Seminário

Vereadores, entidades e empresas discutem uso do plástico

Bernardino Vendruscolo (e) e Maristela Maffei abriram o seminário Foto: Elson Sempé Pedroso
Bernardino Vendruscolo (e) e Maristela Maffei abriram o seminário Foto: Elson Sempé Pedroso

Que tipo de sacola deve ser utilizada no comércio de Porto Alegre? Como garantir o desenvolvimento sustentável na cidade? Para responder a estas e a outras questões, a Câmara Municipal da Capital promoveu, na manhã desta sexta-feira (8/8), o seminário Qual é a sacola correta?. Participaram das discussões sobre o uso ideal do plástico entidades, organizações, associações e empresas envolvidas com o segmento. O evento serviu para aprimorar os debates sobre sustentabilidade e buscar contribuições da população para o projeto de lei PLL 061/77 que tramita na Casa.

De iniciativa da vereadora Maristela Maffei (PCdoB), a proposta obriga grandes supermercados e estabelecimentos comerciais no Município de Porto Alegre a utilizarem sacolas e sacos de material reciclado. Além disto, o projeto prevê penalidades pelo não-cumprimento da referida lei. Também tramita no Legislativo substitutivo ao projeto, elaborado pelos vereadores Bernardino Vendruscolo (PMDB) e Maristela Maffei (PCdoB).

Ao abrir os trabalhos, o presidente da Câmara, vereador Sebastião Melo (PMDB), cumprimentou a organização do evento pela escolha de tema tão importante. “O maior desafio urbano que Porto Alegre enfrenta diz respeito aos resíduos sólidos. Por isso, as pessoas têm que aprender a separar o lixo, a valorizar a reciclagem e ajudar o parlamento a construir alternativas para a questão”, registrou. Atualmente são produzidos no país, mais de 2,2 milhões de toneladas de resíduos plásticos, dos quais menos de 400 toneladas passam por reciclagem. Parte dos resíduos sólidos contamina riachos, rios, mares e entope bueiros e bocas-de-lobo nas grandes cidades.

Alternativas

“Precisamos trabalhar com a questão do equilíbrio ambiental, social e econômico. Este momento é fundamental para propormos alternativas e soluções integrando todos os setores, em especial o produtivo”, afirmou Maristela Maffei ao apresentar o primeiro painel sobre projetos sustentáveis. Segundo a coordenadora da equipe de resíduos sólidos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), Alessandra Pires, o problema não está na produção das sacolas plásticas, mas no uso que as pessoas fazem delas. “Se as sacolas plásticas utilizadas forem encaminhadas aos galpões de reciclagem, podem virar novos sacos, tampas e até lixeiras. Se forem jogadas em arroios ou esgotos gerarão muitos resíduos”, explicou.

Conforme informação da Smam, Porto Alegre produz cerca de mil toneladas de lixo por dia e apenas 200 toneladas são recicladas. Para Alessandra, a redução do número de sacolas deve ser a meta das empresas e dos setores envolvidos com o meio ambiente “As bolsas de pano devem ser mais aproveitadas no comércio e no dia-a-dia”, sugeriu. O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, informou que são fabricadas pelos supermercados cerca de 1,5 bilhão de sacolas plásticas por ano. No entanto, diversos cursos de qualificação e conscientização têm sido aplicados pelos estabelecimentos como forma de garantir a reutilização do produto. “Muitas lojas já pagam cerca de 5% da energia elétrica com a reciclagem. Existem mais de 37 formas de reúso do plástico, e os consumidores precisam aprender a manuseá-lo”, frisou.

Reciclagem

Defensor dos plásticos por sua praticidade, Francisco de Assis Esmeraldo Filho, do Instituto Socioambiental dos Plásticos – Plastivida -, reiterou que a maior vantagem do produto é a possibilidade de ser 100% reciclável. Segundo ele, para ampliar a prática é preciso aumentar o alcance das pessoas ao processo de coleta seletiva. “A embalagem plástica não pode ser vista como nociva. Ela protege os produtos, garante a segurança alimentar, evita contaminação, transmissão de doenças, proliferação de insetos e roedores”, argumentou.

A reciclagem do plástico permite a conversão de resíduos plásticos pós-industriais ou pós-consumo em grânulos que podem ser reutilizados na fabricação de outros produtos, como sacos de lixo, solados, pisos, conduítes, mangueiras, componentes de automóveis, fibras e embalagens não-alimentícias. Ao finalizar os trabalhos, o vereador Bernardino Vendruscolo (PMDB) parabenizou os debatedores e propôs que novos fóruns de discussão sejam realizados em Porto Alegre antes do plenário votar o projeto de lei sobre a reciclagem das sacolas plásticas.

Entre as entidades presentes ao evento estavam o Sindicato das Indústrias de Papel (Sinpasul), Sindicato das Indústrias de Material Plástico do RS (Sinplast), Rede de Supermercados Wall-Mart, Secretaria Administrativa de Recursos Humanos do Estado, Escola Estadual Rafaela Remião, Colégio Marechal Floriano Peixoto, Petroquímica Braskem, Metroplan, Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Celulose Irani SA, Fórum de Defesa do Consumidor e a Usina Verde - Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos Urbanos com Geração de Energia. Os vereadores Adeli Sell (PT), Beto Moesch (PP) e Sofia Cavedon (PT) também participaram do seminário.

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

Ouça:
Supermercados podem cobrar por sacolas plásticas
Seminário discute uso de sacolas plásticas no varejo