Audiência Pública

Corte de árvores prossegue, mas prefeitura discutirá compensação e parque

Melo (c) disse que cortes serão realizados Foto: Ederson Nunes
Melo (c) disse que cortes serão realizados Foto: Ederson Nunes
Foram mais de três horas de discursos na audiência pública realizada na noite desta segunda-feira (18/3), na Câmara Municipal de Porto Alegre. Em debate, o projeto de ampliação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio), que resultará no corte de dezenas de árvores nas avenidas João Goulart e Loureiro da Silva. Os cortes começaram em fevereiro, na Praça Júlio Mesquita, em frente ao Gasômetro, mas foram suspensos após manifestações populares. 

O vice-prefeito, Sebastião Melo, anunciou a retomada dos cortes e propôs a constituição de um grupo de trabalho para colocar em prática a criação do Parque Usina do Gasômetro. A primeira reunião do grupo, segundo ele, deve ocorrer na quarta-feira (20/3). Melo também assumiu o compromisso de discutir a quantidade de mudas como compensação e os locais onde elas serão plantadas. O vice-prefeito observou ainda que a ampliação da Beira Rio já estava prevista no Plano Diretor de 1979.

A promotora Ana Maria Moreira Marchesan pediu que o município suspendesse o corte das arvores por mais alguns dias. “Tenho certeza de que o Executivo não vai se furtar a discutir este tema com o Ministério Público. Vamos tentar fazer uma mediação, pois o progresso implica opções. Ficou claro que a sociedade está bastante dividida, mas temos uma amarração legal que não pode ser atropelada”.

Alternativas

O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Francisco Milanez, cobrou a realização de estudos alternativos. “Se não há comparação, como dizer que esta é a melhor alternativa? A cidade não existe para atender aos automóveis. Nunca haverá vias suficientes para a quantidade de carros que está sendo vendida. A solução é deixar eles fora do Centro, investir em transporte coletivo e mais lazer”.

Para o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/RS), Tiago da Silva, ainda “falta um bom projeto”. “Não devemos seguir os projetos doados por empreiteiras que são as maiores interessadas na realização das obras”.

Cesar Cardia destacou a luta do movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho para evitar o corte de árvores. “Foi isto que nos deu o título da rua mais bonita do mundo”.

Pela liderança do governo, o vereador Reginaldo Pujol (DEM) afirmou que a obra “pode significar o nascimento de novas árvores na cidade”, fazendo referência ao plantio de compensatório de 401 mudas.

Já para Ibirá Lucas, conselheiro de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, está sendo cometida uma ilegalidade. “É preciso que haja um projeto de compensação com responsável técnico credenciado. Tem que ter especialização ou cursado paisagismo na faculdade para trabalhar com arborização urbana.”

O presidente do Convention e Visitors Bureau, Norton Luiz Lenhart, ressaltou as queixas dos porto-alegrenses em relação à mobilidade e arrematou: “Temos que pagar alguns sacrifícios. Quem quiser viver no meio do verde que vá para o interior.”

O vereador Engenheiro Comassetto (PT) alertou para a falta de um período maior debate. “Sob o ponto de vista legal, com relação ao Plano Diretor, um conjunto de itens não está sendo respeitado”. Mas o conselheiro Maurício Melo, da temática de circulação e transporte, garantiu que a obra foi discutida dentro do Orçamento Participativo (OP).

“Queremos discutir alternativas, não a questão das árvores isolada”, salientou a vereadora Jussara Cony (PCdoB). “A questão do Parque do Gasômetro precisa ser absorvida, senão não vamos encontrar solução. Temos que fazer uma lei específica para o parque. Se o Executivo não fez, a Câmara tem autonomia para fazer.”

Representando a União Estadual dos Estudantes (UEE), Fabio Vieira reclamou que os discursos estavam revivendo o embate eleitoral de 2012. “O projeto escolhido pelo povo de Porto Alegre continua sendo afrontado. A população deu 65% dos votos a esse projeto”. A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) rebateu: “Não vi em nenhum programa eleitoral o prefeito Fortunati dizendo que ia cortar árvores e que iria defender as empresas de ônibus”. “Estão rasgando o Plano Diretor para construir uma freeway no lugar de um parque.”

Cláudio Janta (PDT) defendeu o projeto. Para o vereador, a obra vai melhorar o trânsito e facilitar os deslocamentos na cidade. Sofia Cavedon (PT) apontou alterações em obras para preservar o patrimônio ambiental e cultural. “Não podemos ter uma via com seis mãos no meio de um parque previsto no Plano Diretor”.

“Temos que criar condições melhores para o tráfego, já que o governo federal está incentivando a produção e venda de veículos.”, assinalou o vereador João Carlos Nedel (PP). A melhoria no trânsito também foi destaque na fala de Cássio Trogildo (PTB). Já Idenir Cecchim (PMDB) garantiu que o projeto da obra está disponível na prefeitura há muito tempo.

A promotora Ana Maria Moreira Marchesan pediu que o município suspendesse o corte das arvores por mais alguns dias. “Tenho certeza de que o Executivo não vai se furtar a discutir este tema com o Ministério Público. Vamos tentar fazer uma mediação, pois o progresso implica opções. Ficou claro que a sociedade está bastante dividida, mas temos uma amarração legal que não pode ser atropelada”.

Como resposta, o vice-prefeito propôs a constituição de um grupo de trabalho para colocar em prática a criação do Parque Usina do Gasômetro. A primeira reunião deve ocorrer na quarta-feira (20/3). Sebastião Melo também assumiu o compromisso de discutir a quantidade de mudas como compensação e os locais onde elas serão plantadas.

Texto: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)