que crianças e adolescentes tenham assegurado o direito à proteção contra a violência urbana e viabilizar o acesso à cultura e ao lazer.
Darlene Silveira (reg. prof. 6478)
Assessoria de Imprensa da Presidência