Cedecondh

Racismo institucional prejudica políticas de saúde para negros

Negros sofrem mais na saúde pública Foto: Tonico Alvares
Negros sofrem mais na saúde pública Foto: Tonico Alvares

O maior entrave para implementação de políticas públicas de saúde para a população negra no Brasil é o chamado racismo institucional. Esta é a avaliação apresentada hoje (20/10) por participantes do seminário Saúde da População Negra, organizado pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Para o sociólogo e mestre em Ciências da Saúde Deivison Nkosi, as estatísticas mostram que, apesar dos avanços na saúde brasileira em itens como mortalidade infantil, por exemplo, a situação dos negros continua ruim. "A redução dos índices de mortalidade infantil foi de 43% no país entre as crianças brancas, mas a queda foi de apenas 25% entre os negros", revelou. Nkosi acrescentou que pesquisa feita em São Paulo mostrou que a chance de uma mulher negra morrer de complicações do parto é sete vezes maior que uma branca. "Temos políticas públicas, mas os serviços de saúde não estão preparados para aplicá-las, por desconhecimento ou pelo racismo institucional que atinge as organizações públicas."

O psicólogo e mestre em Antropologia Social Rui Leandro Santos reforçou a tese de Nkosi de que as políticas públicas para a saúde da população negra, apesar de já existirem no papel, ainda não foram implementadas como deveriam. "Todos os indicadores de saúde acompanhados pelo Ministério da Saúde são desfavoráveis à população negra. A mortalidade de jovens negros é assustadora e representa quase um extermínio", avaliou. "Há sim um um racismo institucional que precisa ser enfrentado."

A presidente da Cedecondh, vereadora Maria Celeste (PT), destacou a importância de eventos como o seminário desta manhã. "Debates como este servem para apontar caminhos, caminhos que ainda não foram trilhados pelas políticas de saúde para população negra. Este seminário é um grande provocador, mas é também propositivo."

O seminário reuniu representantes do Executivo, do Conselho Municipal de Saúde e de representantes da população negra. Durante o evento, houve apresentação artística de crianças do Grupo Sol, da Ilha da Pintada.

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)