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Cece promove seminário Arte + Cidade

Débora disse que população merece ter acesso a obras de arte Foto: Guilherme Almeida
Débora disse que população merece ter acesso a obras de arte Foto: Guilherme Almeida (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)
A Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre promoveu, na tarde desta terça-feira (8/9), no Plenário Ana Terra, o seminário Arte + Cidade: O Público e o Privado em Debate. O debate foi proposto pelo vereador Professor Garcia (PMDB), atualmente licenciado para tratamento de saúde. Na oportunidade, foi discutida a lei municipal 10.036 de 2006, de autoria do então vereador Raul Carrion (PCdoB), a qual estabelece que toda edificação com área igual ou superior a dois mil metros quadrados deverá conter, em local de visibilidade à população, uma obra de arte original, executada em escultura, vitral, pintura, mural, relevo escultórico ou outra forma de manifestação de artes plásticas.

A filha do Professor Garcia (PMDB), Débora Garcia,  afirmou que muitas pessoas gostariam de ter em suas casas as artes que são construídas por cidadãos de Porto Alegre. "Também constatamos que os porto-alegrenses não conhecem as obras de arte que estão espalhadas pela cidade. Infelizmente é assim, as obras locais não são reconhecidas", disse. Débora destacou que seria oportuno se estas obras de arte entrassem nas vidas dos cidadãos como um projeto cultural e educativo.

O presidente da Associação dos Escultores do Estado do Rio Grande do Sul (AEERGS), Vinicius Vieira, destacou que a intenção do Seminário é dar visibilidade aos artistas que são desconhecidos em Porto Alegre. "Queremos que os artistas se regularizem junto à Prefeitura da Capital para que eles detenham todos os processos exigidos para a investidura das suas obras nos espaços privados", disse. 

O doutor em história da arte, Círio Simon, falou sobre a história da arte em Porto Alegre e o seu diálogo com a arquitetura. "Nossa cidade é alegre e, neste espírito, coloco que a ideia de que a arte deve ter alegria, aqui na Capital", disse. Para Simon, o artista tem um papel fundamental na democracia pois, em sua obra, expressa a sua existência, ou seja, a arte está em quem a faz, bem como os atos democráticos. "A lei precede o artifício da arte mas as duas estão expressas no ser humano, em seu corpo físico e espiritual", ressaltou. Círio Simon afirmou que é preciso preparar os espaços públicos e privados para estabelecer interação entre público e arte e que o reconhecimento dos artistas começa pela instituição de leis que os ajudem a dar visibilidade às suas obras. 

O assessor técnico do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Luiz Nei Rezende da Silva, ressaltou que a entidade buscou, de todas formas, simplificar o acesso dos artistas aos espaços privados e a sua posição é de que a arte deve, sim, estar em todos os lugares. "Precisamos da legislatura para que as obras tenham espaço no empoderamento político e cultural", disse. O assessor destacou que a regulamentação da lei 10.036 já está em andamento desde 2011 e que as edificações, agora, devem se organizar para atender aos preceitos artísticos.

O professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Sérgio Moojen Marques destacou que a arte foi sempre uma questão central na cultura moderna, com os principais expoentes buscando em seu trabalho uma dedicação à publicidade das artes nos espaços públicos e privados. "Sempre soubemos que a arquitetura se garante como uma manifestação artística e esta deve se disseminar entre a população para que ela adquira maior cultura e teor educativo", disse. Marques destacou diversas obras arquitetônicas espalhadas pelo mundo e ressaltou que elas representam visões de mundo que querem e devem ser explicitadas.

Esteve presente no debate o secretário municipal de Urbanismo, Valter Nagelstein (PMDB).  

Texto: Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo) 
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)