Fórum critica proposta do Executivo para criar Comdepa
O projeto de lei complementar do Executivo (PLCE) que propõe a implantação do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Porto Alegre (Comdepa) não contempla as propostas sugeridas pelo Fórum Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência (PPDs). A reclamação foi feita pela maioria dos presentes à reunião conjunta feita, nesta terça-feira (22/5) à tarde, pelas Comissões de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) e de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal e que discutiu o PLCE. Eles também reclamaram da ausência de secretários municipais à reunião. O encontro teve tradução simultânea em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e foi coordenado pelos presidentes da Cosmam, Dr. Raul (PMDB), e da Cedecondh, Carlos Comassetto (PT).
Para José Antônio Dutra, integrante do Fórum, o Executivo não cumpriu a promessa de enviar à Câmara um projeto que contemplasse as reivindicações das PPDs, pois exclui os portadores de altas habilidades e não prevê a criação de um Fundo Municipal que teria a função de destinar recursos ao Conselho proposto. É desejável que haja rotatividade no Conselho e que todas as entidades e pessoas tenham direito à participação.
Tendo presidido, em 2005, uma comissão especial da Câmara Municipal encarregada de formular políticas públicas para as PPDs, o vereador Aldacir Oliboni (PT) sugeriu que haja nova reunião num prazo de 15 dias, a fim de que o PLCE, em tramitação na Câmara, e a proposta elaborada a partir das reuniões do Fórum e da comissão especial sejam confrontadas, com a participação das diversas secretarias municipais envolvidas no debate. Tramita no Legislativo um substitutivo ao PLCE, assinado pelos vereadores Aldacir Oliboni (PT), Neuza Canabarro (PDT) e Sofia Cavedon (PT).
Carlos Comassetto (PT) disse que a criação do Comdepa deve ser discutida e votada até o final deste ano, a fim de evitar a votação em ano eleitoral. Segundo Comassetto, a tramitação do PLCE nas comissões permanentes da Câmara Municipal poderá dar mais tempo para que se chegue a um acordo entre as duas propostas.
Representando o Ministério Público, o promotor Mauro Luis de Souza ressaltou que a proposta de criação do Comdepa é prerrogativa do Executivo, pois o projeto cria despesa financeira ao Município. Deve ser feita uma mobilização para que o prefeito envie à Câmara um projeto que contemple as reivindicações do Fórum. Para o promotor, as secretarias municipais não estão preparadas para garantir a acessibilidade aos portadores de deficiência, pois não há um trabalho integrado neste sentido. O Executivo, muitas vezes, aprova projetos que desrespeitam esse direito.
Renato Santana, da Associação de Cegos do RS, apóia o projeto do Executivo e a não-citação, no PLCE, das pessoas portadoras de altas habilidades. Ele considera uma distorção o tratamento igual dispensado a esse segmento em relação aos portadores de deficiência. Nenhuma pessoa é estigmatizada ou excluída por ter altas habilidades, disse Santana, acrescentando que essa confusão só existe no Rio Grande do Sul e influencia as políticas públicas para as PPDs. Ele também contestou que o Fórum Municipal das PPDs, embora legítimo, pudesse se manifestar em nome de todos os portadores de deficiência. Os cegos não estão representados nesse Fórum.
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)