Moradores do Humaitá querem planejamento de segurança
O bairro Humaitá, região norte de Porto Alegre, vem sofrendo nos últimos anos com os constantes assaltos e roubos à mão armada. Os relatos de moradores feitos em audiência pública promovida pela Câmara Municipal, na noite desta terça-feira (15/12), comprovaram o medo com que centenas de famílias vivem diariamente. Tive meu carro levado por bandidos em frente à escola do meu filho e em plena luz do dia. Estamos cada vez mais inseguros e entregues à própria sorte, desabafou Adegildo Roberto Leal, morador do bairro há 12 anos.
Segundo ele, o poder público precisa pensar em um planejamento integrado de segurança pública para combater a criminalidade. "É preciso patrulhamento ostensivo da Brigada Militar, ação da Polícia Civil e vigilância eletrônica. Por que só as ruas do bairro Moinhos de Vento são equipadas com câmeras de vídeo?", indagou. Residem no bairro cerca de 46 mil pessoas espalhadas em vilas como a Santo André, a vila Teodoro, a Santo Antônio, a A.J Renner, a Arco-Íris e a vila dos Ferroviários.
Traumas
Em um dos condomínios habitacionais mais populosos da região, o Garden Park, com cerca de 550 apartamentos, os roubos acontecem mais de três vezes por semana. Assaltantes escalam as grades de segurança, invadem apartamentos e levam bens e pertences dos residentes sem constrangimento, explicam os residentes. No entanto, conforme afirmou um dos moradores do edifício, Francisco Charles Vieira Soares, os piores problemas enfrentados pelos moradores são a pressão psicológica e os traumas gerados pelos agressores. Uma senhora e sua neta de quatro anos ficaram presas em casa sob tortura de um marginal por mais de duas horas porque não tinham dinheiro, contou Soares ao criticar a BM por ter levado mais de uma hora pra atender a ocorrência do caso.
Para a presidente da Associação de Moradores do Bairro Humaitá, Palmira Marques da Fontoura, a cidade de Porto Alegre vive um drama na segurança pública e no descrédito com as instituições que protegem o cidadão. Sabemos que todas as regiões da capital não escapam da criminalidade, mas não podemos aceitar que nossos vizinhos comecem a ter receio de pisar na rua.
Normalidade
Mesmo com as reclamações, o tenente do 11º Batalhão da BM Sidnei Queiroz afirmou que as ocorrências registradas pelos oficiais na região estão dentro da normalidade prevista pelo órgão. O bairro Humaitá ainda não está entre os piores da cidade. Aqui as queixas são consideradas de menor impacto se comparadas a áreas de tráfico e violência desmedida, informou. O Batalhão é responsável pelas rondas nas áreas do bairro Humaitá, Anchieta e Farrapos. Temos três viaturas e cerca de 12 homens por turno de serviço para atender as demandas. É pouco, mas fazemos o que está ao nosso alcance e contamos com a parceria da comunidade para ajudar no nosso trabalho, registrou. Só nos condomínios populares são mais de 12 mil pessoas instaladas.
O aumento do efetivo da Brigada Militar foi uma das principais cobranças dos moradores. De acordo com a vereadora Sofia Cavedon (PT), as melhorias nos batalhões deve ser uma prioridade do governo do Estado. Não se pode deixar a população crescer sem ter também o crescimento dos agentes de segurança e das políticas públicas de combate à violência, argumentou. Para o vereador Mauro Zacher (PDT), que presidiu os trabalhos da noite, os moradores do bairro precisam continuar reivindicando suas demandas para que, com o apoio das instituições públicas, se alcance as soluções desejadas. As audiências públicas são um espaço democrático para que o cidadão venha até os parlamentares da cidade e manifeste suas dificuldades, frisou.
As necessidades levantadas pelos moradores serão encaminhadas para que a Câmara Municipal, dentro das suas atribuições, elabore projetos de lei ou propostas que ajudem no enfrentamento da questão. Participaram da audiência pública, o presidente da Casa, vereador Sebastião Melo (PMDB) e os vereadores Dr. Raul (PMDB) e Mauro Pinheiro (PT). Também estiveram presentes, a Polícia Civil, a Guarda Municipal, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana (SMDHSU), a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) e a Secretaria Municipal de Educação (Smed).