Funcionária da Procempa diz que empresa sofre desmonte

Problemas na contratação de sistemas de informação terceirizados e desvalorização da empresa pública. Estas foram as principais críticas dos depoentes na sessão desta quinta-feira (21/11) na CPI da Procempa. Primeira a falar, Clarice Stella Porciúncula, analista de informação e comunicação, a serviço da empresa desde 1985, relatou que há muitos problemas que têm aparecido na empresa nos últimos anos.
Em 28 anos de trabalho, é a primeira vez que presenciamos uma situação tão ruim como a que estamos vivendo, assegurou, logo no início de seu depoimento. Ela externou a decepção com o volume de problemas e irregularidades que têm aparecido e disse que era de desconhecimento da maioria dos funcionários. O que nós vivemos nos últimos oito, nove anos na empresa foi uma tentativa de desmonte administrativo e tecnológico. A empresa, no meu ponto de vista, foi relegada ao segundo plano, lamentou, chamando de abandono e aparelhamento o que está acontecendo na Procempa.
Clarice citou alguns exemplos do que chama de desmonte, em resposta à pergunta do relator da CPI, vereador Nereu DÁvila (PDT), como a aquisição dos sistemas Siat (Sistema Integrado de Administração Tributária) e Arghos (responsável pelo gerenciamento das consultas da Secretaria Municipal da Saúde) de empresas terceirizadas ao invés de usarem os serviços da Procempa para desenvolver os sistemas. E o desenvolvimento de sistemas de informação é, justamente, uma das principais funções da empresa, lembrou.
Especificamente sobre o Arghos, ela afirmou que o sistema não era adequado para o que se propunha e isto teria sido afirmado, à época da contratação, pelos técnicos da empresa. Se o sistema servisse, por que precisaria de mais R$ 4 milhões para customização?, recordando que, inicialmente, o sistema era para ser totalmente gratuito. Com este dinheiro, a Procempa teria, sim, condições de desenvolver um sistema para a Saúde, a partir do Sisreg (Sistema Nacional de Regulação, desenvolvido pelo Ministério da Saúde), garantiu a analista, respondendo a questionamento do vereador Mauro Pinheiro (PT).
Clarice ainda afirmou que a empresa GSH, responsável pelo sistema Arghos, está descumprindo o contrato pactuado com a Procempa, uma vez que a transferência de tecnologia, que estava prevista, não foi realizada, tanto que a Procempa não deve renovar o contrato com esta empresa privada, assegurou.
O segundo depoimento do dia foi da funcionária Lúcia Maria Pires Ries, que trabalha na empresa há 23 anos e atualmente é auxiliar administrativa na área de recursos humanos. Ela falou dos planos odontológicos e da liberação de recursos compensatórios aos funcionários da Procempa que faziam tratamento dentário, explicando todo trâmite burocrático para a liberação do dinheiro àqueles que utilizavam o convênio com a Soprevi (Serviço Odontológico Preventivo Integrado).
Lúcia explicou que havia, sim, a possibilidade de ressarcimento de recursos, como explicou o ex-chefe de gabinete do prefeito José Fortunati, Mauro dos Santos Peixoto, em depoimento à CPI em 6 de novembro, mas, garantiu, ressarcimentos médicos não existem mais dentro da Procempa.
Também compareceram à CPI os vereadores Fernanda Melchionna (PSOL), Bernardino Vendrusculo (PROS), Elizandro Sabino (PTB), Lourdes Sprenger (PMDB), Mário Manfro (PSDB), Cláudio Janta (SDD), Airto Ferronato (PSB) e Reginaldo Pujol (DEM).
Texto: Gustavo Ferenci (reg. prof. 14.303)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
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